Lojista #406

11 Móbile Lojista 406 | Março 2024 | Ano XLII A economista do FGV IBRE, Geórgia Veloso, comenta que a confiança do comércio sofreu uma queda em fevereiro, afetada principalmente pela revisão das expectativas para os meses seguintes, que se mostraram negativas em cinco dos seis principais segmentos. Entretanto, a diminuição do pessimismo nas avaliações sobre o momento atual indica um cenário levemente mais otimista, evidenciado pelos resultados favoráveis em termos de volume de demanda atual. “Para assegurar a continuidade da recuperação indicada pelo ISA-COM nos próximos meses, é fundamental a manutenção do progresso no mercado de trabalho e a redução do endividamento das famílias, fatores estes que influenciam diretamente o consumo e que ainda instigam incertezas, impactando as expectativas.” Contrastando com a queda geral no índice de confiança, o Índice de Situação Atual (ISA-COM) apresentou um avanço significativo de 3,4 pontos, chegando a 93,3 pontos. Este aumento foi impulsionado pela melhora no indicador que mensura o volume de demanda atual, que subiu 6,3 pontos para 95,0 pontos, marcando o maior nível desde outubro de 2022, quando atingiu 97,8 pontos. As percepções sobre a situação atual dos negócios mostraram-se relativamente estáveis, com uma variação positiva de 0,4 ponto, para 91,7 pontos. INADIMPLÊNCIA PREOCUPA Dados divulgados pelo Serasa revelam que, em janeiro, o Brasil contava com 72 milhões de consumidores inadimplentes. Esse patamar elevado de inadimplência pode ser atribuído a diversas causas, entre as quais se destacam a inflação e o desemprego, fatores historicamente reconhecidos por sua influência direta na capacidade de pagamento dos consumidores. Para contextualizar, antes da pandemia, no final de 2019, o número de consumidores inadimplentes estava em 63,3 milhões. Esse número aumentou para 65,9 milhões em abril de 2020, mas, graças a um pacote de medidas emergenciais implementadas pelo governo, reduziu-se para 61,4 milhões até o final daquele ano. No início de 2021, o número de inadimplentes manteve-se próximo a 62 milhões. Entretanto, a partir de setembro de 2021, iniciou- se um ciclo de aumento contínuo, culminando em 72 milhões de inadimplentes em maio de 2022, o maior nível registrado pelo Serasa desde o início da série histórica em 2016. Esse panorama sublinha a complexa interação entre fatores econômicos, como inflação e políticas de juros, e seus efeitos sobre a inadimplência, evidenciando o desafio contínuo de gerenciar essas variáveis para mitigar o impacto no bem-estar financeiro dos consumidores. PROJEÇÕES BAIXAS As vendas de varejo para o período março-maio de 2024 continuam muito desaquecidas. De fato, no conceito varejo restrito, que exclui veículos e material de construção, a previsão Ibevar – Fia Business School é de uma queda de 0,5%. Entretanto, no conceito de varejo ampliado a queda é bem mais pronunciada, ou seja, 3,1%. Conforme salienta o presidente do IBEVAR e professor da FIA Business School, Claudio Felisoni de Angelo: “os efeitos contracionistas não são apenas significativos, mas estão presentes de modo espalhado, ou seja, em praticamente todos os segmentos que compõem o varejo nacional”. VAREJO MOVELEIRO No contexto atual, o varejo moveleiro enfrenta desafios significativos devido ao declínio na confiança do consumidor e ao alto endividamento das famílias, que limitam as compras de maior valor, como móveis. Contudo, a redução na incerteza econômica e melhorias no mercado de trabalho apresentam uma janela de oportunidade. As empresas do setor podem aproveitar esse cenário ao oferecer condições de pagamento flexíveis e focar em estratégias de marketing que ressaltem o valor e a durabilidade dos produtos. Além disso, a adaptação aos novos hábitos de consumo, como a preferência por compras on-line e a demanda por móveis multifuncionais para lares com espaços reduzidos, pode abrir novos caminhos para o crescimento no segmento. Em resumo, a resiliência e a capacidade de adaptação serão essenciais para que o varejo moveleiro aproveite as oportunidades atuais, superando os desafios impostos pelo atual contexto econômico.

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