Cores para que te quero

Fornecedores apresentam soluções para diminuir despesas com insumo e destacam tendências em revestimento

Publicado em 6 de fevereiro de 2025 | 08:00 |Por: Thiago Rodrigo

Reportagem originalmente publicada na Móbile Fornecedores em 2016
Pessoas e cargos desta matéria consideram os profissionais da época da publicação

A necessidade de redução de custos no processo produtivo de fabricação de qualquer produto se torna mais urgente quando a conjuntura do mercado não colabora para as vendas. Como isso tem sido realidade há algum tempo no setor moveleiro, os produtores de tintas e vernizes trabalham para colaborar com os fabricantes de móveis neste quesito. Reduzir custos dos processos de aplicação de tintas nos móveis requer mais conhecimento sobre novas tecnologias, métodos e sistemas, além de produtos e projetos mais adequados à linha de produtos.

Na análise do diretor da Sayerlack, Marcelo Cennachi, o maior custo é o desperdício e o retrabalho na linha de pintura. “A indústria pode reduzir o custo por m² utilizando produtos de maior eficiência, cobertura, rendimento e performance junto a linha de pintura. Na Sayerlack temos um serviço diferenciado que identifica e orienta a indústria a reduzir seus custos de pintura por m² de acordo com a linha de pintura implantada”, afirma o diretor.

Utilizar tecnologias de alto desempenho é a melhor forma de atingir esse objetivo. A AkzoNobel, de acordo com a gerente de produto para a América Latina, Alessandra Zanuto, possui um laboratório dedicado à pesquisa e desenvolvimento destes tipos de revestimentos. “Trazemos soluções para atingir essas necessidades de mercado, sempre alinhando desenvolvimentos globais e aplicando soluções locais as necessidades do mercado sul-americano”, diz.

Melhorias podem ser incorporadas a processos de modo progressivo, mediante treinamentos sistemáticos e que envolvam a equipe de profissionais da produção. “Reduzir custos na pintura por m² exige também foco nos detalhes, como diminuir perdas em cada aplicação. Tomar providências para reciclar sobras de materiais como tintas e solventes também é importante, já que há empresas que lucram com o reaproveitamento de insumos”, conta o diretor industrial da Montana Química, Dulcídio Ramires Macedo.

O gerente comercial da Tecbril, Evandro Reis, propõe que mudanças no processo, por meio de equipamentos e procedimentos mais eficientes, também é uma alternativa. “O que possibilita uma significativa redução de energia são fornos de secagem mais econômicos e eficientes. Equipamentos de pulverização, no sistema eletrostático, também traduzem um menor consumo de tintas. É fundamental uma programação, também com atenção especial aos processos internos, com redução de retrabalhos, desperdícios e melhor controle de produção”, assinala.

Infinitas possibilidades das cores

Para a indústria moveleira alcançar este objetivo, nos últimos anos os fornecedores têm criado soluções tecnológicas que ainda podem ser mais exploradas. “As mais modernas tecnologias são processos que utilizam produtos base água, ultravioleta, ultravioleta base água e ultravioleta com cura LED, que proporcionam alguns ganhos como economia de energia e menor impacto ambiental, o que de alguma forma traz uma melhor performance por m² na linha de pintura”, define Cenacchi, da Sayerlack.

“Um exemplo é a linha de tintas Base Água, produto com apelo ecológico e com qualificações superiores em acabamento e resistências finais. Outro é a ultravioleta (UV), com destaque na aplicação spray do verniz UV alto brilho, que promove a agilidade no processo, com tempo total reduzido, além de um brilho mais intenso e um acabamento requintado”, aponta Reis.

Alessandra, da AkzoNobel, aponta a linha de Primers base água da empresa que apresenta um maior poder de cobertura com o qual pode-se alcançar uma economia de cerca de 10% em consumo por m². “Apresenta um nível de acabamento superior aos sistemas convencionais hoje utilizados. Outra tecnologia é o verniz UV alto brilho em que se pode diminuir em até 50% a cama aplicada por m², mantendo a qualidade a as especificações do produto aplicado”, declara.

“A tecnologia de cura por sistema LED é uma das últimas inovações para acabamento de móveis. Os principais benefícios desta tecnologia é a possibilidade de uma forte redução no consumo de energia elétrica, além de um menor custo de manutenção e baixa temperatura do equipamento, garantindo maior segurança para os funcionários”, acrescenta.

Macedo, da Montana, também aponta que sistemas base água, hoje em ascensão no mercado, com o tempo tornam-se realidade e trazem apelo ambiental positivo que potencializa ganhos financeiros das empresas. Vernizes UV também proporcionam alta produtividade em móveis seriados.

“Sua aplicação em superfícies variadas como madeira, vidro, plásticos e metais exige profissionais preparados. A indústria moveleira tem ainda um longo caminho no país em busca de qualidade e competitividade, mas a aproximação dos moveleiros com os fabricantes de equipamentos e os de tintas é um caminho que beneficiará a todos”, assinala o diretor industrial.

Tendências e inovações

O que está em voga no mercado atualmente são as cores. Cores claras continuam como preferência, mas tons mais vivos e intensos também são adotados. “O acabamento alto brilho também é uma ótima alternativa no que se refere a agregar valor ao produto final, pois valoriza as cores e efeitos aplicados”, aponta

Evandro Reis, da Tecbril. “Móveis com a harmonia de cores claras e escuras, tais como Maple e Wengue, também são bastante aceitas. Apesar da preferência em acabamentos com alto brilho, acetinados e foscos são também acabamentos de consumo importante na indústria moveleira”, assinala Alessandra Zanuto, da AkzoNobel.

As cores do ano eleita pela Pantone em 2016 – Rosa Quartz e Azul Serenity – também marcam presença: um rosa quente acolhedor e um azul suave. “Esses tons, mais descontraídos, também podem ser interessantes para o espaço corporativo, afinal, são cores que remetem a equilíbrio, bem-estar e inspiram o sentimento de ordem e paz, sensações muito bem-vindas em um escritório. Mesmo com a maior parte do mobiliário puxando para a sobriedade, uma ou outra peça pode seguir a tendência das cores do ano”, frisa Alessandra.

Em inovações, produtos ignífugos, que evitam a propagação de chamas, e contra a proliferação de germes, tornando a superfície mais higiênica, são soluções mais conhecidas. Já a impressão digital, que utiliza tintas e vernizes desenvolvidos a partir de nanotecnologia que podem ser base água e ultravioleta, surge como grande possibilidade de diferenciação para o mobiliário.

O diretor da Sayerlack explica que a impressão digital se assemelha a uma impressora jato de tinta em grande escala e o processo e setup da produção é bastante simples. “A escolha da imagem a ser impressa é feita por meio de um computador que transfere/imprime a imagem para a superfície de madeira com alta definição de detalhes”.

Acabamentos multiuso também são algumas das recentes novidades. “A principal vantagem deste acabamento é a possibilidade de uso do mesmo produto (e do mesmo catalisador) sobre diferentes superfícies como vidro, alumínio e BP sem primer/fundo; e madeira, MDF e MDP com primer/fundo, sem a necessidade de um promotor de aderência”, esclarece o diretor da Sayerlack.

Texturas e impressão tripla

Uma forma de reduzir custo aliada à textura e linhas de impressão do mobiliário é a impressão direta com marcação do veio. “Esse processo reduz a quantidade aplicada de produto, bem como disfarça eventuais imperfeições na peça, o que poderia reduzir os retrabalhos”, menciona Evandro Reis, da Tecbril.

O gerente comercial acrescenta que as linhas de impressão também estão passando pelo mesmo processo de diferenciação. “O que muda é que, ao associar mais rolos (tripla impressão), a nitidez e a qualidade do desenho valorizam e ampliam ainda mais as possibilidades de inovar”.

Na Sayerlack, Marcelo Cenacchi ressalta que a evolução foi constante tanto na elaboração dos processos quanto nos produtos, cores e veios de impressão. “Além da textura de madeira simulando os veios, desenvolvemos uma série de padrões que se assemelham ao tecido (como o linho), couro, veludo, etc. Todos advindos da composição de acabamentos especiais para um acabamento final de alto padrão”, destaca o diretor.

Em texturas, a Montana disponibiliza o Goffrato, tratamento PU de alto desempenho para escritórios e cozinhas, materiais compósitos, madeira maciça e vidro. “As texturas evoluíram muito nestes dois segmentos devido à boa adaptação e versatilidade, pois têm, ao mesmo tempo, boa resistência ao risco, dureza superficial e produtos de limpeza. Tecnologias de ranhuras e de impressão também podem proporcionar texturas diferenciadas”, pontua Dulcídio Macedo.

No caso da impressão tripla, nos últimos anos este processo vem mostrando um crescimento importante junto à indústria moveleira, segundo Alessandra Zanuto, da AkzoNobel. “Não somente por apresentar um custo competitivo, mas também por permitir uma enorme variedade de opções de acabamentos diferenciados, sem perder o efeito da naturalidade da madeira”, avalia.

Este recurso agrega valor e melhora consideravelmente a qualidade do móvel com definição de cores e desenhos mais nítida e com melhor definição. “Além da impressão tripla, existem alternativas que podem auxiliar o fabricante de móveis a diferenciar seus produtos, como sistemas de impressão direta simples, dupla ou tripla sincronizada”, observa Cenacchi, da Sayerlack. Isso comprova que nesse universo de tintas e vernizes para o revestimento de móveis, as soluções são abundantes e cabe à indústria moveleira aproveitar as opções disponíveis para destacar o produto no mercado.

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