28º Congresso Movergs confirma retomada da economia nacional, mas política é incógnita

Mote deste ano abordou ‘É a informação que transforma o comum em extraordinário’

Publicado em 6 de julho de 2018 | 10:02 |Por:

As informações apresentadas durante o 28º Congresso Movergs nesta quinta-feira, 05 de julho, em Bento Gonçalves (RS), proporcionaram momentos de reflexão aos mais de 300 participantes, mas não apenas relacionadas ao setor moveleiro, como também de forma mais ampla quanto ao momento econômico e político do país.

O presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), Volnei Benini, ressaltou que o evento deste ano foi pensado para garantir informações que contribuam efetivamente com os empresários, para que retornem às suas empresas com subsídios relevantes para a tomada de decisões. Benini destacou que não há como dissociar os cenários econômicos e políticos em se tratando do setor empresarial, visto que refletem diretamente no cotidiano.

“Em breve, teremos as eleições, portanto não esqueçamos que renovar é preciso e essa renovação demanda por políticos íntegros, pessoas de caráter, que estejam dispostos a realmente desempenhar o seu papel. Políticos que saibam gerir o dinheiro público de forma séria e justa, o que refletirá diretamente na sustentabilidade de nossas empresas e dos nossos negócios”, enfatizou

Mercado nacional de móveis

A primeira palestra do dia foi do economista e diretor do Iemi Inteligência de Mercado, Marcelo Prado, que tratou do mercado brasileiro de móveis no pós-crise. De acordo com Prado, existem enormes oportunidades internamente sem a necessidade de buscar opções no exterior.

Os dados apresentados por Prado mostram que em 2017, mesmo durante um ano difícil, o brasileiro gastou R$ 83 bilhões em colchões e móveis no varejo brasileiro, enquanto a produção da indústria local atingiu R$ 62 bilhões. Em 2018, a estimativa do varejo é de alta de 4,5% em volumes e 12,3% em valores nominais. O economista também trouxe informações sobre as oportunidades do setor imobiliário, que mesmo com a queda de 40% de 2013 para 2016, mostrou que até 2025 serão entregues 10 milhões de novos imóveis, uma grande oportunidade para o setor moveleiro, com destaque para a região Nordeste, seguida pelo Sudeste e Sul do país.

Quanto ao futuro, Prado mostrou que a estimativa, até 2022, é de expansão de 15,4% na produção de móveis e colchões, sendo 2,9% ao ano em média. “A informação, o design e a atuação nas lojas agregarão o algo mais ao produto, visto que o consumidor está cada vez mais exigente. A informação só tem o poder de transformar quando bem gerida dentro da empresa. Qualquer plano estratégico produzirá resultados efetivos, se houver uma boa gestão da informação”, concluiu Prado.

Cenário econômico e perspectivas para o Brasil

O economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), André Nunes de Nunes, versou sobre o cenário econômico e as perspectivas para o Brasil. Nunes confirmou o fim da recessão e destacou que 2018 apresenta a maior sequência de altas desde 2013. “Estamos vivendo a retomada mais lenta da história, sendo que em 2021 o Produto Interno Bruto (PIB) da indústria ainda não retomará o pico de 2013. A lentidão é ainda maior para o PIB per capita, sendo atingido apenas em 2023. “É uma década perdida. A boa notícia é que o pior já passou e estamos num processo de retomada”.

Divulgação Movergs

Congresso Movergs

O 28º Congresso Movergs contou com o patrocínio do Banrisul e BNDES e o apoio da Fiergs

Os fatores que sustentam a retomada da economia, de acordo com Nunes, é o consumo das famílias brasileiras, consumo maior do que o PIB, graças a uma inflação controlada, principalmente por uma inflação de serviços com queda substancial. “A queda da inflação abre espaço para cortes de juros e a previsão da Selic para 2018 é de 6,50% enquanto em 2019 de 8,0%”. Nunes também enfatizou a burocracia como um dos entraves para o desenvolvimento econômico, assim como a precária infraestrutura logística e questionou: “Como vamos competir na indústria 4.0 se não completamos o ciclo da 3.0?”

Os desafios para o próximo Governo Federal, do ponto de vista econômico, passam pela necessidade de administrar a trajetória explosiva do gasto, o anúncio de reformas para melhorar o ambiente de negócios, o investimento em infraestrutura. “A reforma da previdência deverá ser o primeiro passo”, pontuou.

Em se tratando do cenário político eleitoral, Nunes comentou que nesse momento é impossível prever o resultado das eleições e o discurso do vencedor, durante a campanha, será importante para estimar a duração do ciclo econômico.

A operação varejo e multicanal

O presidente do Grupo Lebes, Otelmo Drebes, que comanda oito empresas nos segmentos de varejo, eletromóveis, moda e logística e conta atualmente com 160 filiais nas principais cidades do Rio Grande do Sul e sul de Santa Catarina, também marcou presença no 28º Congresso Movergs.

Drebes destacou que o grupo utiliza mais de 170 indicadores de desempenho, o que permitiu registrar cerca de R$ 1 bilhão em faturamento em 2017 com 57% de crescimento no resultado líquido da empresa. “Reduzimos a inadimplência em mais de 20%, oportunizando às pessoas condições especiais para que pudessem colocar sua vida em dia, com redução ou até mesmo a não cobrança de juros e estendendo prazos”.

Produção de móveis cai em maio

O empresário também destacou as mais de 70 mil horas de treinamento de todas as formas, online, presencial, com consultores ou professores, e 20 mil horas de treinamentos para um grupo de desenvolvimento de executivos formado há 10 anos. “Buscamos trabalhar com um propósito, que é facilitar o acesso das pessoas aos seus sonhos. E, hoje, o cliente quer comprar e não importa de onde o produto vem”, pontuou.

Para o futuro, a Lebes se prepara com o apoio das tecnologias, mas também com o apoio da gestão, com uma governança corporativa clara, organizada, estruturada. “Trabalhamos com foco e resultado, na parceria ganha-ganha. Se o segmento não ganhar, não há futuro, portanto, acreditamos na transparência para um relacionamento de futuro”.

Conjuntura econômica brasileira

O jornalista William Waack abordou o cenário político do país e enfatizou que o brasileiro atualmente vivencia sentimentos de raiva e indignação, assim como a demanda por rompimento do que está aí, além da perda de confiança do sistema político e de governo. “O sistema faliu. Há uma crise de representatividade brasileira”. Sobre a Lava Jato, Waack enfatizou que há um Brasil antes e depois das investigações, que trouxeram dos porões algo que o brasileiro tentava negar, mas que existia.

Waack falou com preocupação do peso da crise fiscal e se ela não for atacada será impossível o crescimento do país. “Se alguém negar isso, desconfie. Se um candidato disser que não existe crise fiscal, ele é um farsante, pois essa crise está nos esmagando e a solução precisa vir do setor político”. Para outubro, Waack revela que a eleição está aberta, com um provável choque de dois rompedores no segundo turno. “A partir de janeiro há uma certa previsibilidade, pois seja qual for o segundo turno, o próximo presidente começa a pedalar em fevereiro, pois não é possível atender o teto de gastos. Não tem como atacar o gasto público sem uma série de reformas”, avisou.

Formação de equipes

Rodrigo Pimentel encerrou o dia do 28º Congresso Movergs por meio do tema ‘Construindo tropas de elite’, uma palestra motivacional e que provocou boas gargalhadas. Em 2006, Pimentel saiu do Bope e foi trabalhar no banco Santander e durante esse período escreveu 70 histórias de experiências no Batalhão. Foi então que percebeu ter um roteiro de filme.

Pimentel contou a história de como o filme Tropa de Elite foi concebido, o funcionamento e alguns casos envolvendo o Bope do Rio de Janeiro. Durante a palestra Pimentel apresentou frases de impacto e de motivação, entre elas: ‘O possível qualquer um é capaz de fazer’, ‘O indivíduo perde sua identidade para poder renascer no grupo’, ‘Pensar fora do quadrado’, ‘Ser caveira é aceitar desafios’. Ressaltou a importância do reconhecimento profissional, não apenas de forma financeira, mas também em gestos e palavras e sugeriu que os empresários criem um lema para suas equipes, a exemplo do Bope ‘Vá e vença’.

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