NRF 2019 e a consolidação das tendências tecnológicas do varejo
Evento explorou as estratégias do varejo físico na era do e-commerce, a importância dos dados e o agigantamento da China no mercado ocidental
Publicado em 25 de janeiro de 2019 | 15:30 |Por:
Consagrado como o principal evento sobre varejo global, a Retail’s Big Show deste ano (NRF 2019), realizada entre os dias 13 e 15 de janeiro em Nova Iorque, convergiu mais uma vez empresas de todo o mundo em torno das discussões que desafiam e apontam novas oportunidades de negócios.
Durante seus três dias de duração, especialistas e representantes de grandes players se debruçaram sobre – para ficar em apenas três tópicos-chaves – as transformações provocadas pela digitalização, a “sobrevivência” das lojas físicas diante do e-commerce e a irrefreável penetração chinesa no mercado ocidental.
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Neste ano, especialistas brasileiros em negócios que participaram do evento destacaram não apenas tendências – as perspectivas para o futuro varejista, como de costume –, mas sobretudo a consolidação de questões que há poucos anos ainda eram consideradas emergentes.
Uma destas questões que desempenhou papel central na NRF 2019 diz respeito às estratégias que o varejo físico vem adotando para fazer frente ao comércio digital, processo este simbolizado no embate entre as gigantes Wallmart e Amazon, e que se reproduz com suas devidas particularidades em diferentes nações.
A consolidação do “novo varejo” na NRF 2019
“Foi falado durante o evento que a Amazon é o grande elefante na sala, que incomoda muita gente. E o que os varejistas tradicionais estão fazendo diante deste cenário é desenvolver estratégias para competir com esse grande player. O Wallmart, por exemplo, tem explorado novas funções para suas unidades físicas. Mais do que pontos de vendas, suas lojas operam como centros de distribuição e outros serviços diferenciados”, diz o sócio-diretor da GS&Consult, Alexandre van Beeck.
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Beeck explica que esta revisão do papel da loja física implica nela funcionar como um showroom e local de experiências de compra, algo que o universo digital não pode proporcionar. Mas o movimento vai além: consiste em utilizar as unidades como postos avançados de distribuição, para entrega de produtos comprados pela internet, para fortalecer o relacionamento face a face com os clientes, para aumentar a eficiência dos processos logísticos e, também, para aproveitar as tecnologias digitais a fim de incrementar a experiência do consumidor.
“Essas práticas dependem do que chamamos o ‘novo varejo’, que trabalha com a inteligência, automação e logística automatizada para ganhar em eficiência por trás do balcão. Em edições anteriores da NRF 2019 falava-se que o varejo ia morrer, que o digital ia se sobrepor ao físico. O que vimos não só como tendência, mas na prática, é que a tecnologia está ajudando a transformar o varejo físico a ficar mais eficiente, mais rápido, mais automatizado, utilizando os dados coletados no digital para melhorar a experiência do cliente na loja”, destaca van Beeck.
A visão é compartilhada pela CEO e head comercial da AGR Consultores, Ana Paula Tozzi, para quem a NRF 2019, embora não tenha trazido nada de disruptivo do ponto de vista das tendências tecnológicas, reafirmou a ideia de que os “dados são o ouro do varejo”.
“O volume e a qualidade de informações sobre clientes e negócios irão, muito em breve, fazer parte de um ativo do balanço patrimonial dentro da empresa. Tudo isso gira em torno da noção de experiência de compra e inclui desde a consolidação das plataformas de dados da companhia até o reconhecimento fácil que, aplicado nas lojas, permite o varejista saber exatamente quem é o seu cliente e atendê-lo da melhor maneira possível”, destaca.
Mesmo que não tenham sido destacadas novidades no contexto tecnológico, a NRF 2019 não ficou livre de surpresas. Chamou atenção a grande participação chinesa no evento, que em edições anteriores não atingiu a proporção que o país conquistou neste ano.
“A gigante chinesa Alibaba apresentou números gigantescos que nunca tínhamos vistos. É aí que percebemos o crescimento do apetite da China em relação ao mercado americano. E hoje já não se fala mais da China como sinônimo de produto de má qualidade, isso mudou completamente. Ela representa o varejo do futuro”, afirma Tozzi.
“Não podemos perde de vista a potencial que a China representa. Ela já se estabeleceu como concorrente do mercado americano e estão se expandindo em soluções de logística e inteligência, provendo essas soluções para transformar o varejo no mundo todo”, ressoa Beeck.