Produção de móveis e colchões cresce 10,9% em maio
Produção de móveis e colchões em 2023 aponta leve avanço na comparação com o ano passado, mas Abimóvel ainda considera cenário desafiador
Publicado em 16 de agosto de 2023 | 12:00 |Por: Thiago Rodrigo
O volume de produção de móveis e colchões no Brasil cresceu 10,9% em maio de 2023 na comparação com o mês anterior. Durante o quinto mês do ano foram fabricadas 33,3 milhões de peças, segundo melhor entre os resultados já consolidados do ano na variação mês a mês.
O avanço marca uma recuperação significativa após a queda observada em abril, quando foram fabricadas pouco menos de 30 milhões de peças. Ao se analisar o acumulado do ano (janeiro a maio), contudo, o movimento se mantém em ritmo descendente, mas ainda positivo, com uma alta de 0,9% entre janeiro e maio de 2023 em relação ao mesmo período no ano passado.
– Fimma Brasil 2023 divulga programação
É importante notar que, apesar dos resultados positivos observados no início deste ano em comparação com 2022, a indústria moveleira ainda enfrenta desafios significativos de uma forma geral, com uma queda de 7,1% na produção quando consideramos os últimos 12 meses até maio.
Para Irineu Munhoz, presidente da Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), essa variação nos indicadores reflete um período de ajustes e adaptações para o setor, à medida que se busca recuperar o terreno perdido em meio às turbulências econômicas dos últimos anos.
Investimentos x demanda
Até maio, os investimentos na indústria de móveis durante o ano cresceram 28,4%. A forte queda nas importações de máquinas das categorias “desenrolar” (-89,1%) e “outras” (-76,6%) entre janeiro e junho, no entanto, puxaram o acumulado do primeiro semestre de 2023 para baixo: recuo de 34,9% sobre igual período do ano anterior. Demonstrando “pé no freio” dos industriais moveleiros, que apontaram perda na confiança ao final da primeira metade do ano.
Apesar disso, o desempenho da indústria de móveis no período sugere que os esforços para impulsionar a produção colaboraram para uma alta de 2,3% na receita do setor entre janeiro e maio de 2023 frente ao acumulado nos cinco primeiros meses de 2022. Nos últimos 12 meses houve estabilidade: +0,2%. Ao olharmos exclusivamente para os resultados do mês de maio, a alta foi mais significativa: +10,6% sobre o mês anterior, atingindo R$ 6,4 bilhões.
No entanto, o cenário nos preços médios de produção ainda destaca a necessidade de encontrar um equilíbrio entre custos e lucros. O preço médio de produção de móveis foi de R$ 193,77 por peça em maio de 2023, queda de 0,26% em relação ao mês anterior. No acumulado do ano, todavia, o índice registrou alta de 2,39%. Nos últimos 12 meses até maio, o preço médio da produção apresentou aumento de 1,31%.
Consumo interno e externo
De uma forma geral, a alta tanto na produção quanto na receita em maio foram puxadas especialmente pelo aumento no consumo aparente de móveis e colchões no Brasil, que cresceu 11,8% em relação ao mês anterior, totalizando 32,5 milhões de peças.
Importante observar, porém, que no quinto mês do ano as importações registraram alta bastante expressiva de 43,5% na comparação com abril de 2023, totalizando US$ 19,2 milhões. Nesse contexto, os produtos importados representaram 3,2% do consumo interno aparente no país em maio de 2023, maior do que a média de participação acumulada no ano, que ficou em 2,7%. Em junho, as importações recuaram um pouco, -1,7%, atingindo US$ 18,9 milhões.
Neste mesmo cenário, no que tange ao mercado externo, a indústria brasileira de móveis e colchões exportou o equivalente a US$ 67,3 milhões em maio de 2023, alta de 14,0% em relação ao mês anterior. Mas voltando a cair em junho: -12,4% na variação mês a mês, somando US$ 59,0 milhões.
Produção de móveis e colchões
O presidente da Abimóvel observa que a alta no consumo interno de móveis e colchões em maio é um sinal importante e aguardado em relação à demanda por produtos nacionais. No entanto, ele também destaca a importância de se olhar para o panorama mais amplo, onde um aumento de 2,1% no consumo acumulado no ano coexiste com uma ligeira queda de 0,9% nos últimos 12 meses. “Isso demonstra a necessidade de uma abordagem estratégica que leve em consideração não apenas os movimentos mensais, mas também os desafios e oportunidades de longo prazo”, opina.
Questão que também é observada no “sobe desce” nos indicadores das exportações do setor em 2023. “Outra faceta importante para a manutenção do setor moveleiro, o comércio exterior passa por flutuações influenciadas tanto por fatores internos quanto externos, que devem ser apontados e enfrentados. Nesse sentido, a ‘Conjuntura de Móveis’ oferece uma visão detalhada da nossa indústria e nos lembra da importância dos investimentos e da inovação, mas também da necessidade de apoio e incentivos para colocar tudo isso em prática”, fala Munhoz.
Ele continua: “À medida que navegamos por um percurso ainda complexo, estamos comprometidos em fortalecer nossas empresas e produtos, reforçando pautas e discutindo ações junto ao governo, seja a partir da construção de uma nova Política Industrial no país por meio da participação da Abimóvel no Conselho Nacional de Desenvolvimento da Indústria e no Fórum Nacional da Indústria, ou por via da defesa de nosso setor mediante os esforços para a retomada da Frente Parlamentar Ampla em Defesa do Mobiliário”.