Top móbile e mulheres na marcenaria no 2º dia de ForMóbile 2022
Segundo dia de evento contou com a final do Prêmio Top Móbile 2022, que revelou as marcas mais lembradas, além de abordar as mulheres na marcenaria
Publicado em 7 de julho de 2022 | 12:37 |Por: Thiago Rodrigo
Além da revelação das marcas mais lembradas no Prêmio Top Móbile, o segundo dia da ForMóbile 2022 – Feira Internacional da Indústria de Móveis e Madeira trouxe a temática da presença feminina nesse setor e os desafios a serem superados para que as mulheres alcancem equidade de salário e de oportunidades.
A participação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro aumenta cada vez mais, inclusive em funções que até pouco tempo eram predominantemente masculinas. De acordo com números do Ministério do Trabalho, a presença feminina na indústria, onde encontra-se também o setor moveleiro, cresceu 14,3% em 20 anos.
Embora ganhem mais espaço na indústria, na marcenaria as mulheres ainda são minoria: 3,4% de mulheres contra 96,6% de homens. As marceneiras também enfrentam grande desigualdade salarial, recebendo em média 14,8% a menos que os homens. Os dados são do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de 2019.
Por isso, a ForMóbile trouxe ao pavilhão do São Paulo Expo o tema “Protagonismo feminino na marcenaria”. O painel contou com a participação de Letícia Piagentini e Fernanda Amaral, da LumberJills, empresa de marcenaria e tapeçaria criativa fundada por elas. As sócias estão à frente do projeto há oito anos e, além dos serviços de marcenaria, elas também ministram cursos práticos.
“Decidimos investir em uma oficina devido à nossa afinidade profissional e não pela temática feminina, porém, com menos de três meses de funcionamento, percebemos o quanto essa temática é importante. Foi assim que decidimos levantar essa bandeira com força”, explica Fernanda.
Preconceito com mulheres na marcenaria
O preconceito é ainda um tema muito presente no cotidiano das mulheres que executam esse trabalho. Durante a apresentação, as palestrantes reforçaram a importância de combater estereótipos e o machismo na profissão.
“Gostamos de brincar com essa apresentação, porque ilustramos como as pessoas enxergam a marceneira. O imaginário popular passa pela imagem do homem rústico ou até da criança que brinca com ferramentas. É bastante comum as pessoas não acreditarem que somos nós que colocamos a mão na massa. O que queremos é popularizar a imagem da marcenaria, que é apenas uma mulher comum que escolheu esse trabalho”, destacam as sócias.
Quando questionada sobre as dificuldades em relação às funções do dia a dia, como carregamento de peso, Letícia explica que essa é uma situação que afeta ambos os sexos. “Sou mãe e trabalhei durante toda a gravidez, respeitando o meu limite. Existem equipamentos que nos ajudam a poupar esforços e o uso de EPIs também é indispensável”.
Fernanda complementa: “Hérnia de disco não acontece só com mulher, esses são cuidados que devem ser tomados por todos”. A Lumberjills não trabalha exclusivamente com mulheres, a marca busca propagar a igualdade de gênero tendo um amplo e diverso quadro de colaboradores e alunos.
O bate-papo no Palco ForMóbile contou ainda com Fernanda Barretto, da Oficina umauma, e com a arquiteta Juliana Pinheiro, mediadora do painel e integrante do Comitê de Arquitetos da ForMóbile. Barretto enfatizou que a marcenaria feminina pode mudar a vida de centenas de mães de família.
“Faço parte de um projeto que capacita mulheres para a marcenaria em áreas rurais. Já fui muitas vezes para Altamira, no Pará, onde ajudei a construir um espaço de marcenaria e um parquinho para crianças, de modo que permita que as mulheres do local possam trabalhar, ajudar na renda de casa e terem onde deixar seus filhos para brincar”. Fernanda é também professora, ministra workshops de colher de pau e afiação de ferramentas.