Móbile Lojista #402

10 Móbile Lojista 402 | Setembro 2023 | Ano XLII Em alta Confiança do consumidor atinge o maior nível desde 2014, período imediatamente anterior ao início da recessão econômica daquele ano Por: Júlia Magalhães BALANÇO DE MERCADO Consumidores confiantes são sinal positivo para a economia AdobeStock O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) do FGV IBRE continua sua trajetória de avanço pelo quarto mês consecutivo, registrando um aumento de 2,0 pontos em agosto, atingindo 96,8 pontos. Esse é o nível mais elevado desde fevereiro de 2014, quando alcançou 97,0 pontos. No cenário das médias móveis trimestrais, o índice apresentou um aumento de 2,9 pontos, marcando a quinta alta consecutiva e chegando a 94,6 pontos. A economista do FGV IBRE, Anna Carolina Gouveia, ressaltou que “o resultado de agosto foi influenciado principalmente pela melhora da percepção dos consumidores sobre a situação atual e de expectativas ligeiramente mais otimistas em relação aos próximos meses.” Ela também observou que esses resultados favoráveis refletem a continuidade da recuperação do quadro macroeconômico, a resiliência do mercado de trabalho e o início de programas voltados para a quitação de dívidas. Gouveia expressou a expectativa de que a confiança do consumidor possa retornar ao nível neutro de 100 pontos nos próximos meses, algo que não ocorre desde o fim de 2013. No mês de agosto, a alta do ICC foi impulsionada principalmente pela melhora da percepção em relação à situação atual. O Índice de Situação Atual (ISA) subiu 4,6 pontos, alcançando 81,4 pontos, o nível mais alto desde janeiro de 2015 (81,6 pontos), enquanto o Índice de Expectativas (IE) permaneceu relativamente estável, com uma variação de apenas 0,2 ponto, atingindo 107,6 pontos após três altas consecutivas. EXPECTATIVAS EM ALTA No que diz respeito às expectativas dos consumidores para os próximos meses, o indicador que mede o ímpeto de compras de bens duráveis subiu 6,3 pontos, atingindo 98,6 pontos, o nível mais alto desde maio de 2014 (99,7 pontos). O FGV IBRE sugere que isso possa estar relacionado à perspectiva de melhoria nas finanças das famílias, uma vez que o indicador relacionado cresceu 2,6 pontos, atingindo 107,6 pontos, o maior nível desde janeiro de 2019 (108,7 pontos). Apenas o indicador que mede as expectativas sobre a situação econômica local recuou 8,2 pontos em agosto, atingindo 115,7 pontos, em um movimento de calibragem do otimismo após três meses de altas consecutivas. No mês de agosto, foi notada uma tendência de aumento da confiança em todas as faixas de renda, todas elas registrando níveis acima de 90 pontos. Essa situação não era observada desde fevereiro de 2019. No entanto, as famílias de menor poder aquisitivo (até R$ 2.100) foram as únicas a indicar uma redução do otimismo. CONFIANÇA DO COMÉRCIO TAMBÉM ESTÁ ELEVADA O Índice de Confiança do Comércio (ICOM) do FGV IBRE também apresentou crescimento em agosto, com um aumento de 2,2 pontos, atingindo 93,8 pontos e recuperando parte da queda de 2,6 pontos em julho. Nas médias móveis trimestrais, também houve um aumento de 2,2 pontos, marcando o quinto resultado positivo consecutivo nessa métrica. Segundo o economista do FGV IBRE, Rodolpho Tobler, esse aumento foi influenciado por uma melhora nas perspectivas dos empresários em relação aos próximos meses. Ele ressaltou, no entanto, a necessidade de cautela devido à demanda ainda fraca no momento. Tobler também destacou que o cenário macroeconômico, com desaceleração da inflação, perspectivas de redução na taxa de juros e medidas para redução do endividamento, deve contribuir para a melhoria da atividade do setor nos próximos meses, desde que a recuperação do mercado de trabalho seja sustentável. CONJUNTURA Os dados de agosto mostram que a Confiança do Consumidor supera a Confiança Empresarial pelo segundo mês consecutivo. Isso se deve ao bom momento do mercado de trabalho e à recente desaceleração da inflação, que influenciam positivamente a confiança do consumidor. Por outro lado, as empresas demonstram maior cautela em relação ao cenário econômico atual.

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