Lojista 397
50 Móbile Lojista 397 | Abril 2023 | Ano XLII OPINIÃO Por: Luis Henrique Roman roman@uptreinamentos.com.br U m final de tarde agradável de setembro e parceiros varejistas acertando os últimos detalhes para um evento que aconteceria dias depois. Aluguel de som, parceiros para prover alimentação no local e dentre tantas perguntas, eis que surge a mais curiosa de todas: e para as crianças, vamos criar um ambiente? Não – responde o participante – criança não compra. O silêncio se fez presente por alguns segundos no local e ninguém retrucou aquele “comando” direto e impositivo. A inquietação era visível entre parte dos presentes até que alguém, minutos depois, retrucou dizendo: criança não compra, mas tem o poder da birra e se resolver sair, com certeza os pais irão juntos. A conversa continuou por algum tempo com opiniões diversas sobre o tema, mas a decisão já estava tomada e não permitia volta (percebeu- se depois o ato falho cometido). Crianças têm poder e domínio sobre grande parte dos pais. Não estamos falando em submissão, mas, em muitas vezes, o constrangimento faz com que o processo de compra seja acelerado ou adiado quando a criança se sente entediada no local, talvez por isso muitas empresas adaptem espaços para que elas fiquem acomodadas com tranquilidade e permitam aos pais mais tempo e liberdade durante a compra. Comumente são ambientes alegres com desenhos e canetinhas, brinquedos pedagógicos, filmes e séries infantis e até mesmo um “suco de caixinha” que deixa tudo mais saboroso. Em situações mais robustas, cama elástica e piscina de bolinha, que proporcionam uma experiência que será completada com balões e pirulitos. Estruturas à parte, precisamos sempre nos lembrar dos influenciadores indiretos e como o seu comportamento pode favorecer – ou não – a compra. Toda mãe e pai Criança não compra sabe que filhos pequenos exigem adaptações na rotina e optam por ambientes estruturados com o objetivo de curtir o tempo com mais tranquilidade ao mesmo tempo que proporcionam diversão às crianças e como reflexo direto, permitem que o consumo seja maior. Lembro-me de um fato curioso que vivenciei há alguns anos. No interior de São Paulo, viajando a trabalho, fui ao supermercado garantir alguns suprimentos importantes e, quando cheguei ao local me deparei com um ambiente composto por poltronas confortáveis e uma enorme televisão anexada a um bar. Nas poltronas alguns homens sentados com sua taça de vinho ou seu copo de cerveja aproveitando tranquilamente o que o espaço lhes oferecia (obviamente com uma comanda de consumo no centro da mesa). Ao final das compras perguntei ao caixa o que era aquele ambiente, sorrindo, ele me respondeu: aquele é o sossega marido, criamos este espaço para que eles deixem suas esposas confortáveis para encher o carrinho! Ambientes desenvolvidos com o objetivo de criar experiências aos “não compradores” é uma estratégia antiga de negócio, porém, pouco utilizada ainda. Não sei se pela falta de visão ou simplesmente porque o varejo não consegue observar o processo de compra com maior atenção e sem julgamento. Um pensamento extremamente equivocado!
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