Como melhorar o plano de corte na marcenaria
Especialistas dão dicas de como aprimorar o processo na sua empresa com uso de ferramentas digitais
Publicado em 1 de outubro de 2018 | 17:54 |Por: Luis Antonio Hangai
O plano de corte é uma das etapas fundamentais na concepção de qualquer projeto de mobiliário. Não apenas porque dimensionar as peças e distribuí-las esquematicamente na chapa de madeira precede a construção do móvel em si, mas também porque este processo é o que permite a marcenaria, logo no começo de qualquer trabalho, otimizar a produtividade e evitar o desperdício de tempo, dinheiro e recursos até o momento da conclusão da mercadoria.
Um plano de corte nada mais é do que projetar as peças necessárias para a fabricação de um móvel, dimensioná-las, dividi-las e situar cada uma delas dentro dos painéis de madeira de forma a obter o melhor aproveitamento do material. Tudo – como o próprio conceito sugere – antes de operar o corte ou enviar o projeto para uma seccionadora automática. Muitas marcenarias ainda criam estes esboços manualmente, fazendo as marcações em papéis com auxílio de calculadoras.
– Aplicativo para marcenaria da Duratex lança função “Plano de Corte”
Contudo, é crescente a inserção de softwares e aplicativos no contexto marceneiro que aceleram o conferem maior segurança aos planos de corte. Afinal, com poucos cliques essas ferramentas criam automaticamente o mosaico das peças com o melhor aproveitamento das chapas e reduzem drasticamente as chances de equívocos nos cálculos.
Para o consultor de tecnologias em madeira e mobiliário do Senai, Nilson Violato, o emprego de recursos digitais é um dos primeiros aspectos que o marceneiro deveria se atentar para adquirir mais eficiência e segurança em seus planos de corte. Ele recomenda que as fabricantes de móveis sob medida façam investimentos nessa área ou que busquem por soluções gratuitas no mercado.
Novos trabalhos no plano de corte
De modo geral, as ferramentas digitais de plano de corte geram arquivos que podem ser enviados diretamente para uma seccionadora automática, o que agiliza o processo produtivo no interior de marcenarias com maior nível tecnológico. Mas o desenho também pode ser aproveitado e servir de guia a procedimentos manuais com serras circulares ou esquadrejadeiras.
No segundo caso, caberá ao marceneiro utilizar uma régua e fazer as marcações com lápis ou fita sobre a chapa, além de etiquetar as peças para diferenciá-las. O vídeo abaixo, do canal Oficina de Casa, apresenta dicas de como proceder neste método.
De acordo com Violato, a vantagem das ferramentas digitais não está unicamente na concepção automática e otimizada do plano de corte (o que por si só redunda em economia de tempo), mas também na elaboração de um orçamento prévio para o projeto em que já se encontram embutidas as despesas com mão de obra, energia, recursos, tributações, etc., além do mapeamento de todos os materiais que serão necessários para a construção do móvel.
“O marceneiro passa ser um gestor do projeto. Acontece que ele precisa dominar a ferramenta e fazer a parametrização, isto é, cadastrar e padronizar as peças, acessórios, chapas e demais elementos na biblioteca do software. Ele mesmo pode fazer isso, há muitos tutoriais disponíveis na internet, ou pode contratar um especialista. O papel do marceneiro não é mais desenhar o plano de corte, mas fazer sua validação, verificar se não ficou nada para trás, se o número de peças e as medidas estão corretas, ou seja, decidir estrategicamente sobre a execução do corte”.
Outro fator importante é fazer uma integração adequada entre as ferramentas de plano de corte e as de criação de modelos em 3D, como, por exemplo, o SketchUp e soluções oferecidas pela Promob e Gabster. Desta maneira é possível importar o projeto de engenharia para uma solução de plano de corte e automatizar a geração do número de peças e suas devidas dimensões.
Dicas da Corte Certo para montar um plano de corte
A Corte Certo é uma das ferramentas de plano de corte que corresponde aos tópicos mencionados acima, funcionando também como um “organizador geral” da utilização de matérias da marcenaria. Ela pode ser sincronizada com outros softwares de controle de estoques e gerar dados quanto ao uso das chapas por produto e o que sobra após a fabricação de móvel.
O diretor de marketing da empresa, Joerly Santos, concorda que hoje os marceneiros estão assumindo um trabalho de “analista de corte” e se dedicando mais a decisões estratégicas do uso dos materiais do que necessariamente fazendo o desenho ou os esboços.
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Como exemplo ele destaca a possibilidade do profissional reunir dois ou mais planos de corte diferentes para obter o melhor aproveitamento das matérias (uma chapa pode servir a fabricação de dois ou mais móveis, proporcionando rendimento de recursos e economia ao negócio). O software executa essa tarefa, mas é preciso o pensamento do marceneiro para tanto.
Santos dá outras dicas para a elaboração de um bom plano de corte em softwares desta categoria. Uma delas é quanto à espessura da serra: este dado deve ser inserido no plano de corte para acomodar o espaço da serra entre as peças. Caso isso não seja devidamente informado, poderão ocorrer desajustes nas peças e mesmo o desperdício de chapas.
“Tem também os veios da madeira. É importante configurar se a chapa é lisa ou se possui veios (madeirada). Se eu posso girar a peça no momento do cálculo e cortá-la em qualquer sentido, significa que o material é liso, tanto faz se colocar horizontal ou vertical. Se o material tem veios, ele tem que obedecer o sentido destes veios para as peças não ficarem irregulares. Quanto este tipo de configuração o marceneiro precisa estar atento”, define Santos.
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