A importância do omnichannel no varejo de móveis
Tecnologia reforça jornada de compra, integrando ferramentas digitais e a experiência física das lojas tradicionais
Publicado em 2 de julho de 2018 | 17:14 |Por: Luis Antonio Hangai
A mudança do comportamento do consumidor e a quantidade de informações a que hoje ele tem acesso desafiam indústrias e lojistas a se preocuparem com a melhor exposição de produtos tanto no estabelecimento físico quanto no e-commerce. No caso do setor moveleiro, no qual a experiência sensorial no momento da aquisição é praticamente imprescindível, é importante que o universo digital permita uma boa experiência no início da jornada de compra e conduza ao consumo da mercadoria. Uma ferramenta que vem sendo muito explorada neste sentido é o omnichannel no varejo de móveis.
– Omnichannel e Magazine Luiza são destaques em evento em São Paulo
As expressões omni (oriunda do latim, que designa “tudo”) e channel (“canal”, em inglês) traduzem a tendência das empresas em apresentarem seus produtos nas múltiplas plataformas exploradas pelo consumidor, sejam elas físicas ou digitais. Consiste na convergência de todos os canais utilizados por uma empresa e a oferta de mais possibilidades de comunicação e interação com a marca, além de opções ao comprador.
Apesar da facilidade em comprar produtos pela internet, 97% dos consumidores ainda optam pelo varejo físico, de acordo com levantamento da Nielsen. Entretanto, pesquisas da Deloitte e do Google apontam que 71% dos consumidores buscam informações na web antes de visitar uma loja física.
Esse cenário representa uma oportunidade para que as empresas sejam os direcionadores da nova jornada de seus clientes, entendendo que a venda começa cada vez mais no canal digital, ainda que seja concluída na loja física. O omnichannel no varejo de móveis vem se tornando, assim, uma solução para integrar a pesquisa prévia e a experimentação visual de mobiliário.
De acordo com a Linx, companhia especializada em softwares de gestão para o varejo, na última década o hábito de consumo das pessoas mudou drasticamente. Para a diretora de omnicanalidade da empresa, Renata Malagoli, o e-commerce não trouxe apenas a possibilidade de comprar qualquer tipo de produto com alguns cliques e recebê-lo em casa, mas também abriu caminho para novas formas de pesquisa e acesso à informação.
“É aí que entra em cena o protagonista da nova jornada do consumidor: o conceito omnichannel. Com esse processo, varejistas podem deixar de ter imprevistos como falta de estoque e baixo fluxo nas lojas, por exemplo. Atualmente, marcas já permitem que o consumidor compre pela internet e retire o produto na unidade mais próxima, de modo que o ponto de venda funcione também como um centro de distribuição. Esse novo modelo de negócio faz com que lojistas tenham ganhos operacionais significativos, como a diminuição dos custos logísticos, otimização tributária e fiscal, giro de estoque, entre outros benefícios”, diz Renata.
Como aponta a diretora, a interação das marcas com este novo consumidor, melhor subsidiado em termos de informação, exige também uma nova dinâmica nos processos internos de gestão das lojas:
“O segredo para o sucesso de uma estratégia omnichannel no varejo de móveis está em resolver alguns temas importantes: tecnologia e integrações de sistemas, desenho de processos e regras de negócio, estruturação das lojas físicas e online em seus novos papéis e principalmente alinhamento estratégico e governança corporativa. É importante lembrar que essa jornada não é linear e envolve diversos canais, como lojas físicas próprias ou franquias, e-commerce, redes sociais e diferentes dispositivos, como smartphones e tablets”.
Omnichannel no varejo de móveis da Via Varejo
A Via Varejo é uma das grandes redes nacionais que vem inovando no uso de omnichannel no varejo de móveis. Em janeiro de 2018 o grupo deu início a uma modelo “disruptivo” na apresentação de mobiliário em seus pontos de venda. A unidade da Ponto Frio no Shopping Vila Olímpia, em São Paulo, deu um passo além na integração das tecnologias digitais e lojas físicas, proporcionando aos seus clientes a “degustação” de mobílias com uso de óculos de realidade virtual.
Trata-se de um projeto piloto que ganhou repercussão e foi ampliado para, atualmente, 25 lojas de diversas marcas da Via Varejo (73% localizadas na região Sudeste, 14% no Sul, 9% no Nordeste e 4% no Centro-Oeste). A experiência consiste em o cliente vestir os óculos para entrar num ambiente mobiliado e interagir visualmente com ele, bem como simular os movimentos da mão e manusear os objetos virtuais, abrir portas e gavetas, com o uso de um controle manual. A tecnologia é conectada a um computador e permite a modificação das propriedades do produto conforme a necessidade do comprador, que é orientado pelo vendedor.
Segundo o gerente de novos negócios e operações da Via Varejo, Fabio Araújo, que também participou da concepção da realidade virtual aplicada aos móveis, este é um exemplo de que barreiras entre físico e digital estão caindo a passando a coexistir numa experiência única.
“Isto está vinculado à experiência de compra, especialmente em lojas menores onde não conseguimos expor fisicamente todos os móveis em catálogo. A realidade virtual promove uma melhor escolha do produto sem que este esteja necessariamente na loja. O recurso vem apresentando inúmeros benefícios que agregam na experiência de compra como um todo, pois favorece o encantamento com a marca e possibilita uma experiência interativa. Além disso os próprios vendedores percebem o valor da tecnologia, que os ajuda a vender mais e se relacionar melhor com o cliente”, diz Araújo.