Especial Máquinas: pequenas empresas, grande produtividade
Como escolher a melhor máquina para a sua marcenaria, avaliando tipo de produção e as opções em modelos de equipamentos
Publicado em 21 de novembro de 2018 | 08:00 |Por: Luis Antonio Hangai
Segundo o diretor-comercial da Inmes, Sílvio Bianchini Neto, para o pequeno marceneiro que está começando no ramo, a importância de escolher as máquinas certas passa por uma questão financeira. “Ele precisa estar atento à sua real necessidade e ao mercado que está buscando. Não adianta querer investir em um centro de usinagem ou em máquinas de valor maior se ele não tem trabalho pra isso. Direcionando corretamente a verba que tem para investir com certeza a probabilidade de sucesso será maior”.
Para o gerente geral de vendas da América Latina da Homag, Alessandro Agnoletti, qualquer empresa que investe em tecnologia deve fazê-lo apenas depois de uma pesquisa de mercado acurada. “Para verificar qual o melhor custo beneficio, qual a melhor tecnologia, preço, durabilidade, características técnicas e assim por diante. Ninguém, especialmente nesse período de crise, pode se dar ao luxo de comprar um equipamento ou fazer um investimento errado. O mercado não perdoa mais erros estratégicos”, analisa.
E esse planejamento deve considerar um cenário de médio a longo prazo, conforme aponta o diretor-comercial da SCM Tecmatic, Jaison Carlos Scheel. Segundo ele, ao investir em um equipamento a estrutura de pós-venda do fornecedor é importante, pois esta qualidade e disponibilidade serão fatores determinantes durante a vida útil do equipamento.
“Obviamente nem sempre o equipamento mais caro é o melhor investimento, mas nunca o mais barato é a melhor escolha. Sabe aquela história sobre vinho: pode até existir um vinho caro e ruim, mas não existe um vinho bom e barato. Bem, isso vale para tecnologia também. Mas se o marceneiro se deixar levar apenas pelo preço, tem 90% de chance de fazer o investimento errado”, aponta Agnoletti.
Esquadrejadeira
Começando por uma ordem de prioridades, é fundamental, antes de tudo, que o marceneiro tenha um bom corte, por isso a esquadrejadeira deve ser a primeira escolha. Adequada para realizar cortes retos, inclinados, ângulos compostos e ranhuras com exatidão é a máquina mais flexível de uma marcenaria inicial. Centenária, já passou por diversas mudanças, atualizações e modernizações, tornando as esquadrejadeiras de varão completamente obsoletas, apesar do baixo custo.
De acordo com Bianchini Neto, da Inmes, uma esquadrejadeira de precisão tem muito mais flexibilidade, na qual é possível, por exemplo, colocar a serra em um determinado ângulo com precisão, um corte de qualidade e ter um trabalho muito mais ágil que pode chegar a 40% a mais de produtividade comparando com uma esquadrejadeira de varão. “Se você não tem um bom corte, automaticamente, a colagem da fita de borda já fica prejudicada, por isso é importante uma boa esquadrejadeira”, explica.
Seccionadora
Apesar de não serem obrigatórias em marcenarias, as seccionadoras são essenciais para quem busca mais agilidade e otimização de material. Existem diversos modelos que podem chegar a uma velocidade de corte de 45 m/min. O determina a melhor escolha é estrutura da máquina, qualidade e velocidade do corte e se a mesma possui ponto de parada, por exemplo.
“Você coloca a chapa parada e a serra é que anda. Então, se tem uma velocidade de corte maior e uma produtividade maior, mas não tem a flexibilidade que é o corte em ângulo. Se o marceneiro faz mais móveis modulares a opção é a seccionadora, se faz móveis sob medida mais especiais, aí tem que optar pela esquadrejadeira”, analisa Bianchini Neto, da Inmes.
De acordo com Agnoletti, da Homag, no caso específico da seccionadora, além da capacidade de altura de corte ou da largura da máquina, faz grande diferença velocidade de posicionamento, qualidade e velocidade de corte e otimização de corte por meio de um software eficiente. “São características ainda mais importantes”, ressalta.
Os investimentos para equipamentos voltados à produção flexível são mais indicados por Scheel, da SCM Tecmatic, para pequenas empresas. “Atualmente, existe uma tendência voltada a equipamentos computadorizados que permitam integração com software de engenharia de produtos, tais como seccionadoras com pinças e centro de Usinagem”, comenta.
Coladeira de borda
Aqui a escolha começa a ficar um pouco mais difícil. No caso das coladeiras de borda, o objetivo da marcenaria terá impacto direto na escolha da máquina mais adequada. Por exemplo, para móveis corporativos, nos quais as bordas são mais espessas e há a necessidade de cantos arredondados, será necessário um tipo de máquina. Por outro lado, se os móveis produzidos utilizam bordas mais finas e com maior repetição, será necessária uma máquina com configurações diferentes.
As palavras-chave na escolha de uma coladeira de borda são: agilidade, praticidade, flexibilidade e melhor acabamento. De acordo com Agnoletti, da Homag, a coladeira deve ser uma máquina fácil e rápida no setup, robusta para manter as regulagens e flexível para permitir ao marceneiro mudar rapidamente de fita, espessura, altura, cor de cola, entre outros. A agilidade é uma das principais vantagens que o marceneiro pode obter ao adquirir uma coladeira de borda.
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Com esta, o tempo de fabricação é reduzido drasticamente, pois uma única pessoa consegue resultados superiores ao que antes teria que ser realizado por três ou quatro pessoas manualmente. “A opção para quem está começando é uma esquadrejadeira FF 300 com uma coladeira manual IC 1000, com isso ele já tem uma marcenaria praticamente montada e consegue fazer um móvel com qualidade, talvez não na mesma velocidade de um que tenha as máquinas maiores, mas a qualidade que é o importante vai ser a mesma”, indica diretor-comercial da Inmes.
Furadeiras e centros de usinagem
Indicadas para marcenarias mais estabelecidas e com volume de produção maior, furadeiras e centros de usinagem representam grande diferencial em relação à precisão do encaixe e à qualidade final do móvel após a montagem. De todo modo, na escolha entre os tipos de furadeiras (ponto a ponto, múltipla e centro de furação) e centros de usinagem, o importante é ter pleno conhecimento e planejamento do tipo de móvel a ser fabricado.
Apesar de ambos os equipamentos serem multifuncionais, o gerente-comercial regional da Giben, Ciro Paulo Novelletto, afirma que não existe uma máquina que faça todas as funções e o marceneiro deve ter bem estabelecido qual o seu problema, se é na furação ou usinagem. Contudo, o gerente enfatiza a importância de um centro de furação em qualquer produção.
“Qualquer marcenaria, por menor que seja, tem a necessidade de um centro de furação. O corte se faz com qualquer máquina, a colagem faz até na mão, mas a furação é um complicador, pois se chega a um nível de detalhamento de medida e de precisão de furos que deve ser alcançado ou você não consegue montar o móvel, além fazer a correção de medidas quando necessário”, explica.
Em trabalhos sob medida um dos principais pontos é a flexibilidade. De acordo com o diretor da Inmes, as furadeiras múltiplas são indicadas para marcenarias com produção de móveis modulares, mais seriada, pois o tempo de regulagem e preparação para a furação pode acabar sendo muito longo.
“Se você quer produzir móveis modulares, onde realmente vai ter uma série maior, aí vale o investimento, mas depende da produção. A furadeira ponto a ponto ou um centro de usinagem já são máquinas com mais flexibilidade, sem o mesmo volume de produção. São investimentos maiores, que requerem um capital maior, então, para tirar o retorno desse investimento, precisa ter volume de trabalho”, analisa Bianchini Neto.
Por outro lado, o sócio-diretor da Rierge do Brasil, Marcelo Albuquerque, diz que este estigma dos centros de usinagens vem sendo repensado. “Nos últimos cinco ou seis anos, as máquinas nesting entraram forte no mercado brasileiro, substituindo as seccionadoras, e mesmo o pessoal das marcenarias menores olham com bons olhos esse tipo de máquina, por ser mais versátil e ganhar em tempo de produção e menos mão de obra. Mesmo os pequenos têm procurado esse tipo de equipamento”, comenta.
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Agnoletti, da Homag, diz que essas máquinas devem ser flexíveis por excelência. “Neste caso um software rápido e confiável pode muitas vezes ser mais importante que a velocidade. Meu conselho é se basear nas informações dos profissionais das empresas que produzem as máquinas e equipamentos, para saber qual máquina/modelo/marca oferece a melhor solução para o tipo de ferragem/sistema de montagem utilizado”, completa.
Reportagem originalmente publicada na edição 100 da Móbile Sob Medida