Três eixos para pensar em automação na marcenaria
Flexibilidade x produtividade, design e nicho de atuação são aspectos fundamentais na hora do marceneiro escolher maquinário
Publicado em 19 de fevereiro de 2019 | 07:00 |Por:
A utilização de maquinário automatizado, que hoje fundamenta o conceito de Indústria 4.0, é a principal solução para empresas do setor moveleiro que buscam por eficiência na produtividade, preços competitivos e diferenciais no mercado. O incremento tecnológico, entretanto, não ocorre apenas nas grandes indústrias de produtos seriados e planejados, pois a automação na marcenaria já é também uma realidade, sobretudo nos empreendimentos cuja clientela é crescente e cada dia mais exigente em termos de preço e qualidade.
Se o marceneiro se deixa levar sem saber aonde quer ir, ele corre o risco de comprar a máquina errada
Contudo, a escolha por equipamento deve ser feita de maneira estratégica e de acordo com a demanda do público alvo da marcenaria. Para o consultor do setor moveleiro Claudio Perin, o sucesso do marceneiro está atrelado à identificação precisa do seu nicho de atuação e modelo de negócio para, a partir disso, optar pelo maquinário que seja essencial aos objetivos da empresa. Esse procedimento confere eficiência nas operações fundamentais da empresa, evitando desperdício de dinheiro e mão de obra.
– Entenda a importância da automação de processos na marcenaria
“O marceneiro tem que se movimentar de acordo com a maneira que o mercado dele se direciona. É importante que mantenha o foco, pois senão corre o risco de atirar para todos os lados e desperdiçar na aquisição de recursos não necessários à sua empresa. Se o marceneiro se deixa levar sem saber aonde quer ir, ele corre o risco de comprar a máquina errada”, diz.
Ao Portal eMóbile, o consultor esclareceu os três principais eixos para se pensar estrategicamente o investimento em automação na marcenaria. Tratam-se de pontos cruciais do negócio que, quando bem esclarecidos para o marceneiro, lhe permitem identificar os equipamentos adequados para o seu modo de produção. Confira:
Flexibilidade x produtividade
O primeiro e mais importante eixo para definir o processo de automação na marcenaria é o lote do produto. Se o marceneiro trabalha com uma produção mais customizável, na qual o nível de repetitividade das peças é baixo, ele deve seguir por um caminho. Por outro lado, se a produção se aproxima a um modelo seriado – móveis iguais ou com pequenas variações –, a tecnologia empregada será outra.
No esquema customizável, preza-se pela flexibilidade em detrimento da produtividade. O marceneiro precisa investir em softwares CAD que gere projetos únicos e personalizados a serem enviados às máquinas a fim de fazê-las operar automaticamente, com a menor interação humana possível, concedendo assim eficiência ao setup.
Um dos equipamentos essenciais neste tipo de produção, segundo Perin, é o nesting – tecnologia que usa fresas ao invés de serras e cortam apenas uma chapa por vez.
Já no caminho da alta produtividade e menor flexibilidade, o marceneiro precisa contar com uma biblioteca de projetos e operar pequenas variações em cima desta biblioteca existente com o intuito de repetir os módulos. O equipamento essencial neste caso são seccionadoras automáticas, que cortam múltiplas chapas simultaneamente.
Automação na marcenaria e o design
Ainda dentro do contexto do produto, o design de móveis é outro aspecto determinante na escolha de equipamentos voltados para automação na marcenaria. As formas geométricas das peças, ângulo retos ou curvos, a matéria-prima empregada, entre outros elementos, exigem diferentes tecnologias.
– Convergência entre artesanato e automação
Perin explica que no caso de peças mais quadradas e retas, é preferível a utilização de seccionadoras. Já no caso de peças geométricas curvas – uma das tendências crescentes no mercado de móveis – um centro de usinagem é mais adequado para conferir o diferencial do design aos produtos.
O acabamento também influencia nas escolhas de automação. Se a pintura do móvel for apenas em PB, o investimento é menor. Mas se houver necessidade de entregar móveis laqueados ou com pintura, o marceneiro precisará identificar no mercado opções que correspondam a este processo.
Nichos de atuação
Por fim, o público-alvo da marcenaria direciona a escolha de equipamentos no sentido em que cada nicho de atuação exige o trabalho com diferentes matérias-primas e formas das peças. Peças para uso doméstico, por exemplo, são em sua maioria compostas por chapas de madeira reconstituída (MDP e MDF) e, em alguns casos, exigem formas geométricas que se adequem ao gosto e necessidade de consumidores específicos.
Mas, por outro lado, o ramo de instalações comerciais demanda peças seriadas que combinem metal e madeira e podem ser requisitados equipamentos da área metalmecânica. Já no campo dos móveis para escritórios serão necessárias muitas peças curvas com encaixe de ergonomia, ao passo que no mobiliário hospitalar são imprescindíveis peças em inox. Tais variações devem ser reunidas na hora do marceneiro optar pelas tecnologias do seu empreendimento.