Os impactos da paralisação dos caminhoneiros no comércio varejista

Segundo o Índice Cielo do Varejo Ampliado, greve causou queda de 19% nas receitas do segmento de móveis e eletrodomésticos no último fim de semana

Publicado em 30 de maio de 2018 | 17:31 |Por: Luis Antonio Hangai

A paralisação dos caminhoneiros se aproxima de completar duas semanas de duração atingindo vários segmentos produtivos e comerciais. Um dos maios afetados é o varejo, que vem sofrendo nos últimos dias com impossibilidade de receber e distribuir mercadorias. Diversos indicadores apontam que maio deste ano será de queda nas vendas. Além disso, os próximos meses não estão livres das influências da paralisação.

O Índice Cielo do Varejo Ampliado revela como o desabastecimento afetou os hábitos de consumo da população brasileira. O levantamento se refere aos dias 23 e 25 de maio, quando a paralisação dos caminhoneiros passou a afetar mais diretamente a reposição de produtos em todo o país. A queda da receita do setor de móveis e eletrodomésticos, segundo a pesquisa, foi de 19% no comparativo entre a última quinta-feira (24) e a quinta-feira da semana anterior (17). Quanto ao segmento de materiais de construção, o recuo foi de 16%.

“O indicador nos evidencia que a população brasileira tem se preocupado com itens de necessidade básica”, comentou o diretor da área de inteligência da Cielo, Gabriel Mariotto.

Entidades do setor moveleiro se manifestam sobre a greve dos caminhoneiros

Já segundo os cálculos da Confederação Nacional do Comércio (CNC), a paralisação dos caminhoneiros deve provavelmente reduzir as vendas no varejo como um todo até o fim do ano. A entidade revisou a expectativa no volume de vendas do setor varejista em 2018 de 5,4% para 4,7%.

Caminhoneiros paralisam a BR-040 , em Valparaíso de GO durante manifestação contra o aumento de combustíveis.

A empresa especializada em software de gestão Linx apontou que no último fim de semana (dias 26 e 27 de maio), em comparação com o sábado e domingo anteriores, as vendas no varejo tiveram uma abrupta queda 38% por conta da greve dos caminhoneiros. A análise foi baseada na emissão de nota fiscal eletrônica (NFC-e) dentre os segmentos em que a empresa atua. O setor de shopping centers, isoladamente, teve baixa de 25%. Em São Paulo, as vendas diminuíram 42%, índice maior do que a média nacional, e no Rio de Janeiro, 26%.

Greve dos caminhoneiros afeta setor de bens de capital mecânicos

Em Minas Gerais, conforme um levantamento realizado pela Fecomércio-MG, o prejuízo no comércio varejista já acumula R$ 470 milhões no estado. Conforme nota expedida pela federação, a nível nacional as perdas chegam a R$ 5,4 bilhões ao dia. Os problemas destacados foram o baixo fluxo de clientes/vendas, em 67% dos casos, falta de estoques (40%), ausência de insumos para o funcionamento da loja (16%), ausência de funcionários (10%) e atraso dos empregados (3%).

A paralisação dos caminhoneiros também refletiu no teor das reclamações de consumidores. Segundo Reclame Aqui, de 22 a 27 de maio foram registradas cerca de 1.080 queixas relacionadas à greve, sobretudo nos segmentos de lojas virtuais, companhias aéreas e lojas de viagens. O site analisou diversos termos como “greve”, “caminhoneiros”, “caminhões”, “postos” e “combustíveis” e cruzou os dados para chegar ao volume de reclamações. Um dos setores que mais tiveram reflexo foi o de e-commerce, que representou 14% de todas as queixas, sendo o principal problema apontado o atraso de entrega.

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