Panorama da Pequena Indústria mostra desempenho e desafios
Panorama da Pequena Indústria apresenta desempenho, desafios e perspectivas das pequenas empresas industriais brasileiras na última década
Publicado em 2 de maio de 2024 | 08:00 |Por: Thiago Rodrigo
As micro e pequenas empresas (MPEs) industriais desempenham um papel crucial na economia e na sociedade brasileira, representando mais de 93% dos estabelecimentos industriais, com um total de 459,4 mil unidades. O segmento é um pilar para a geração de emprego e renda no país, empregando mais de 3,4 milhões de trabalhadores, ou seja, aproximadamente 33% da força de trabalho da indústria, e pagando cerca de R$ 85 bilhões em salários anualmente. Esse cenário não é diferente no setor moveleiro nacional, onde 78% das empresas são MPEs.
Ao longo da última década, porém, esses negócios vêm sendo fortemente impactados por flutuações econômicas, especialmente após a pandemia de Covid-19, enfrentando um cenário de altos e baixos, marcado por momentos de crescimento e otimismo, mas também por obstáculos significativos.
– PDCIMob no design da marcenaria
Um ponto que se sobressai como um dos principais desafios a ainda serem superados: a estagnação financeira. É o que indica a edição especial do “Panorama da Pequena Indústria”, pesquisa liderada e recém-divulgada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).
O estudo, que se aprofunda nas dinâmicas e desafios enfrentados por micro e pequenas empresas industriais nos últimos dez anos, destaca problemáticas que vem ganhando notoriedade e influenciando nas operações desses negócios.
E é justamente com foco em colaborar para o enfrentamento tanto de desafios tradicionais quanto emergentes no setor moveleiro, que surgiu o PDCIMob (Projeto de Desenvolvimento, Competitividade e Integração do Mobiliário), iniciativa desenvolvido pela Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel) em parceria com Sebrae Nacional (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Indústrias), com vista ao incremento da competitividade, otimização da gestão, produção e comercialização, e melhoria do ambiente de negócios como um todo para as micro e pequenas indústrias do setor de móveis.
Panorama da Pequena Indústria
A análise dos indicadores do estudo revela um desempenho oscilante das pequenas indústrias ao longo dos anos, mas com uma inclinação positiva em 2023. O Índice de Desempenho da Pequena Indústria, um dos principais indicadores, baseia-se na evolução mensal do volume de produção, nas contratações de empregados e na utilização da capacidade instalada, evidenciando uma trajetória de recuperação e otimismo entre os empresários no ano passado.
O Índice de Confiança do Empresário Industrial de pequeno porte, aliás, indicou uma melhora nas perspectivas para os próximos seis meses, situando-se acima da linha divisória de 50 pontos. Este otimismo é reflexo, em parte, de iniciativas de apoio ao segmento, como o PDCIMob, e das recentes medidas de estímulo à competitividade.
Apesar de um cenário de desempenho positivo, contudo, as condições financeiras não mostraram melhoras significativas. O Índice de Situação Financeira da Pequena Indústria, que avalia a satisfação com a margem de lucro operacional, a situação financeira geral e a facilidade de acesso ao crédito, permaneceu abaixo dos 50 pontos, indicando um espaço considerável para melhoria.
“A situação financeira ainda é um calcanhar de Aquiles para muitas pequenas indústrias, refletindo a urgência de medidas de apoio mais robustas”, fala o presidente da Abimóvel, Irineu Munhoz.
A elevada carga tributária continua sendo uma das principais dores para o setor, uma condição que não só dificulta a gestão financeira mas também compromete a competitividade das empresas no mercado. “A complexidade e o peso dos impostos são desafios constantes, reforçando a necessidade de uma reforma tributária que contemple também as especificidades e necessidades das pequenas indústrias”, enfatiza Munhoz.
“À medida que trabalhamos para que a indústria brasileira avance, o apoio contínuo e o desenvolvimento de políticas eficazes serão cruciais para assegurar que essas pequenas empresas não apenas sobrevivam, mas também prosperem, contribuindo ainda mais para o crescimento econômico e a inovação no país. Dessa forma, a adesão das MPEs a projetos como o PDCIMob, também se faz estratégica para não somente o fortalecimento do setor, como para a promoção da competitividade, da sustentabilidade e da integração dessas empresas à cadeia moveleira”, conclui Munhoz.