Governança tributária será crucial a partir de 2026
Governança tributária ganha urgência com a transição para o IVA em 2026. Estudo aponta que 95% das empresas pagam tributos acima do necessário
Publicado em 10 de dezembro de 2025 | 08:26 |Por: Julia Magalhães

A reforma tributária brasileira entra em uma nova etapa a partir de 2026, com a implantação em fase de testes da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).
O período marca o início da convivência entre os dois sistemas – o atual e o novo modelo baseado no Imposto sobre Valor Agregado (IVA) – que seguirá até 2033. Esse cenário exige das empresas atenção redobrada, com sistemas preparados para operar em paralelo e equipes capacitadas para lidar com regras distintas por quase uma década.
Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação, 95% das empresas no País pagam mais tributos do que deveriam – resultado de erros na apuração, desconhecimento de benefícios fiscais ou adoção incorreta de regimes tributários. Esse quadro tende a se agravar, de acordo com especialistas, diante das novas exigências do fisco e da intensificação da fiscalização eletrônica.
Para a tributarista, Maynara Fogaça, especialista em auditoria de crédito tributário, o momento é decisivo. “Existe uma diferença brutal entre pagar imposto e pagar certo. A partir de 2026, com novas bases de cálculo e um ambiente de fiscalização cada vez mais automatizado, a falta de governança passa a representar risco direto ao caixa e à estratégia da empresa”, afirma.
Mercado moveleiro deve reforçar controles fiscais
O novo modelo exigirá que empresas cumpram as obrigações tradicionais ao mesmo tempo em que alimentam o sistema com dados do IVA, possibilitando que o governo ajuste alíquotas. Essa duplicidade aumenta a complexidade tributária e, para setores com alto volume de notas fiscais, como o varejo moveleiro, o risco de inconsistências se eleva.
A cadeia de móveis – marcada por operações interestaduais, créditos presumidos, regimes especiais e, muitas vezes, múltiplos enquadramentos tributários – deve estar atenta ao impacto direto da transição.
Erros na escrituração, parametrizações desatualizadas e falta de integração entre setores fiscais e operacionais podem resultar em autuações, glosas e bloqueios de compensações. “A base tributária precisa estar alinhada com a operação. Inconsistências que antes passavam despercebidas hoje são identificadas quase de imediato”, alerta Fogaça.
Além disso, o setor pode ser beneficiado ao revisar os últimos cinco anos de tributos pagos, especialmente nos regimes de lucro real e presumido, buscando identificar créditos ignorados ou pagamentos indevidos.

Maynara Fogaça, tributarista e referência nacional em auditoria de crédito tributário | Crédito: Divulgação
Quatro pilares para uma governança eficaz
De acordo com a especialista, uma governança tributária sólida deve se apoiar em quatro eixos principais:
- Diagnóstico tributário atualizado: mapear riscos e simular cenários com base nas novas regras do CBS e do IBS.
- Revisão dos últimos cinco anos: apurar oportunidades de recuperação de créditos e identificar erros históricos.
- Automação e tecnologia fiscal: revisar parametrizações e integrar sistemas, minimizando falhas humanas.
- Cultura fiscal estratégica: levar o tema tributário ao nível decisório, com auditorias recorrentes e indicadores próprios.
Para Maynara, adotar uma postura ativa desde já pode garantir vantagens competitivas no futuro. “Governança tributária não é apenas prevenção. É inteligência aplicada ao negócio. Rever o que foi pago, ajustar processos e antecipar riscos é uma das decisões mais estratégicas que uma empresa pode tomar diante da nova realidade fiscal”, conclui.
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