Mesmo com setembro desafiador, venda de móveis continua crescendo
ICVA apresentou queda em setembro, mas dados do IBGE referentes a meses anteriores mostram cenário positivo
Publicado em 11 de novembro de 2024 | 12:31 |Por: Everton Lima
O Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) de setembro revela um mês com menos vendas no varejo brasileiro do que o mesmo período do ano passado. No caso das vendas de bens duráveis e semiduráveis, o que inclui móveis, as lojas venderam 4,5% a menos neste ano do que em 2023. Contudo, a queda nesse setor foi puxada pelas baixas do segmento de vestuário e artigos esportivos.
“Um dos fatores que pode ter afetado o desempenho do varejo foi o efeito de calendário. O mês de setembro em 2024 contou com um domingo a mais, dia tradicionalmente fraco para o comércio. Em 2023, houve ainda um sábado adicional que caiu no início do mês, período favorável ao consumo por causa do recebimento de salários. Essa diferença gera uma mudança significativa na dinâmica mensal do comércio”, afirma o vice-presidente de tecnologia e negócios da Cielo, Carlos Alves.
Ainda assim, as receitas dos lojistas brasileiros aumentaram 1,1% nas lojas físicas quando comparamos o nono mês deste ano com o do ano passado. No e-commerce, o aumento foi de 0,9%.
O estudo também revela as regiões que registraram maior queda nas vendas no mês: o Centro-Oeste lidera a lista com uma redução de 5%, seguido pelo Sudeste, com 4%, e pelo Nordeste, com 3,6%. Já o Norte apresentou uma queda de 3,1%, enquanto o Sul teve uma redução de 2,1% nas vendas. Esses resultados são apresentados já deflacionados, ou seja, com o impacto da inflação descontado.
Quando a inflação é desconsiderada e o calendário de setembro é ajustado, todas as regiões registram resultados positivos no ICVA. O Sudeste e o Sul aparecem com uma alta de 3,8%, seguidos pelo Norte, com 2,9%, e pelo Nordeste, com 2,5%. O Centro-Oeste, por sua vez, apresenta um crescimento de 1,2%.
É importante conhecer os dois resultados, pois eles indicam cenários diferentes, como um aumento real, atrelado aos custos, por exemplo.
Confiança dos empresários paulistanos cai
De acordo com dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) atingiu, em julho, o menor nível desde dezembro do ano passado, registrando 106,8 pontos. Embora a queda seja discreta em relação aos 106,9 pontos de junho, o índice interrompe o ciclo de otimismo que vinha desde janeiro deste ano.
Comparado a julho do ano anterior, o ICEC ainda apresenta crescimento de 1,1 ponto, mas os juros elevados continuam gerando incertezas entre os empresários.
“As notícias do cenário macroeconômico, como a situação fiscal do País e a trajetória da taxa Selic, parecem impactar a confiança em relação ao futuro. O Índice de Expectativa do Empresário do Comércio (IEEC) recuou 1,3%, a quarta queda seguida, passando de 138 pontos, em junho, para 136,3, em julho – o menor patamar desde janeiro”, diz a entidade.
IBGE: venda de móveis subiu 5,8% neste ano
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o varejo registrou queda de 0,3% em agosto ante julho deste ano. Os dados foram divulgados em outubro.
Entre agosto deste ano e o do ano passado, as vendas cresceram 5,1% e as receitas subiram 9,8%.
Na passagem de julho para agosto, o setor de móveis e eletrodomésticos viu suas vendas encolherem 1,6%. Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve um expressivo crescimento de 6,4%.
Em relação à venda de móveis, agosto de 2024 vendeu 12,7% a mais do que agosto de 2023. O resultado acumulado deste ano é de 5,8% e o dos 12 meses anteriores a setembro de 2024 é de 3,3%.
“Em relação a agosto de 2023, cinco dos oito setores investigados ficaram no campo positivo: Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (15,7%); Móveis e eletrodomésticos (6,4%); Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (6,1%); Tecidos, vestuário e calçados (5,8%); e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,6%). No campo negativo ficaram Livros, jornais, revistas e papelaria (-7,6%); Combustíveis e lubrificantes (-4,6%); e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,8%)”, explica o estudo do IBGE.
Varejo paranaense cresce acima da média nacional
Ainda de acordo com os dados do IBGE, o varejo do Paraná se destacou positivamente. “O varejo ampliado no Paraná registrou crescimento de 0,2% em julho de 2024, superando a média nacional de 0,1%, conforme os dados divulgados pela Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), realizada pelo IBGE. Em comparação com julho de 2023, o aumento nas vendas foi ainda mais expressivo, com um salto de 12,0% no estado, frente ao crescimento de 7,2% no cenário nacional”, informa a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR).
De acordo com o economista e assessor econômico da entidade, Lucas Dezordi, três fatores principais têm contribuído para o desempenho positivo do comércio: a robusta geração de emprego formal na economia brasileira e paranaense, o aumento da massa salarial e a estabilidade da inflação, que mantém os preços acessíveis aos consumidores.
“As condições econômicas favoráveis têm dado suporte ao setor, permitindo que as vendas no comércio varejista ampliado continuem em trajetória de crescimento”, afirma Dezordi. As vendas de móveis no Paraná registram um crescimento anual acumulado de 14,1%.
Endividamento das famílias cai
Os dados mais recentes sobre esse tema, divulgados pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), mostram que em julho deste ano, o endividamento das famílias caiu pela primeira vez em 2024.
78,5% das famílias brasileiras estavam endividadas – queda de 0,3% na comparação com junho. “A principal modalidade de endividamento é o cartão de crédito, sendo utilizado por 86% dos devedores. Os carnês figuram em seguida (15,7%), à frente de crédito pessoal (10,6%), financiamento de casa (9,1%), de carro (8,4%), e crédito consignado (5,6%)”, informa a Agência Brasil.