Marcenaria em tempos de crise: especialista financeiro dá dicas de planejamento

Ao eMóbile, Marcos Milan afirma que nunca é tarde para colocar os gastos “na ponta do lápis”. Ele ainda defende a formalização dos profissionais autônomos.

Publicado em 16 de maio de 2020 | 15:35 |Por: Everton Lima

Com a expectativa de crescimento do país, os profissionais da marcenaria se preparavam para um possível aumento nas vendas — situação que, pelo menos por enquanto não ocorrerá mais, dado o novo cenário de COVID-19.

Por isso, esses empresários precisam se adaptar rapidamente a atual situação que exige corte de gastos, pesquisa por linhas de crédito e muito planejamento financeiro.

O consultor financeiro Marcos Milan afirma que o ideal é que todo profissional autônomo busque a consultoria financeira nos momentos iniciais da sua empresa. Contudo, nunca é tarde para iniciar esse planejamento.

Marcos explica que um dos principais erros dos profissionais autônomos é levar um padrão de vida que coloque em risco a sua saúde financeira. “O que vale para o microempreendedor é sempre se organizar financeiramente um pouco antes. Se você tem uma renda “X”, tente viver sempre de 10% a 20% abaixo dessa renda”, aconselha.

Ele sugere que os gastos mensais sejam classificados em três categorias: aquilo que é essencial, aquilo que não é essencial e aquilo que é padrão de vida”. Os gastos não essenciais e com padrão de vida precisam ser reduzidos, permitindo que os gastos essenciais sejam pagos.

Custos da marcenaria e os custos da empresa

Misturar as despesas pessoais com as despesas da marcenaria é uma péssima ideia para lidar com estes momentos de crise. Há o risco de o marceneiro prejudicar o pagamento de contas pessoais, tentando quitar débitos com os fornecedores, por exemplo.

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– Afinal de contas, como organizar a marcenaria?

Marcos argumenta que é preciso negociar com fornecedores, buscando novos prazos — acordo que pode ser alcançado, uma vez que a crise econômica se colocou diante de todos os mercados.

Linhas de crédito

Em relação ao cartão de crédito, Marcos afirma que ele pode ser útil, “desde que as pessoas não o confundam com uma extensão do salário”. Sobre empréstimos, o especialista declara que o marceneiro não deve buscar linhas de crédito voltadas às pessoas físicas para pagar débitos da marcenaria.

“Estar formalizado é fundamental para ter acesso a linhas de crédito mais baratas. Em alguns casos, elas custam até 50% a menos do que as linhas de crédito pessoal”, explica. Ele ainda chama a atenção dos marceneiros para a necessidade de serem atentos às ofertas dos bancos. “O gerente do banco não é nosso amigo, mas alguém que precisa bater metas”, coclui.

Para conseguir melhores condições de empréstimo, o marceneiro deve estar formalizado. Depois, ele precisa ter o suporte de um contador ou consultor financeiro para demonstrar ao banco os rendimentos do seu negócio.

Feito isso, é provável que o empresário consiga um empréstimo que comprometa, no máximo, 30% do seu faturamento mensal.

Apesar dessas vantagens, Marcos afirma que vê com certa apreensão o fato do Governo Federal não ter priorizado empréstimos para as pequenas empresas, que são as maiores empregadoras.

Contratação de seguros

Muitos empresários contratam seguros contra incêndio, seguros para protegerem o seu estoque etc. Marcos diz que o profissional autônomo precisa contar com esses produtos para proteger a sua renda.

Dentro do planejamento financeiro, os seguros são chamados de “estratégias de defesa”. O consultor recomenda a contratação do seguro para lidar com Despesas por Invalidez Temporária (DIT).  Esses produtos custam cerca de R$ 60 e podem proteger uma renda mensal de R$ 5 mil ou mais — servindo como complemento para o auxílio do INSS.

Para ter acesso ao seguro, o marceneiro precisará comprovar, por meio de notas fiscais emitidas, a média do seu faturamento nos últimos meses. Portanto, ainda que contrate um seguro que cubra uma renda de R$ 10 mil mensais, ela ficará limitada aquilo que o profissional já recebia.

Devido à pandemia, a Caixa Econômica Federal, em parceria com o Sebrae, anunciou novas linhas de crédito para pequenos e médios empresários, além de microempreendedores individuais.

 

 

 

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