Exportação de móveis é assunto no 11º Congresso Nacional Moveleiro
Caso de sucesso da P&P Móveis e Madeira, plataforma de internacionalização de bens de consumo aos EUA e expansão de negócios nos EUA e Europa foram assuntos finais do primeiro dia
Publicado em 2 de outubro de 2024 | 08:45 |Por: Thiago Rodrigo
Encerrando o primeiro dia do 11º Congresso Nacional Moveleiro, a exportação de móveis foi assunto com o case de sucesso da P&P Móveis e Madeira, apresentado por Fabiana Castanho. Victor Boueri, da Regnum, plataforma de internacionalização de bens de consumo nos EUA mostrou como entrar neste mercado por meio da digitalização. Por fim, Patrícia Amaral, diretora geral da organização espanhola Conecta Barcelona, discursou sobre como exportar para EUA e Europa.
Fabiana Castanho, diretora comercial da P&P Móveis e Madeira, falou sobre a importância da exportação e como se pode fazer isso nas empresas moveleiras. A marca da palestrante é 100% exportadora, utilizando o pinus como matéria-prima fazendo móveis para Europa e Estados Unidos na empresa fundada em 1995 que iniciou a exportação cinco anos 2000.
Algumas das vantagens na exportação trazidas na experiência da P&P Móveis e Madeira são a estratégia fiscal, a estabilidade do mercado, o poder de compra maior do mercado internacional, com menor inadimplência. “Entre os desafios, o maior deles é a variação cambial, estamos sempre podendo ter uma barreira alfandegária, como a ocorrida pelos EUA à China, regulamentações cada vez mais exigentes em termos de sustentabilidade, rastreio de materiais e segurança do móvel, além de desafios logísticos muito grandes, com uma greve nos portos dos EUA que começou e uma situação que já estava caótica, ninguém sabe como vai ficar”, iniciou Fabiana.
A diretora disse ser coisas bem diferentes exportar e ser uma empresa plenamente internacionalizada. Em 2008, a P&P montou uma serraria por pura necessidade por não ter fornecedor de madeira adequado ou de alta qualidade, dando muito retrabalhos. A empresa viu a oportunidade de negócio com a compra de uma serraria e vendendo madeira utilizada em cercas de casas no país norte-americano. Atualmente, a empresa tem um volume de 60 contêineres de madeira para cerca por mês – não era o negócio inicial da empresa e hoje representa 50% do faturamento.
Em seguida, a empresa passou a ter florestas e reflorestar e os resíduos gerados de madeira viraram outra fonte de renda para uso em painéis de madeira e celulose. “Com a decisão a partir de uma necessidade, foi criada uma estratégia da empresa que afeta a estratégia de internacionalização. Temos todo o controle da cadeia o que é importante para a rastreabilidade da madeira”, disse Fabiana, mostrando como uma necessidade específica fez a empresa crescer para mercados que antes não imaginava.
Como cada empresa é única, Fabiana enfatizou para os visitantes que se quer um bom futuro para sua empresa, crie o seu futuro. “O que eu vou fazer amanhã, a pauta da reunião da semana que vem que vai me levar aonde quero chegar. Escrevam, planejem, coloquem datas e números que o sucesso pode acontecer para todo mundo”.
Entrada no mercado americano
“O canal digital para impulsionar a entrada no mercado americano” foi a palestra de Victor Boueri, da Regnum, plataforma de internacionalização de bens de consumo nos EUA. A empresa inova de três formas, sendo a ajuda na importação nos EUA, a logística local com armazenamento e distribuição e a gestão de contas digitais em plataformas na Amazon, Wayfair, Ebay e outros. Ao falar do digital, sem nunca deixar de esquecer do ser humano, Victor mostrou que o onde foi a única coisa que mudou na hora de vender um produto, no caso o móvel.
O TikTok é um caso de comunicação em nova plataformas, com a Geração Z utilizando siglas para se comunicar, destacando que os principais influenciadores globais são pessoas de entretenimento. “Há coreanos que cantam sambas brasileiros”, exemplificou. “O americano da geração Z está cada vez mais avesso ao que é empurrado a ele, ele está mais afeito ao que é divertido e ao que é da linguagem dele”, acrescentou.
Voltando ao mobiliário, os principais pontos de atenção para a exportação estão no custo de frete internacional, estoque regulador dos EUA, LLC vs Trading, manuseio local, documentação Comex e processo de exportação em consignação. “Tudo o que é burocracia nos EUA é muito fácil e barato”, frisou. O interessante de um canal digital é começar de imediato com uma loja própria a validar produtos, de acordo com o diretor da Regnum que mostrou como anunciar um móvel para venda na Amazon, principal canal digital nos Estados Unidos.
“As pessoas não querem apenas um produto, mas se identificar com uma marca”.
Expansão de negócios
Patrícia Amaral, diretora geral da organização espanhola Conecta Barcelona, empresa afiliada na empresa americana Boston Innovation Gateway (BIG), falou sobre como expandir os negócios nos EUA e Europa. Na Europa, busca-se trabalhar em ecossistemas em rede que beneficiam todos os players impactados. “Deixar de compartilhar informações da empresa atrasam o crescimento da própria empresa”, destacou a palestrante.
O conceito de internacionalização não é visitar uma feira ou fazer exportação esporádica. “Significa criar e ter raízes, ter receita recorrente e ter uma marca próxima do consumidor final”, explicou. Para isso, um primeiro ponto é ter mentalidade, capacidade e viabilidade para internacionalizar. “O principal fator é ter mentalidade empresarial, que faz toda a diferença no processo. Também a capacidade de adquirir recursos e ter visão do que se realmente quer e onde quer posicionar a empresa”.
Estabelecer objetivos é um primeiro passo segundo Patrícia, identificar onde jogar é outro. Segundo ela, marcados maiores e mais atrativos são mais competitivos e custosos para entrar, o que requer estratégia inovadora para penetrar de forma rápida, barata e assertiva. “Todos esses questionamentos respondem o como ganhar”, disse sobre o terceiro ponto. Customizar a oferta de marketing é o quarto ponto.
“A internacionalização sempre gera inovação, é impossível ter contato com mercado internacional e não gerar um valor dentro da empresa”, frisou Patrícia. Organismos de apoio também foram destacados por ela, como a ApexBrasil, US Commercial Service nos EUA e o Icex na Espanha.