Tecnologia e conectividade mudam consumidor e deixam empresários em alerta

De acordo com pesquisa da ComTech Kantar Worldpanel, o uso de smartphones no Brasil vem praticamente aumentando desde 2012, mostrando a mudança de perfil do consumidor

Publicado em 2 de novembro de 2018 | 08:00 |Por: Luis Antonio Hangai

A tecnologia e conectividade não aumenta apenas os campos de atuação das empresas, mas também servem como amplificadores na voz do cliente e alongam as possibilidades de consumo deste. Pensando nisso, o especialista em tendências de comportamento e consumo e pesquisa de mercado, Rodrigo dos Reis afirma que atualmente as pessoas estão mais dispostas a comprar em sites internacionais ou de outros estados se estes oferecerem um produto que esteja mais de acordo com as suas necessidades.

“As pessoas estão dispostas a comprar em sites internacionais e esperar três meses o produto chegar. O cliente sempre achará alguma alternativa em relação ao mercado mais comum, às grandes redes de lojas”, completa o especialista.

Divulgação Renata D'Almeida

Tecnologia e conectividade

Especialista em tendências de comportamento e consumo e pesquisa de mercado, Rodrigo dos Reis

Segundo pesquisa realizada pela ComTech Kantar Worldpanel, a penetração de smartphones no Brasil em 2012 era de apenas 6%. Deste então este número vem praticamente dobrando todos os anos, com 12% em 2013, 27% em 2014 chegando a 49% da população brasileira em 2015, salientando a mudança de perfil do consumidor que utiliza do artifício da tecnologia e conectividade.

Em linhas gerais, isso quer dizer que cada vez mais as pessoas estão conectadas, cada vez mais o consumidor tem mais acesso à informação e comparação de produtos, e, com isso, faz escolhas mais conscientes a partir da percepção do que é mais vantajoso para ele. O consumidor atual não leva mais em conta somente qualidade e durabilidade do produto, mas também valores e ações da marca, experiência da compra e até que ponto tal produto ou serviço está de acordo com suas necessidades ou pode ser customizado para encaixar no que ele precisa.

Divulgação Kantar

Tecnologia e conectividade

Executivo de contas sênior da Kantar Worldpanel, Vitor Henrique dos Santos

Por outro lado, na mesma medida em que existem cada vez mais opções, o consumidor também desenvolve perfis e referenciais diferentes para cada uma de suas necessidades.

Segundo o executivo de contas sênior da Kantar Worldpanel, Vitor Henrique dos Santos, o consumidor está fazendo escolhas díspares para produtos diferentes e o empresário prestador de um serviço deve tentar entender como essas escolhas estão sendo feitas.

Santos também comenta que a tecnologia e conectividade também se aliam a atual crise, o que faz o usuário a pensar mais antes de comprar.

“Quando o consumidor passa a conviver melhor com esses malabarismos e aprende a fazer escolhas racionais, ele leva isso para a vida. Ele vai cada vez mais questionar as coisas que está comprando e o porquê daquilo. Inovação sem benefícios não entra no carrinho” analisa.

Segundo Rodrigo dos Reis, não é mais uma questão sobre quem é este consumidor. Uma estratégia mais eficaz, atualmente, é pensar quais os fatores que estão afetando a forma das pessoas consumirem. “O produto sempre tem importância, mas a visão do todo, da experiência, do que está sendo ofertado, é mais importante do que a manifestação pública desse produto ou serviço, até porque essa relação com o digital, das novas gerações em particular, está afetando muito a nossa ideia do que é a posse”, explica.

Solução para cada negócio

O head de consultoria da GS&AGR, Alexandre Van Beeck, concorda que os perfis de compra estão bastante misturados dentro de cada consumidor, porém, afirma que sempre haverá um comportamento comum para cada necessidade.

Divulgação GS&AGR

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Head de consultoria da GS&AGR, Alexandre Van Beeck

“Eu mesmo tenho dezenas de perfis de compras diferentes, dezenas de motivações de compras diferentes, mas, por exemplo, dentro de uma loja de conveniência, sei o que quero resolver ali, quer seja comprar um pão, quero resolver rápido enquanto abasteço o carro.

O empresário tem que olhar para o próprio negócio e ver como o consumidor se comporta dentro dele. O que o consumidor busca? Lifestile, performance, moda, status? O que ele quer? E a partir disso traduzir e desenvolver uma solução para ele”, comenta.

Van Beeck ainda comenta que muito tem se falado em Omnichannel, da experiência de compra em diferentes canais, mas percebe que muitas vezes a maior dificuldade dos empresários, na verdade é enxergar como isso se encaixa no próprio negócio.

Segundo ele, existe atualmente uma oportunidade cada vez maior para prestadores de serviço em aproveitar esse tipo de integração digital que leva consigo os termos de tecnologia e conectividade.

“Não precisa criar novos canais, mas o WhatsApp é uma ferramenta muito fácil e muito forte de relacionamento e está na mão de todo mundo. Quando se fala de prestadores de serviços como marceneiros, por exemplo, se consegue criar e fortalecer a clientela a partir do relacionamento e, hoje, tanto por redes sociais quanto por troca de mensagens, eles conseguem com o mínimo de estrutura criar um relacionamento e mostrar o seu serviço”, indica Van Beeck.

– Suprir demanda de móveis multifuncionais não atendida em forma de desafio

Já Rodrigo dos Reis enxerga um nicho não atendido na marcenaria que se aproxime da alfaiataria. “Vejo muito o empresário com a história de querer fazer um móvel que atenda a todo mundo e acaba não acertando ninguém. Então para o pequeno empresário é mais importante que se especialize. São vários recortes possíveis para se especializar, como modulares, multifuncionais, etc., que são uma demanda crescente, considerando o tamanho dos novos empreendimentos imobiliários nas grandes cidades brasileiras”, conclui.

Reportagem originalmente publicada na edição 99 da Móbile Sob Medida.

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