Mulheres criam comunidades e ganham destaque na Fimma 2025

Lumberjills, Meu Marido Marceneiro, Priscilla Bencke e o projeto Indústria Delas são algumas vozes femininas que presentes na feira

Publicado em 3 de agosto de 2025 | 08:00 |Por: Thiago Rodrigo

As mulheres projetam, constroem, lideram, criam comunidades e redesenham o setor moveleiro brasileiro. Atenta a essa realidade, a Fimma Brasil 2025, que acontece de 04 a 07 de agosto, em Bento Gonçalves (RS), é palco para um movimento cada vez mais potente: o protagonismo feminino nas áreas técnicas, criativas e de gestão da cadeia moveleira.

Com mais de 15 mil visitantes esperados e projeção de R$ 1,74 bilhão em negócios, a feira se posiciona como um dos principais eventos globais do setor – reunindo mais de 300 marcas nacionais e internacionais de segmentos como máquinas, matérias-primas, ferramentas, tecidos, entre outros. Neste ano, a Fimma reforça ainda mais o seu compromisso com a inclusão e diversidade ao evidenciar iniciativas lideradas por mulheres que estão ocupando espaços na marcenaria, arquitetura, gestão e indústria.

Confira a programação de palestras da Fimma Brasil 2025

Um dos destaques da programação é o Indústria Delas, iniciativa promovida pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs). Na feira, o projeto contempla painéis com histórias de mulheres que conquistaram seu espaço em setores tradicionalmente masculinos. Cintia Buzin, diretora da Metalúrgica Buzin e do Simecs, destaca que a região da Serra Gaúcha conta com 27% de participação feminina nas indústrias metalmecânicas – número acima da média nacional, que está em 24%.

“Já foi provado que as mulheres são mais dedicadas e comprometidas, o que falta neste momento é esse olhar e esse ‘empurrão’ para que nossas indústrias possam ter uma equipe mais diversa. Com a falta de mão de obra qualificada, por que não qualificar mulheres para estas vagas, que muitas vezes não conseguem ser preenchidas? O projeto Indústria Delas tem justamente esse objetivo de capacitar, criar relacionamento e inspirar mulheres a permanecerem e evoluírem profissionalmente”, explica.

Além de Cintia, o projeto Indústria Delas na Fimma tem a participação de Aline Eggers, CEO da Fruki Bebidas; Lisiane Kunst, executiva da Artecola e fundadora da Kubo Consultoria; e Maristela Cusin Longhi, sócia-diretora da Multimóveis.

Marcenaria com liberdade

Criada pelas amigas e empreendedoras Letícia Piagentini e Fernanda Sanino, a Lumberjills surgiu da vontade de “colocar a mão na massa” e provar que a marcenaria também é lugar de mulher. Com oficinas próprias e forte atuação nas redes sociais, a marca se tornou referência nacional em marcenaria e tapeçaria criativa. “A LumberJills nasceu como espaço de criação, comunidade. Nosso propósito sempre foi mostrar que marcenaria não é só sobre técnica, é sobre querer fazer. O lugar de todas nós é onde queremos estar”, afirma Fernanda.

Na Fimma 2025, as fundadoras da Lumberjills são embaixadoras da marcenaria feminina e participam da programação da Praça de Inovação, compartilhando sua história e inspirando outras mulheres a empreenderem com propósito. “A visibilidade que a Fimma oferece ajuda não só a fortalecer nosso trabalho, mas também a inspirar outras mulheres a acreditarem que esse caminho é possível. Queremos aproveitar esse espaço para levantar conversas importantes, criar conexões e mostrar que a marcenaria pode (e deve) ser mais diversa, acessível e inclusiva”, acredita Leticia.

Fimma Brasil 2025

Fimma Brasil 2025

Fernanda e Leticia

Empreender com ferramentas (e conteúdo)

Com mais de 1,1 milhão de seguidores no Instagram, o projeto Meu Marido Marceneiro, liderado por Ana Boaventura e Bernardo Costa, tornou-se um fenômeno no segmento. Ana, que atua na gestão da marca e na criação de conteúdo, vê um movimento crescente de mulheres liderando negócios e conciliando múltiplos papéis.

“O público feminino sempre esteve presente nas nossas redes, mas nos últimos anos ele tem crescido muito, especialmente com mulheres empreendendo, aprendendo a usar ferramentas e colocando a mão na massa. Temos muitas histórias lindas, mas uma que me marcou foi de uma seguidora que começou a montar móveis inspirada por nossos vídeos e hoje tem uma clientela própria, conciliando com a maternidade. É bonito demais ver esse protagonismo feminino se desdobrando em tantas direções”, lembra Ana.

Na Fimma deste ano, Ana e Bernardo palestram sobre tecnologia na marcenaria, que é um tema fundamental para quem quer crescer com sustentabilidade e competitividade. “A Fimma tem um papel essencial em ampliar o olhar do setor. A marcenaria é técnica, sim, mas também é gestão, criatividade, inovação e negócio – e em todas as disciplinas as mulheres têm muito a contribuir. O público pode esperar uma conversa real, prática, com conteúdo de verdade para quem vive o dia a dia da marcenaria, como a gente vive”, antecipa.

Da arquitetura à neurociência

Arquiteta, mentora, palestrante e autora do best-seller Ambientes que Inspiram, Priscilla Bencke é uma das vozes femininas mais influentes quando o assunto é a integração entre espaço e comportamento humano. Cofundadora da NeuroArq Academy, ela traz para a Fimma 2025 uma abordagem de como a arquitetura, aliada à neurociência, pode transformar a experiência das pessoas nos ambientes.

Priscilla atua com foco em projetos corporativos e humanizados, e vê nas mulheres uma força crescente para repensar a arquitetura e o design com mais propósito, empatia e sensibilidade. “Hoje, 98% do público das minhas aulas é feminino. Percebo que mulheres se desenvolvem mais profissionalmente, especialmente naqueles temas que se conectam também com questões relacionadas à sensibilidade humana. Elas querem entender como seus projetos impactam a vida das pessoas e buscam uma atuação com mais propósito e mais conectada com o ser humano”, explica.

Fimma Brasil 2025

Priscilla Benke

Esse protagonismo, segundo ela, ainda enfrenta desafios, especialmente no posicionamento profissional. “Muitas mulheres que eu mentoro têm dificuldades em se valorizar, precificar seu trabalho e conquistar espaço de forma segura. Existe um peso cultural que a gente traz de gerações passadas e que ainda influencia a forma como nos vemos no mercado”, resume Priscilla.

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