Congresso Nacional Moveleiro aborda humanização da sociedade
Humanização das pessoas é levantada por Danni Suzuki, enquanto Tom Grando mostrou “tiny houses” e Elisa Mielke a relação de casa e móvel
Publicado em 2 de outubro de 2024 | 08:30 |Por: Thiago Rodrigo
Na tarde de terça-feira, no 11º Congresso Nacional Moveleiro, a influenciadora digital Danni Suzuki mostrou “o potencial humano e o poder da solidariedade”, seguida de Elisa Mielke que falou sobre a relação da casa e mobília, ao passo que Tom Grando destacou o uso de tiny houses em São Luiz do Puruña.
Danni Suzuki contou sua experiência de vida no qual vivenciou em muitas tribos de pessoas em diferentes partes do mundo, ressaltando que o principal ganho disso tudo foi a maneira como se adaptou a todas as diversas situações que vivenciou. “A gente precisa se adaptar a essas pessoas e se é um desafio muito grande quando está aberto a viver as experiências, imagina quando não está”, disse.
A Geração Z, nascidos entre 1995 e 2010, é a primeira geração da história a ter rede social antes da adolescência. É também o maior índice da história de suicídio de 14 a 25 anos. “Os jovens estão perdendo o valor, mais de 1/3 dessa faixa nem estuda e nem trabalha”, disse Daniela, que acrescentou: “Hoje precisamos investir na educação de valores humanos e inteligência emocional, na educação dos nossos sentimentos”.
Com a tecnologia, de acordo com Daniela se está terceirizando a educação para os dispositivos, alegando que não se deve ter medo dela, mas sim da desumanização que ocorre. “Uma das coisas mais difíceis é dialogar com pessoas tão diferentes de você, conectar-se com outras pessoas sem deixar de ser quem é”, falou Daniela antes de apresentar cinco pontos chave para os visitantes.
– Identidade: Daniela percebeu que todos os povos que viveu tem conexão com a história familiar e as tradições em um conjunto de memórias, crenças, sentimentos e valores.
– Comunicação humanizada: é uma das ferramentas mais poderosas do ser humano capaz de resolver qualquer tipo de conflito, tratando-se de ouvir e se interessar pela história do outro, mostrando para ele que ele importa.
– Sintonia: a conexão humanizada é uma ponte para a sintonia, do qual não é sobre qual sentido o outro faz na nossa vida, mas qual o sentido fazemos na vida do outro.
– Coletividade: tudo o que se faz de forma coletiva é quando se faz as grandes mudanças. O ser humano foi projetado para o coletivo e hoje é preciso reconstruir o ser humano, não só a identidade, mas com seus valores morais, suas crenças, honestidade que não pode ter um valor relativo.
– O servir é a quinta chave que Danni mostrou e que considera a mais importante de todas. Segundo ela, o ser humano foi feito para transcender, diferente do computador, por exemplo, bastante presente em diferentes formas.
“Hoje precisamos compreender que precisamos crescer e servir é uma dádiva, é a oportunidade de transcender a própria existência. O propósito é algo muito maior e é a maior oportunidade para transcender. Precisamos desenvolver um amor incondicional pelo outro. Estamos muito conectado no ter. Cada um tem o seu propósito, mas na verdade ele é o mesmo para todos nós, é o servir, é entender que não estamos aqui pela gente, estamos aqui pelo outro”, disse Daniele.
O morar faz parte da vida
Elisa Mielke, arquiteta, mestre em design e presidente da Associação Confraria de Arquitetura e Design de Curitiba (PR), falou sobre “a relação casa e mobília – habitando com responsabilidade”, quis entender e mostrou o significado do morar, da casa e do móvel. Na feira de Milão deste ano, Elisa e seu escritório de arquitetura notou uma volta do valor do móvel, padronização de tecidos que trazem lembranças do passado.
“É no passado que moram nossas referências, de alegria, de dor, de apoio, porque praticamente não vivemos o presente, estamos tumultuado e carregado de coisas, enquanto nosso futuro é incerto”, disse. A expectativa para o lar é pessoal e intransferível, segundo Elisa, que argumenta que estamos em eterna construção. “O móvel é a sua casa, é pertencimento, colabora para a personalidade e identidade, sendo um trabalho muito importante que nós arquitetos e designers temos de servir ao construir espaços”.
Uso sustentável de materiais construtivos
A construção civil é responsável por um terço da emissão de carbono na atmosfera, considerando toda a cadeia de uso de materiais, de acordo com Tom Grando, biólogo e consultor em planejamento de áreas naturais sensíveis, entre outros, da Tiny Teke Casas Nômades, em sua palestra “Construção off site e o uso racional e sustentável de materiais construtivos – um caso de sucesso em São Luiz do Purunã”.
Ele mostrou o conceito de morar em carros das pessoas nos Estados Unidos que depois passou para casas mínimas ou minimalistas como alternativa de vida econômica, moderna e sustentável. Um estudo feito país americano comparou casas convencionais com “tiny houses”: proprietários de tiny houses tem chance maior de terem feito mestrado ou doutorado, por exemplo, tendo mais dinheiro guardado, usam menos crédito e sobra dinheiro para viver, viajar ou estudar.
Tom mostrou os primeiros protótipos de tiny houses, Duna e Savanna, dos modelos de tiny houses, que é qualquer casa com menos de 36 m². A instalação de tiny houses em São Luiz de Purunã foi o case que Tom apresentou em um arranjo jurídico único com a escolha de propriedade com atributos ambientais adequados, análise das condições, planejamento de slots e comodato com a definição de regras de uso – o local é a primeira vila de tiny houses do Brasil, tendo energia, água e esgoto de maneiras singulares.
Tom destacou a modificação da paisagem para a construção de casas convencionais, alterando todo o ambiente e a natureza local com enorme intervenção humana para o uso de materiais da construção civil, destacando a diferença que tiny houses possibilitam a esses mesmos espaços, em confluência com o meio ambiente.