Abimóvel representa indústria de móveis em reunião sobre tarifaço

Pauta incluiu pedido de adiamento do tarifaço em 90 dias, além de proposta de diálogo com o governo americano

Publicado em 21 de julho de 2025 | 14:00 |Por: Thiago Rodrigo

A Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário) participou na última terça-feira (15), em Brasília (DF), de reunião convocada pela Presidência da República e liderada pelo vice-presidente do Brasil e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, para discutir os impactos da tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros na última semana. A medida, que passa a valer já em 1º de agosto, afeta diretamente setores industriais relevantes para a economia nacional, como o de móveis e colchões. A entidade foi representada pelo presidente Irineu Munhoz.

O encontro marcou o início das atividades do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, criado por decreto presidencial nesta segunda-feira (14) para discutir caminhos e regulamentar a Lei da Reciprocidade Econômica (Lei nº 15.122/25), aprovada em abril pelo Congresso Nacional. Além de Alckmin, o comitê é composto pelos ministros da Casa Civil, Rui Costa; das Relações Exteriores, Mauro Vieira (representado na reunião pela embaixadora Maria Laura da Rocha); da Fazenda, Fernando Haddad; do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet; e dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.

Durante a reunião, representantes da indústria pediram que o Governo Federal priorize, a princípio, o adiamento da vigência da tarifa por pelo menos 90 dias, a fim de permitir maior previsibilidade e tempo de adequação para os setores afetados. Isso, enquanto atua em uma negociação com os Estados Unidos visando a reversão da medida, de maneira justa e preservando princípios bilaterais.

Também defenderam que o Brasil evite retaliações precipitadas e concentre esforços em soluções técnicas e diplomáticas. Entre os encaminhamentos propostos, estão ainda o reforço no diálogo com empresas e entidades norte-americanas integradas às cadeias produtivas brasileiras e a busca por articulação entre representantes industriais dos dois países.

No caso do setor moveleiro, os efeitos do novo “tarifaço” sobre o Brasil são particularmente sensíveis. Os Estados Unidos são historicamente o maior parceiro comercial do setor, tendo concentrando 27,6% do total de móveis e colchões prontos embarcados pela indústria brasileira em 2024.

Em comunicado oficial publicado na última semana, a Abimóvel defendeu a abertura de canais institucionais de negociação entre os governos brasileiro e estadunidense, destacando a importância da previsibilidade, do equilíbrio e do respeito mútuo nas relações comerciais. A associação também reiterou sua disposição de colaborar com informações técnicas e inteligência setorial para contribuir com soluções diplomáticas e estratégicas.

Além do setor de móveis, a agenda do comitê inclui reuniões com representantes de outros importantes setores da indústria de transformação e, no período da tarde, com o agronegócio. O governo brasileiro reafirmou, durante o encontro, que está empenhado em reverter a medida, mas que, caso necessário, poderá pleitear o adiamento do prazo. O Vice-Presidente Alckmin também destacou que a exportação dos Estados Unidos para o Brasil é três vezes maior que o fluxo oposto, tornando a medida incompreensível do ponto de vista econômico.

A estrutura do comitê interministerial prevê dois ritos distintos de resposta: um ordinário, via Camex, com consulta pública e análise técnica; e outro expresso, acionado em situações excepcionais, como o caso atual. Os processos incluem comunicações formais via canais diplomáticos, com vistas à mediação antes da adoção de sanções ou retaliações.

A Abimóvel reforça sua disposição em colaborar com informações técnicas e de inteligência setorial junto às autoridades brasileiras e atores internacionais na busca por soluções diplomáticas e construtivas, que preservem o equilíbrio das trocas comerciais e a sustentabilidade das relações de longo prazo entre os dois países, reafirmando sua atuação em favor da competitividade e da integração global da cadeia de móveis brasileira.Abimóvel

Participaram da 1ª Reunião do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais

Geraldo Alckmin – Vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
Rui Costa – Ministro da Casa Civil
Fernando Haddad – Ministro da Fazenda
Simone Tebet – Ministra do Planejamento e Orçamento
Silvio Costa Filho – Ministro de Portos e Aeroportos
Maria Laura da Rocha – Embaixadora, representando o Ministério das Relações Exteriores
Marcio Rosa, Tatiana Prazeres, Uallace Moreira e Rodrigo Zerbone – Secretários do MDIC
Demais representantes da Casa Civil, Fazenda, Planejamento, Portos e Relações Exteriores

Setor produtivo e entidades
Ricardo Alban – Presidente da CNI
Josué Gomes da Silva – Presidente da Fiesp
Francisco Gomes Neto – Presidente da Embraer
José Velloso – Presidente da Abimaq
Irineu Munhoz – Presidente da Abimóvel
Haroldo Ferreira – Presidente-executivo da Abicalçados
Janaína Donas – Presidente-executiva da Abal
Fernando Pimentel – Presidente da Abit
Paulo Roberto Pupo e Armando Giacomet – Representantes da Abimci
Paulo Hartung – Presidente-executivo da Ibá
Rafael Lucchesi – Presidente da Tupy
Giovanni Francischetto – Superintendente do Centrorochas
Edison da Matta – Sindipeças
Cristina Yuan – Instituto Aço Brasil
Daniel Godinho – Diretor da Weg
Fausto Varela – Presidente do Sindifer
Bruno Santos – Diretor-executivo da Abrafe
Alexandre Almeida – Diretor da Rima

 

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