Eleições 2018: o Brasil dos altos preços e da baixa qualidade
Fundador da Palas, consultoria em gestão da qualidade, Alexandre Pierro, comenta que a falta de planejamento para executar um plano de governo não é tendência atual
Publicado em 23 de outubro de 2018 | 18:07 |Por:
No próximo domingo, o país inteiro vai para a urna eletrônica eleger os representantes políticos que irão governar o Brasil pelos próximos quatro anos. Apesar do período eleitoral ser o momento crucial para debater ideias e planos, muito se fala sobre o histórico de corrupção e da vida pessoal dos candidatos. De acordo com o engenheiro mecânico, bacharel em física aplicada pela USP e fundador da Palas, consultoria em gestão da qualidade, Alexandre Pierro, pouco se vê sobre o plano estratégico de cada candidato em período de eleições.
A falta de planejamento para executar um plano de governo não é de hoje, infelizmente, ela é sistêmica e faz parte da história desde o Brasil Império, não só em eleições recentes, de acordo com o profissional.
“Nos primeiros séculos, logo após o descobrimento e quando ainda éramos colônia de Portugal, vivemos um momento nomeado como O Quinto. Ele era um imposto cobrado pelo governo.”
“Recebeu esse nome porque correspondia a 20%, um quinto, do metal extraído que era registrado pelas casas de fundição. Era um tributo altíssimo e os brasileiros o odiavam tanto que acabaram o apelidando de O Quinto dos Infernos”, conta.
“Se você concorda que no século XVII essa tributação era absurda, porque não estamos revoltados com o fato de hoje em dia pagarmos cerca de dois quintos de impostos em tudo o que produzimos e consumimos? A alta carga tributária é uma das principais vilãs que impedem o desenvolvimento de pequenas empresas.”
“Os empresários precisam trabalhar quatro meses por ano só para pagar impostos” complementa Pierro que ainda cita que esses profissionais estão preocupados em fechar a conta no azul e não investem em melhoria de processo e qualidade, maquinário, capacitação de pessoas.
Se não bastasse a alta tributação, as burocracias legislativas também tomam tempo e recursos das empresas. Um levantamento feito pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), aponta que uma empresa leva em média duas mil e seiscentas horas por ano para cumprir todas as práticas estaduais e federais. Se comparado com a Inglaterra, o número se torna ainda mais preocupante já que por lá a média é de cento e dezoito horas por ano.
“O maior problema que vemos hoje no Brasil é a falta de planejamento a longo prazo. Uma vez que não há planejamento e gestão de qualidade perde-se muito tempo, dinheiro, mão de obra, recursos, insumos e espaço em processos obsoletos. A dificuldade de liberação de crédito para as PMEs investirem também é outra barreira que impede o desenvolvimento”, comenta Pierro.
– Florense participa de ação de inovação na Serra Gaúcha
O fundador da Palas cita que estamos em um momento decisivo na véspera das eleições, mas com a certeza de que independente da polarização que vemos no discurso e nas redes sociais, todos querem um país mais justo, com emprego e liberdade competitiva. “Mais importante do que assumir um lado nessa ‘guerra’, temos que aproveitar as diferenças para debatermos sobre que país queremos ser nos próximos anos e, principalmente, como iremos transformar o sistema e participar da mudança daqui para frente”, finaliza.
(com informações de assessoria)