Produção de móveis em 2022 recua 16,2%
Segundo Abimóvel, com dados do Iemi, produção de móveis somou quase 30 milhões de peças e perspectivas para 2023 é de crescimento
Publicado em 13 de março de 2023 | 08:00 |Por: Thiago Rodrigo
A produção de móveis e colchões na indústria brasileira caiu 16,2% em volume no acumulado de 2022 frente ao ano anterior. O recuo se justifica pela demanda aquecida por mobiliário e itens para casa em 2021. O comportamento foi motivado, especialmente, pelo isolamento social e a necessidade de adequações no ambiente doméstico para receber o home office e o ensino remoto, estimulando a produção e as vendas do setor no período.
Tal dinâmica, porém, desacelerou no ano passado, não apenas pelo retorno das atividades presenciais, mas também diante de uma crise no custo de vida, avalia a Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário). Os dados são do relatório “Conjuntura de Móveis”, desenvolvido pela associação em parceria com o Iemi – Inteligência de Mercado.
Inflação e taxas de juros em alta vêm cerceando o poder de compra e o acesso ao crédito da população. Questão que é ainda mais profunda no setor moveleiro, que teve de lidar com uma carga inflacionária de 18,38% sobre os preços no varejo, de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A inflação sobre o setor de móveis é bem superior à média geral, que ficou em 5,79% no ano. Esse fator na indústria moveleira também foi impulsionada pela crise de matérias-primas, entraves logísticos e demais fatores externos ligados à política e à economia nacional e internacional.
Produção de móveis em 2022
Após demonstrar uma retomada de fôlego nos últimos meses, com a indústria brasileira de móveis e colchões tendo alcançado o maior resultado do ano na variação mês a mês em novembro (quando foram fabricadas 34,2 milhões de peças), a produção recuou 13,6% na passagem para dezembro de 2022, somando 29,5 milhões de peças fabricadas no mês.
O cenário de produção mais contraída e de menos horas trabalhadas devido aos feriados e férias coletivas, no entanto, é típico para o último mês do ano e se assimila ao de dezembro de 2021.
No ano, ou seja, de janeiro a dezembro de 2022, estima-se que tenham sido produzidas em torno de 371,6 milhões de peças de móveis e colchões pela indústria brasileira. Uma boa notícia é que o preço médio da produção de móveis e colchões apresentou retração de 1,16% na comparação com 2021. Chegando a dezembro de 2022 na média de R$ 189,47 por peça.
O consumo interno de móveis e colchões em dezembro de 2022, foi de 28,8 milhões de peças. Número que representa uma redução de 13,4% em relação ao mês anterior e de 1,3% na comparação com dezembro do ano anterior. Com o levantamento dos resultados do último mês do ano, então, o consumo aparente no setor ao longo de 2022 experimentou uma queda expressiva de 15,9% ante o ano de 2021.
Comércio exterior
Com a participação de importados no setor moveleiro nacional ficando em 2,9% ao longo do ano passado, a atividade movimentou cerca de US$ 191,9 milhões. Resultado aproximadamente 26,8% inferior ao de 2021, quando foram importados o montante de US$ 262,4 milhões pelo setor.
– Exportações de móveis em 2022
Já as exportações de móveis e colchões brasileiros movimentaram um valor superior a US$ 830,7 milhões em 2022. O resultado é cerca de 11,4% inferior ao exportado pelo setor no acumulado do ano anterior, em receita. Isso, porém, frente a uma base de comparação bastante elevada em 2021, quando a indústria moveleira nacional alcançou resultados históricos, ao registrar cerca de US$ 938 milhões em faturamento com as exportações.
Dessa forma, apesar da queda nas exportações, a Balança Comercial no setor de móveis permaneceu favorável em 2022, acumulando superávit estimado de US$ 638,8 milhões ao longo do ano (janeiro a dezembro).
Emprego e investimentos
Diante de tais resultados, a indústria moveleira vivenciou no ano passado uma queda de 12,9% na geração de empregos formais na comparação com 2021. A massa salarial sofreu redução de 12,6% no ano, enquanto o número de horas trabalhadas caiu significativos 17,6%. Por outro lado, a produtividade e a média salarial no setor cresceram 1,7% e 0,3%, respectivamente, ao longo de 2022 em relação a 2021.
Outro bom indicativo é que os investimentos também vêm crescendo no chão de fábrica. As importações de máquinas para fabricação de móveis apresentaram aumento de 31,5% no acumulado de 2022. Crescimento que se manteve em janeiro de 2023: as importações de máquinas tiveram aumento de 129,3% frente a janeiro do ano passado. Quase todos os segmentos apresentaram alta no primeiro mês do ano.
Perspectivas para 2023
“Apesar do recuo produtivo no setor ao longo de 2022, espera-se que a produção e as exportações de móveis voltem a crescer em 2023. Os investimentos em tecnologia estão sendo impulsionados pelas indústrias para reduzir custos ao mesmo tempo em que aumentam a capacidade produtiva e a competitividade. Por fim, continuamos trabalhando por políticas públicas que garantam condições mais favoráveis para o crescimento e o fortalecimento de nossa indústria e setor”, reforça o presidente da Abimóvel, Irineu Munhoz.
Além disso, a entidade trabalha para fomentar a inovação, a capacitação e a internacionalização dos associados e parceiros, buscando sempre o incremento da competitividade, da qualidade, do design integrado à indústria e da sustentabilidade no setor. “Temos a certeza de que, por meio do trabalho conjunto entre as indústrias, governo e entidades, poderemos construir condições para um melhor ambiente de negócios para a indústria brasileira”, finaliza Munhoz.