Produção de móveis em 2023 tem estimativa de 0,9%

Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário, Abimóvel apresenta projeções do fechamento de 2023 e expectativas para 2024

Publicado em 7 de fevereiro de 2024 | 11:10 |Por: Thiago Rodrigo

O ano de 2023 marcou um período de adaptação para o setor moveleiro, que passou por impactos bastante distintos durante as ondas da pandemia de Covid-19 nos anos anteriores (2020-2022). Dinâmica acompanhada de perto pela Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), que compartilha de relatórios mensais em parceria com o Iemi, empresa de pesquisa de mercado, trazendo dados consolidados, análises e projeções da produção, do emprego, investimentos, varejo doméstico e comércio exterior no setor.

Após um começo de ano difícil, marcado por ajustes políticos e desafios especialmente de ordem econômica — inflação e juros altos seguidos por restrições no acesso ao crédito, entre outras questões —, a indústria brasileira de móveis e colchões exibiu sinais de recuperação nos últimos meses de 2023, crescendo 1,6% em volume de peças produzidas na passagem de outubro para novembro, de acordo com a edição atualizada da “Conjuntura de Móveis”.

Produção de móveis

O desempenho no penúltimo mês minimizou a influência negativa ao longo do ano, mas não foi o suficiente para reverter a projeção de queda para o fechamento de 2023, que aponta para um declínio de 0,9% em relação ao volume produzido em 2022, de acordo com Marcelo Prado, diretor do Iemi.

Por outro lado, ao se analisar as vendas somadas do mercado interno e externo, “em função de uma pequena elevação nos preços médios do mix comercializado pela indústria”, reforça Prado, “projeta-se que tenha havido um crescimento modesto da receita total das empresas do setor, em torno de 0,8% sobre 2022, em valores nominais, sem descontar a inflação do período”.Abimóvel

Exportações de móveis

Ao falarmos do cenário político e econômico, contudo, a influência não é só interna. Um dos pontos altos da indústria brasileira de móveis nos últimos anos, as exportações enfrentaram obstáculos externos ao longo de 2023. Em novembro, as exportações brasileiras de móveis e colchões cresceram 10,4%. No mês seguinte, porém, a atividade vivenciou queda de 10,3%.

O cenário de altos e baixos foi impulsionado especialmente pela queda na demanda em alguns dos principais mercados acessados pelo Brasil. Dessa forma, o acumulado do ano apresentou um recuo total de 11,4% na receita das exportações moveleiras, totalizando uma venda de US$ 735,3 bilhões para o mercado externo no decorrer de 2023, ou algo próximo a R$ 3,7 bilhões na conversão atual (primeira semana de fevereiro de 2024).

Projeções para o varejo nacional

No varejo interno, o volume de vendas de móveis e colchões também cresceu em novembro: +29,4% em volume e +28,7% em receita quando comparados com o mês anterior.

Os resultados trouxeram melhoras nas expectativas para o início de 2024, mas também não foram capazes de reverter o cenário ambíguo no segmento, que, segundo as expectativas do Iemi, deve ter fechado 2023 com queda no volume de vendas (-3,5%), mas aumento no faturamento (+2,1%), ambos na comparação com o ano anterior.

Abimóvel

Expectativas para 2024

As projeções para este ano são cautelosamente mais otimistas, com expectativa de crescimento tanto na produção quanto nas vendas internas e externas. Panorama que depende, porém, de uma série de impulsionadores.

“Para 2024, além das suas próprias estratégias para crescer mais que o mercado, as empresas moveleiras terão que contar com a melhora natural do ambiente econômico, com a redução da inflação, já materializada pela lucidez e persistência do Banco Central, a redução paulatina dos juros e do endividamento das famílias, juntamente com uma melhora na disponibilidade de crédito para varejistas e consumidores”, pontua o diretor do Iemi.

Confirmando-se tal cenário, essas mudanças deverão favorecer a melhoria no desempenho do varejo local e, consequentemente, da produção brasileira de móveis. Dentre as principais estimativas do Iemi para 2024, destaca-se justamente a evolução positiva da indústria e do varejo, conforme exposto no quadro abaixo:

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“Gosto sempre de lembrar que o Brasil é um país muito grande, com desempenho bastante heterogêneo entre as suas regiões, canais de varejo e públicos consumidores. Criando, dessa forma, oportunidades relevantes para as empresas que souberem mapear os nichos de mercado que melhor estão performando, para construir uma estratégia vencedora para o seu negócio”, reforça Marcelo Prado.

Outro fator a ser levado em consideração, segundo ele, é de que “ainda que os indicadores de crescimento para 2024 não sejam tão representativos ou garantidos, temos que lembrar que o setor da construção civil continua a avançar e muitos imóveis novos continuam a serem entregues todos os dias, ajudando a estimular a demanda por mobiliário no país”.

O presidente da Abimóvel, Irineu Munhoz, expressa confiança nas capacidades do setor para superar os desafios e aproveitar as oportunidades emergentes, reforçando, por exemplo, os avanços em torno do novo plano de reindustrialização do país, o NIB (Nova Indústria Brasil):

“Estamos estudando de maneira meticulosa o Plano de Ação entregue à Presidência da República, de forma a compreendermos como nossas empresas podem melhor se beneficiar de forma inteligente e estratégica de cada uma das missões. Entendendo, porém, que ainda há muito a ser feito em termos de incentivos para o setor moveleiro nacional, que ao ser o sexto maior produtor de móveis do mundo e a oitava maior cadeia empregadora do Brasil, contribui ativamente para a economia nacional, fazendo-se essencial a atenção do estado para a manutenção e o fortalecimento do setor”.

Pensando nisso, neste mês de fevereiro uma comitiva da Abimóvel estará mais uma vez em Brasília (DF), cumprindo agenda oficial que, entre outros pontos, envolve o diálogo direto com lideranças políticas e industriais tanto para o alinhamento de estratégias em relação ao NIB quanto para a reinvindicação de outras pautas importantes e urgentes, como a inclusão do mobiliário em programas de financiamento habitacional, tal qual o Minha Casa, Minha Vida.

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