A mudança da sociedade e o impacto no futuro do varejo
Em artigo publicado originalmente na Móbile Fornecedores 310, Andrea Krause, aborda o futuro do varejo de móveis e os novos caminhos para melhorar a jornada de compra
Publicado em 24 de setembro de 2021 | 11:22
Por conta da pandemia, o varejo de móveis está sendo impulsionado para fazer uma entrega mais completa ao consumidor. As mudanças não são somente no mundo tecnológico e digital, mas também em como melhorar a jornada de compra e o design, observando os novos valores de viver em sociedade.
Por trás de grandes varejistas há o valor do que se ganha, mas a entrega precisa estar alinhada às expectativas dos seus consumidores, isso significa mudar o foco, ou seja colocar as necessidades dos clientes em primeiro lugar. Essas transformações vão desde a seleção de produtos, mix ofertado, a forma como projetar e comercializar os móveis, e a experiência de compra, ou seja, o que o consumidor sente ao consumir móveis.
As lojas físicas podem oferecer muito mais experiências, começando pela proposta da marca, seus valores e posicionamento. Ampliar o relacionamento com seu público para entender necessidades e oferecer soluções de design diferentes das tradicionais, ou seja, vender o que o consumidor deseja comprar e não o que o varejo está ofertando. Podem ser locais de interação para experiências físicas e digitais.
A Ikea se tornou uma das maiores marcas de varejo de móveis porque seus produtos são acessíveis mantendo a qualidade e o design democrático. Um dos principais pontos da estratégia da marca é definir o público que desejam atingir antes de projetar o móvel.
As empresas com cultura voltada às pessoas sabem que a pandemia transformou as atividades cotidianas, as pessoas estão valorizando mais a melhor relação custo-benefício, repensando o que é importante de fato adquirir para planejar um futuro mais sustentável. Se por um lado as mudanças chegam em ritmo acelerado, será mais relevante manter o foco no consumidor, portanto a saída para muitos varejistas é entender bem profundamente quem são os seus “omniconsumidores” e ofertar o que buscam, tanto na loja física quanto no online.
Há uma tendência à vida mais simples, o chamado movimento Slow, uma conscientização global sobre a proposta de viver sem pressa, desacelerando o ritmo do consumo e da sociedade, questionando o que consumimos. Significa estar atento a temas sobre o impacto das ações sobre o meio ambiente, valores éticos e sociais, ante os modos de viver e trabalhar para rever os estilos de vida e as relações, reduzindo os excessos. Focando na qualidade e no bem-estar físico e mental, estamos falando do essencial, essa tendência traz o chamado Slow Market, mercado para marcas conscientes e sustentáveis.
Entre os valores do movimento Slow podemos destacar investimentos em produtos de maior durabilidade e qualidade, em contraponto à quantidade e acumulo das coisas, responsabilidade sobre os recursos materiais, minimalismo, valorização da cultura local e do meio ambiente, através do consumo consciente e do cuidado com o ser humano.
Será que o futuro do varejo de móveis demandará mudanças rápidas de valores, prevendo novos comportamentos e hábitos? Ou o principal obstáculo continuará sendo uma cultura empresarial muito conservadora, ainda resistente e pouco focada nas necessidades dos seus consumidores? Melhorar a experiência de compra, estabelecer um relacionamento com a marca e ampliar a qualidade dos móveis pode ser uma tendência muito positiva para o futuro dos negócios pautados em novos valores.
O conteúdo dos textos das colunas do Portal são de inteira responsabilidade dos seus autores originais