O setor moveleiro e o aprendizado com as experiências de poder e sucesso
Publicado em 17 de março de 2020 | 12:09
Friedrich Hegel (1770-1831) afirmava que a história é cíclica.
Analisando a trajetória da humanidade durante os séculos, esta afirmação encontra respaldo. Se avaliarmos que grandes impérios surgiram, se desenvolveram, tornaram-se imponentes e sucumbiram (exemplos clássicos dos macedônios, gregos e romanos, entre tantos outros), veremos que, como bem disse Karl Marx ao analisar o período de glória napoleônico que “A história se repete, primeiro como tragédia depois como farsa”, mesmo existindo diferenças nítidas entre o idealismo de Hegel e o materialismo de Marx, ambos compartilham da mesma visão (pelo menos neste tópico).
Os períodos da história que foram levados ao acaso inegavelmente tiveram na própria condição humana (geralmente a soberba, a vaidade, entre outros…) a causa de sua ruína.
Na história recente do Brasil, tivemos um período que poderia ter sido eternizado como marco de referência da humanidade quando a classe trabalhadora chegou ao poder.
Em 2003, quando o Partido dos Trabalhadores iniciou seu período de poder no Brasil, este colunista era detentor da opinião de que não daria certo, afinal (ainda na minha visão), seria um governo formado de pessoas bem intencionadas, honestas, mas que não tinham capacidade e/ ou competência para governar nada além de um sindicato (ou federação de trabalhadores), embora até essa “capacidade” atualmente esteja em xeque pelos inúmeros casos de corrupção nas próprias entidades sindicais comandadas por eles.
O tempo se encarregou de mostrar que eu estava errado, afinal, mostraram na prática que não tinham nem capacidade nem lisura para governar o País.
Este artigo não se propõe a fazer panfletagem ideológica, no sentido pejorativo da expressão, e sim no seu sentido real, a saber: “Ideologia é a ciência proposta pelo filósofo francês Destutt de Tracy (1754-1836), que atribui a origem das ideias humanas às percepções sensoriais do mundo externo.”
Nicolau Maquiavel, disse: “O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta”.
Somando-se incompetência, com falta de lisura e aparelhamento estatal chegamos à maior crise econômica e política da história do País, não sem antes oferecer à classe trabalhadora (e mesmo a classe média) amostras “grátis” de boom de crescimento e acessibilidade a credito, poder de consumo e outros cantos de sereia que fizeram do governo do PT uma quase unanimidade (friso que sempre estive entre os 10% ou no máximo 15% que não aprovavam o modelo econômico vigente pela sua absoluta falta de lastro de sustentação, o que em si gera uma discussão econômica que não cabe em espaço suficiente para ser tratada aqui, entre favoráveis a política cíclica e aos da política anticíclica).
Esta malfadada experiência de governo petista no Brasil foi tão danosa que levou em 2016 a “transparência internacional” a apontar a Petrobras (apenas para citar um caso, pois o strike foi geral) como segundo maior caso de corrupção do mundo, ficando atrás apenas de um caso Ucraniano.
Bom, e o que esta reflexão tem a ver com o setor moveleiro?
Toda empresa, que assim como o estado é governada por “gente”, e pessoas estão sujeitas aos delírios causados pelo poder, pelo sucesso e tantas variáveis que decorrem desta e podem, sim, ficarem cegas diante das ameaças que especialmente esta economia nova, em construção, pode causar para um “negócio” que hoje pode estar muito bem, no entanto, amanhã não mais.
A conclusão que proponho é a de que não bastam apenas boas ideias e boas intenções.
A vigilância corporativa moveleira atual e de tendências sugere a necessidade da profissionalização, criação de conselhos de administração, visão holística (não mais apenas com a visão no Brasil, mas no mundo todo, em tempo real), e também criatividade para inovar tanto na oferta de produtos como também de serviços, este sim um grande diferencial para os próximos anos.
Segundo Bernardinho (ex-jogador de vôlei, treinador e palestrante) “Sucesso passado não garante nada no futuro”.
Você e sua empresa estão se preparando para o que está por vir? Ou estão vivendo como diz a famosa música interpretada por Zeca Pagodinho: “Deixo a vida me levar, vida leva eu”?
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