Chuva deixa lojas de móveis alagadas em São Bernardo do Campo
Rua Jurubatuba, na região central do município, concentra cerca de 80 lojas de móveis e foi uma das vias mais afetadas pelas enxurradas
Publicado em 26 de novembro de 2018 | 10:24 |Por: Luis Antonio Hangai
A chuvarada que se abateu sobre os municípios do ABC paulista na última sexta-feira (23) deixou um rastro de vítimas e prejuízos pela região, inclusive no comércio moveleiro. As ocorrências mais graves foram três falecimentos em São Bernardo dos Campos – uma avó e sua neta, mais um homem –, mas também houveram muitos estragos na região central da cidade, como a rua Jurubatuba, onde foram observadas diversas lojas de móveis alagadas.
A Rua Jurubatuba é um dos principais concentradores de ponto de vendas de móveis e decoração de São Paulo. A via abriga em torno de 80 lojas que comercializam os mais diversos produtos de mobiliários. A chuva provocou alagamentos em algumas das lojas, causando prejuízos e trabalho extra aos lojistas e funcionários do comércio. O nível da água chegou a cintura.
– Confira o potencial de consumo de móveis de São Paulo
Segundo a Prefeitura de São Bernardo do Campo, a cidade foi atingida por uma das maiores enchentes de sua história. Na região central do município, foram registrados 45 milímetros de chuva em pouco mais de uma hora. O volume foi muitas vezes superior ao previsto para ao longo de todo o dia, que era de 11 milímetros de chuva.
Confira vídeos das lojas alagadas:
A chuva foi intensa demais até mesmo para os padrões de segurança das lojas da rua Jurubatuba, que estão habituadas e eventualmente enfrentar enxurradas. A Advance Design, uma loja de grandes proporções e com três andares, protegida por um sistema de bombas de contenção, foi ainda assim uma das lojas de móveis alagadas.
A designer e vendedora Larissa Bento, que trabalha na Advance, estava na loja na hora do incidente, por volta das 17h de sexta-feira, em plena Black Friday, e afirma nunca ter visto a água invadir com tanta força o estabelecimento, que em questão de minutos estava inundada a uma altura de 60 cm. Ela inclusive acabou contraindo uma alergia na confusão.
“A água ultrapassou o sistema de contenção rapidamente, e acabou com homes, mesas, poltronas e inclusive objetos pessoais. Funcionários e clientes tiveram que se abrigar no segundo andar da loja”, disse a funcionária. Ela também criticou a falta de apoio da Prefeitura municipal.
“A prefeitura mandou limpar as ruas, mas não deu nenhum suporte para as lojas. Pensamos que neste fim de semana, na qual estávamos dedicados aos reparos, haveria pelo menos a suspensão da Zona Azul (estacionamento tarifado em via pública), mas quando fomos perceber já tinham aplicado multas nos nossos veículos”, conta Larissa.
Já a suporte de vendedores da loja A Especialista, Tairini Santos, conta que não houve perda de mercadorias no estabelecimento. Ela explica que a enxurrada começou por volta das 16h e comenta que alagamentos são comuns na região mas que nunca viu nada com tanta intensidade.
“No momento da chuva, havia clientes na loja que ficaram ilhadas no local. Foi preciso erguer grande parte das mercadorias e equipamentos e também trabalhar a noite toda para fazer a limpeza, retirada da lama e remontagem do showroom”, relata.
Estragos em lojas de móveis alagadas
Algumas lojas registraram estragos ainda maiores. Na Altus Design & Conceito, a vidraça não suportou a pressão da chuva e se desprendeu fazendo com que os móveis e outras mercadorias fossem levados pela correnteza da chuva. De acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), toda a área da capital ficou em estado de atenção para alagamentos.
A Fiori Design, uma das lojas de móveis alagadas, também foi severamente prejudicada pela água que arrasou produtos em mostruário, sobretudo as linhas de estofados e mobiliário com tecido, os quais não poderão ser recuperados.
A vendedora Maria José trabalhava durante o horário do incidente e relata que a chuva foi tão intensa que os vidros estouraram, romperam as comportas de retenção de água e inundou o interior em questão de poucos minutos.
“Ninguém se feriu. Todos os funcionários subiram para o segundo piso da loja durante o alagamento. Houve muitos estragos, perda do total dos produtos expostos no piso inferior, com danos na própria estrutura (vidros e pisos). A loja está fazendo a reforma a toque de caixa e não dá pra dizer quando tudo voltará ao normal”, conta.
Reportagem de Cleide de Paula e Luis Antonio Hangai