IPC Maps prevê quase R$ 100 bilhões gastos com móveis em 2023
IPC Maps indica que 1,5% dos gastos das famílias brasileiras serão com móveis e artigos do lar em 2023
Publicado em 8 de setembro de 2023 | 07:00 |Por: Portal eMóbile
Recém-divulgada, a pesquisa IPC Maps 2023, R$ 92,92 bilhões, ou seja, 1,5% do gasto total das famílias brasileiras deverão ser destinados à compra de “mobiliário e artigos do lar” em 2023.
De acordo com o levantamento, especializada no cálculo de índices de potencial de consumo no país, as famílias brasileiras estão previstas para gastar cerca de R$ 6,7 trilhões ao longo deste ano, refletindo um aumento real de 1,5% em relação a 2022.
A projeção leva em conta a atual expectativa de alta do PIB (Produto Interno Bruto) em 1,2%, indicando uma recuperação ainda modesta, embora gradual, da economia nacional após os desafios enfrentados durante a pandemia. No ano passado, o avanço foi de 4,3% sobre 2021.
Juros altos, carga inflacionária ainda instável e poupança menor são alguns dos motivos para variação mais fraca em 2023, apontam especialistas.
O percentual de móveis é superior à participação de outros segmentos importantes no consumo doméstico, como eletroeletrônicos, transporte urbano, viagens, bebidas, calçados e artigos de limpeza. Demonstrando, portanto, a relevância da categoria para a economia nacional, mas ainda aquém não só das expectativas como também do potencial do setor moveleiro no país.
Afinal, para além de preencher espaços físicos, os móveis têm o poder de transformar ambientes, materializando lares, escritórios e espaços que refletem a personalidade e as necessidades das pessoas, melhorando a produtividade, bem como trazendo eficiência e conforto ao dia a dia delas.
Dessa forma, enquanto setor, além de produzir peças inteligentes, funcionais, ergonômicas e visualmente atrativas, é preciso comunicar estes diferenciais ao mercado. “O mobiliário é não só um objeto de utilidade ou decoração, mas se torna cada vez mais um instrumento de promoção de qualidade de vida e bem-estar. Ou seja, enquanto indústria é essencial investirmos em inovação, design e tecnologia, ao mesmo tempo em que devemos adotar estratégias eficientes para disseminar o valor agregado dos nossos produtos e atrair mais consumidores”, fala o presidente da Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), Irineu Munhoz.
Para que esta comunicação seja efetiva, porém, é fundamental ressaltar que o desenvolvimento da indústria e do varejo de móveis só será possível mediante o acesso aos produtos e serviços oferecidos. “Nesse sentido, é imprescindível que o governo estipule ações de estímulo ao emprego e renda, bem como ao consumo dos brasileiros, como medidas de controle inflacionário com a estabilização das taxas de juros e acesso ao crédito para as famílias que precisam mobiliar seus lares”, enfatiza Munhoz.
O presidente da Abimóvel ressalta a necessidade de que o mobiliário seja incluído nos financiamentos de programas habitacionais como o “Minha Casa, Minha Vida”, permitindo com que mais famílias tenham a oportunidade de adquirir móveis de qualidade para seus lares.
Outras medidas igualmente relevantes incluem uma nova política industrial que permita a desoneração da folha de pagamento no setor (oitavo que mais emprega no país), taxação justa por meio da Reforma Tributária, bem como medidas de apoio ao crédito empresarial e incentivos ao investimento em pesquisa, desenvolvimento e capacitação profissional.
“Somente por meio de um trabalho abrangente e proativo entre os setores público e privado será possível alcançar um crescimento sustentável e fortalecer a indústria moveleira, impulsionando toda a cadeia produtiva em torno dela, gerando emprego, renda e promovendo o acesso ao consumo entre os brasileiros”, conclui Munhoz.
Gastos com móveis e artigos do lar
Além do setor de “mobiliário e artigos do lar”, a pesquisa IPC Maps revelou outras informações relevantes sobre o consumo em diferentes regiões e classes sociais no país.
Dos 203 milhões de cidadãos brasileiros, a grande maioria reside na área urbana e tem um consumo per capita de R$ 34 mil, contrastando com os gastos mais modestos de R$ 15,1 mil da população rural.
No contexto do panorama econômico do país, a classe B2 tradicionalmente assume a liderança, representando cerca de R$ 1,5 trilhão dos gastos. Em conjunto com a B1, essas duas classes abrangem 21,8% dos domicílios e são responsáveis por 42,2% (mais de R$ 2,6 trilhões) de todo o montante que deverá ser desembolsado pelas famílias brasileiras em 2023.
As classes C1 e C2 estão presentes em quase metade das residências, ou seja, 47,8% delas, e juntas somam R$ 2,1 trilhões (33,1%) dos recursos gastos. Enquanto isso, o grupo D/E, que ocupa 27,8% das moradias, contribuirá com aproximadamente R$ 622,7 bilhões (10%) do total de gastos.
Embora representando uma porcentagem menor (apenas 2,6% das famílias), a classe A tem ampliado sua movimentação social, distanciando-se ainda mais dos menos favorecidos e alcançando uma movimentação projetada de recursos de cerca de R$ 911,8 bilhões (14,6%).
Faixa etária e hábitos de consumo
O estudo também aponta que a população de idosos no país deverá continuar crescendo em 2023. Ao mesmo tempo em que a faixa etária economicamente ativa, de 18 a 59 anos, representa 60% do total de brasileiros, sendo a maioria mulheres. Já os jovens e adolescentes entre 10 e 17 anos vêm perdendo participação para o grupo de crianças de até 9 anos.
Depois de habitação (incluindo aluguéis, impostos, luz, água e gás), que representa 25,3% das contas dos brasileiros, as despesas com alimentação em casa ou fora de casa respondem por 13,8% da renda domiciliar. Os gastos com veículo próprio, contudo, continuam sendo o destino de maior peso financeiro para as famílias, comprometendo 11,7% do orçamento.
Somados, os itens básicos também têm alta prioridade nos gastos: 18,6% para outras despesas (serviços em geral, reformas, seguros, etc.), 6,7% para medicamentos e saúde, 3,8% para gastos com materiais de construção, além de 3,5% com educação.
Empreendedorismo cresce no Brasil
A Região Sul registrou avanço considerável e recuperou a vice-liderança no ranking de consumo entre as regiões brasileiras, perdendo apenas para o Sudeste. Esse crescimento se deve, em grande parte, ao processo de migração social positiva no Sul do país, com um aumento no número de domicílios nas classes mais altas.
O estudo aponta que as classes A, B1 e B2 apresentaram um crescimento expressivo de, respectivamente, 19,7%, 13,6% e 20,4% na região. Esse desempenho impulsionou o potencial de consumo regional em 9,4%, acima da média nacional de 7,5%.
No setor empresarial, a pesquisa apontou crescimento de 5% no número de empresas no Brasil, totalizando 22.173.770 unidades instaladas. Mais da metade dessas empresas são MEIs (Microempreendedores Individuais), o que impulsionou a criação de mais de 530 mil novos CNPJs no período analisado. Se por um lado o aumento no número de empresas representa progresso no empreendedorismo brasileiro, por outro, o aumento de microempreendedores individuais pode estar relacionado também ao desemprego e ao aumento da informalidade no país.
O IPC Maps, realizado anualmente pela IPC Marketing Editora, é considerado referência no cálculo de índices de potencial de consumo, sendo o único levantamento a detalhar o comportamento de consumo em 22 setores e em todos os 5.570 municípios do Brasil.