Presidente da Abimóvel comenta impacto do tarifaço na indústria moveleira
Irineu Munhoz comenta o impacto do tarifaço na indústria moveleira e o trabalho que a entidade faz para ajudar o setor
Publicado em 8 de agosto de 2025 | 20:15 |Por: Thiago Rodrigo

Entre as exportações de móveis brasileiros, os Estados Unidos é o maior mercado importador, com cerca de 30% das exportações se destinando ao país norte-americano. Entre os maiores estados exportadores para este destino, estão Santa Catarina. Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. “São os que mais vão sofrer com a questão do ‘tarifaço’”. É o que frisa o presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), Irineu Munhoz, após o “tarifaço” entrar em vigor nesta quarta-feira, 6 de agosto.
Munhoz explica que o importador estadunidense fica inseguro com o preço que ele vai receber o mobiliário fabricado no Brasil e, por isso, houve a suspensão de contratos – o governo de Donald Trump anunciou que as cargas embarcadas no Brasil até 7 dias após a ordem executiva de Trump (ou seja, até o dia 6 de agosto) e que chegarem aos EUA até 5 de outubro estão isentas da tarifa adicional de 50% (sendo tarifado em 10%).
Ainda assim, Munhoz recebeu informações de indústrias moveleiras que já entraram em férias coletivas. “Tememos um prejuízo muito grande para essas empresas. Nós temos empresas que são bastante dependentes do mercado americano. São empresas que exportam, às vezes, 80% da sua produção para os EUA com produtos exclusivos, que muitas vezes essa empresa não consegue recolocar em outro mercado”, conta e avalia Irineu.
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Irineu Munhoz, presidente da Abimóvel, durante a Fimma 2025
Se a indústria de móveis brasileira perde esse cliente, todo o desenvolvimento do produto será perdido, segundo o presidente da Abimóvel, bem como não seria do dia para a noite que vão achar outros mercados para fornecer o mobiliário. Segundo Irineu, há casos de empresas em Santa Catarina com um modelo de negócio de produção de móveis com design exclusivamente para o consumidor dos EUA.
Desse modo, o tarifaço na indústria moveleira já impacta mais de 100 empresas, majoritariamente de Santa Catarina (este pelo volume e pela característica de serem móveis de madeira maciça), Paraná e Rio Grande do Sul, mas também pelo menos uma empresa exportadora em cada estado brasileiro.
Papel da Abimóvel sobre o impacto do tarifaço na indústria moveleira
Para contornar este cenário, a Abimóvel, por meio de Irineu e a diretora-executiva Cândida Cervieri, teve várias reuniões com o Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) representando o setor moveleiro. “Mostramos que podemos ter uma perda de 10 mil empregos diretos caso a posição se consolide. Por isso, temos pedido ao governo que seja diplomático, que negocie e que seja usado a diplomacia”, diz e acrescenta:
Um dos pedidos da Abimóvel é uma linha de financiamento acessíveis para o fluxo de caixa das empresas que serão afetadas e medidas protetivas de empregos semelhante ao que foi feito durante a pandemia. “Temos vários pedidos que nós estamos encaminhando ao governo e estamos trabalhando buscando soluções junto aos parceiros utilizando outros canais jurídicos para uma interpretação mais precisa do acontecimentos. Estamos fazendo tudo que está ao nosso alcance”.
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Nessa quinta-feira, o vice-presidente Geraldo Alckmin que é o ministro do Mdic, reafirmou que o plano de contingência do Governo Federal para ajudar os setores afetados pelo tarifaço de Donald Trump está pronto para análise do presidente Lula e equipe. “O plano de contingência é exatamente para poder atender aquelas empresas que foram mais afetadas, que têm uma exportação maior para os Estados Unidos”, disse Alckmin.
Segundo a Agência do Governo Federal, Alckmin diz que a tarefa do Brasil é trabalhar para diminuir a alíquota e para excluir o máximo possível do “tarifaço”. “E, de outro lado, ter esse plano de contingência para atender os setores que são mais expostos às exportações para os Estados Unidos”, afirmou Alckmin. Segundo o Mdic, a tarifa máxima de 50% afeta 35,9% das vendas de produtos brasileiros aos Estados Unidos, e 44,6% estão na lista de exceções e continuam a pagar 10% de tarifa.
Não é o melhor dos cenários para o setor moveleiro brasileiro exportador, é claro, mas algo positivo disso tudo na visão de Irineu Munhoz, é que algumas empresas que não são associadas à Abimóvel sentiram que a associação está para ajudar as empresas moveleiras. Segundo Munhoz, é preciso ter mais por que um setor mais unido tem mais força justamente em momentos como esse.