Conheça a internet industrial

Associação Brasileira de Internet Industrial nasceu com proposta de reunir empresas em sinergia para o avanço e crescimento dos conceitos da Indústria 4.0

Publicado em 17 de abril de 2025 | 08:00 |Por: Thiago Rodrigo

Reportagem originalmente publicada na Móbile Fornecedores em 2017
Pessoas e cargos desta matéria consideram os profissionais da época da publicação

Nos últimos anos, muito se fala da Indústria 4.0, a quarta revolução industrial que reúne conceitos como sistemas físico-cibernéticos, dados em nuvem e Internet das Coisas (IoT), com tecnologias de automação e troca de dados. Nessa nova fase da manufatura está a Internet Industrial, que tem uma área comum com a Indústria 4.0 no que diz respeito à conectividade entre máquinas, pessoas e sistemas e o uso de softwares poderosos para análise de grandes massas de dados.

A Internet Industrial faz parte dessa revolução tecnológica, tendo grande poder transformador. É uma forma curta de abordar o conceito de Internet Industrial das Coisas (IIoT ou Industrial Internet of Things, em inglês). Nela, utilizam-se exatamente as mesmas tecnologias aplicadas na Internet das Coisas voltada às pessoas e suas residências, porém com foco na manufatura, agronegócio, energia, logística e saúde.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII), José Rizzo Hahn Filho, a aplicação das tecnologias da Internet Industrial gera competitividade ao reduzir custos, aumentar a produtividade e tornar os processos mais eficientes. “Como este é um fenômeno global, precisamos garantir que a nossa indústria embarque neste movimento, sob risco de não conseguirmos competir em um cenário global em um futuro próximo”, afirma.

As tecnologias da Internet Industrial têm aplicação em qualquer tipo de ambiente de manufatura, incluindo o setor moveleiro. Alguns dos principais campos de aplicação incluem a manutenção preditiva, o rastreamento e monitoração de ativos e a automação de qualquer tipo de processo realizado manualmente, além de importantes aspectos ligados à logística. Nesse cenário, a ABII tem o objetivo de ser uma entidade articuladora que reúne empresas, instituições e agentes do governo para debater o tema e ajudar as indústrias brasileiras a saírem da teoria para a prática por meio de experimentos reais.

Análises recentes indicam o potencial de um mercado de até US$ 15 trilhões para a Internet Industrial até 2031. No Brasil, Hahn Filho comenta que não há estudos que mostram o tamanho desse mercado. “Mas se considerarmos que o Brasil conseguirá se inserir nesta revolução e chegar a obter uma fatia proporcional ao tamanho de sua economia em relação ao resto do mundo falamos de pelo menos US$ 400 bilhões”, diz.

Surgimento da internet industrial

Criada em agosto do ano passado a partir de uma iniciativa que envolveu a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), a Pollux Automation e a Embraco (ambas indústrias instaladas em Joinville), a entidade foi inspirada no Consórcio de Internet Industrial (IIC, sigla em inglês para Industrial Internet Consortium). Este foi implantado em 2014 nos Estados Unidos pela AT&T, IBM, GE e Intel, e a Pollux, junto ao Fiesc, são as únicas empresas brasileiras presentes.

Para Hahn Filho, as Federações da Indústria, não só de Santa Catarina, terão um papel muito importante nesse movimento também por conta da enorme abrangência no Brasil. “A Fiesc abraçou a causa imediatamente quando convidada e tem contribuído de forma bastante relevante. Esperamos que outras unidades da federação sigam o mesmo caminho em breve”, declara.

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O presidente também destaca que, para fomentar o debate entre setores privado, público e acadêmico, e a realização de estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias e inovação, a ABII está sempre disposta a trabalhar com qualquer agência ou entidade ligada à causa e contribuir no que for possível. “Dito isso, mantemos uma agenda independente muito bem definida com um propósito simples e claro, sem burocracia ou complicações excessivas”, comenta Hahn Filho.

Com exceção do secretário executivo, a ABII é formada praticamente por “voluntários que doam parte do seu tempo pela causa. Dentro desta limitação, fazemos o melhor possível para manter nossos eventos muito interessantes, operar como uma entidade aberta a consultas e ativa na realização dos testbeds”, revela o presidente. De acordo com ele, a associação está crescendo em uma velocidade que a permite ser bastante relevante, sem a preocupação de angariar um número imenso de empresas. “Para nós a qualidade é mais importante que a quantidade”, frisa.

Ações e resultados

A colaboração inicial da ABII para a indústria brasileira se deu com a realização de cinco eventos que contaram com a presença de especialistas do Brasil e do mundo para debater os temas citados acima com os associados e convidados. E para atingir o objetivo de reunir empresas distintas para criar soluções tecnológicas integradas e inovadoras para a sociedade, a empresa propõe os chamados “testbeds”. “É quando associados, muitas vezes competidores entre si, se reúnem para resolver um problema do mercado com a utilização de seus conhecimentos e tecnologias”, explica Hahn Filho.

Entre os principais resultados conquistados em um ano de trabalho, o presidente da ABII conta que a entidade já é citada em eventos sobre o tema realizados pelo mundo afora. “Participaremos do próximo grande congresso de IoT em Barcelona, já na qualidade de palestrantes. A velocidade com que conseguimos construir esta reputação é um grande feito. Agora é seguir firme em nosso propósito, dando máxima visibilidade dos benefícios da Internet Industrial para que mais empresas no Brasil percebam o potencial e comecem a reagir”, assinala.

Além de estar próxima de anunciar um acordo formal de cooperação com o IIC – que reúne centenas de empresas e entidades de mais de 40 países – a entidade deve fechar 2017 com cerca de 50 empresas associadas. São empresas desde startups com cinco funcionários a gigantes globais com dezenas de milhares de pessoas. “A lista completa está em nosso site. Quem consultar verá uma lista bastante diversificada de empresas no que diz respeito ao que oferecem”, pontua o presidente.

Internet industrial no setor moveleiro

Atualmente, a única empresa relacionada ao mercado moveleiro e associada à ABII é a Promob Software Solutions, desenvolvedoras de softwares de gestão, projeto e produção para as indústrias moveleiras. “Entendo que seja importante para qualquer tipo de negócio acompanhar a transformação do mundo na mesma velocidade. Com o dia a dia operacional das empresas, fazer isso sozinho pode ser muito difícil e a participação efetiva em associações como a ABII pode ser um caminho nesta direção”, considera Hahn Filho.

Ele explica que a forma correta de se implantar a Internet Industrial, igualmente nas fabricantes de móveis, é com pequenos projetos pilotos que, quando são bem-sucedidos, podem ser rapidamente escalados para todo o negócio. “Via de regra, a introdução da Internet Industrial também não requer grandes investimentos já que boa parte é fornecida no modelo “as a service” [como um serviço] ou “pay per use” [pago por uso], sem a necessidade de desembolsos em equipamentos e licenças de software”, analisa o presidente da ABII.

Desta forma, a indústria moveleira pode implantar, aos poucos, conceitos ligados à Indústria 4.0 por meio da internet industrial, assimilando máquinas cada vez mais inteligentes e integradas com capacidade de percepção, softwares de análise de dados avançada (big data) e ter pessoas capacitadas para participar desses processos. “Este é o caminho natural. Novos equipamentos serão cada vez mais inteligentes e munidos de todos os tipos de sensores. Podemos também realizar upgrades dos equipamentos hoje em uso, tornando-os mais inteligentes e conectados à Internet. Tudo se resume a uma decisão firme dos líderes da indústria em seguir neste caminho. A partir de agora”, define Hahn Filho.

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