Afiação de ferramentas

Publicado em 1 de agosto de 2025 | 09:55

A afiação das ferramentas é algo rotineiro em uma indústria moveleira. Exceto em alguns casos, a grande maioria delas, tanto constituídas em metal duro (widea) quanto em diamante (PCD), permitem que o processo seja realizado. Para realizar a afiação, é muito comum ter em estoque uma ferramenta reserva. Deste modo, enquanto uma é amolada, a produção não é afetada. Entretanto, para reduzir o valor em estoque no almoxarifado, muitas empresas optam por não possuir um item reserva para usinagens menos frequentes.

Se sua empresa adota esta política, é muito importante estar ciente do prazo de afiação de uma ferramenta, incluindo a logística. Dificilmente o custo para manter um item reserva em estoque será maior do que o prejuízo que um atraso na produção pode causar. É muito comum casos em que a demora para afiação pode ser até maior que 15 dias, por isso sempre consulte seus fornecedores e se mantenha aberto à novas opções.

Saber a hora exata de fazer a manutenção na ferramenta pode gerar muita economia. Conforme for perdendo o fio, os esforços de corte sobem gradativamente, o que causa um dano no fio de corte cada vez maior. Desse modo, trabalhar com a ferramenta uma semana além do ideal pode causar o mesmo dano que três meses causariam operando em boas condições. Isso afeta diretamente a quantidade de vezes que uma ferramenta pode ser afiada. Quanto maior o dano, maior será a remoção de material para que ela fique apta para o uso.

Devido ao local onde cada tipo de ferramenta é amolada, existe uma diferença na afiação entre o metal duro e o PCD. Enquanto o metal duro reduz menos de 0,1 mm de diâmetro, o PCD tem uma redução de 0,6 mm a 1,2 mm por afiação, conforme o dano no fio de corte.

Apesar de não parecer muito, isso é uma questão que sempre deve ser verificada ao realizar a troca da ferramenta, afinal, a redução do diâmetro será espelhada na peça usinada, podendo deixá-la fora de tolerância e gerar retrabalhos.

Devido a essa redução de diâmetro no PCD, ao comprar uma ferramenta nova, sempre verifique a largura da pastilha (também chamada de altura). Ela determinará a quantidade de vezes que uma ferramenta poderá ser afiada. No mercado, comumente essa medida varia de 3,5 mm a 6 mm, dependendo do tipo de ferramenta e do fornecedor. Mas tenha cuidado! Com o passar do tempo, o corpo da ferramenta também sofre danos e desgaste, podendo acabar com a vida útil antes mesmo de terminar as afiações.

Além disso, conforme uma ferramenta é afiada, a área responsável pelo escoamento de cavaco, que sempre fica à frente da pastilha, é reduzida juntamente com o diâmetro. Principalmente em ferramentas pequenas e em processos que operam em grandes velocidades de avanço, perto do final da vida útil, é comum o surgimento de defeitos de acabamento na peça usinada. Isso está fortemente ligado à perda da capacidade de escoamento de material. Em teoria, quanto maior a pastilha, maior o custo do produto, por isso, o ideal é sempre buscar por uma ferramenta que tenha uma altura de pastilha coerente com o processo, onde todos os fatores aqui mencionados cheguem no fim da vida útil juntos.

Quando saber a hora certa de afiar?
Esta é uma dúvida muito comum dentro da indústria moveleira. Operadores com experiência muitas vezes sabem isso apenas pelo ruído que a ferramenta faz, mas uma das únicas formas usuais e precisas para determinar isso é através do uso de amperímetros nos motores da máquina. Conforme a fresa perde o fio, o esforço de corte é aumentado, fazendo o motor usar mais corrente elétrica. Ao instalar um amperímetro fixo no motor, é possível determinar com qual valor de corrente a ferramenta perdeu seu fio. Com este parâmetro, basta o operador monitorar e realizar a troca de ferramenta assim que tal valor for atingido. Por mais que o tipo de material usinado também afete o esforço de corte, em seccionadoras e em coladeiras de borda principalmente, este é um recurso que pode ser facilmente utilizado, garantindo que a ferramenta sempre seja afiada no momento certo.

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Anderson Peruzzo

Engenheiro mecânico especialista no processo de usinagem e na fabricação de móveis e outros artigos em madeira. CEO da AP Solutions, empresa de assessoria e treinamentos para indústrias do ramo moveleiro e produtos derivados da madeira. Através da disseminação do conhecimento, a AP Solutions tem como objetivo tornar o setor cada vez mais tecnológico, eficiente e competitivo a nível internacional.

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