Dificuldade de qualificação de mão de obra na indústria

Adversidades com mão de obra não é exclusiva do setor moveleiro, enquanto Brasil necessita de aperfeiçoamento dos profissionais para o trabalho industrial

Publicado em 22 de maio de 2023 | 08:00 |Por: Thiago Rodrigo

O mercado de trabalho tem sofrido transformações em nível mundial com o impacto das novas tecnologias e mudanças na cadeia produtiva. Isso sem considerar as já conhecidas dificuldades que a indústria brasileira tem em encontrar mão de obra. No Brasil, sempre foi preciso investir em aperfeiçoamento e qualificação dos profissionais e com as mudanças no mercado de trabalho, será ainda mais necessário. Isso além de uma atualização da mão de obra, segundo conclusão do Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, elaborado pelo Observatório Nacional da Indústria.

O estudo visa identificar demandas futuras por mão de obra e orientar a formação profissional de base industrial no País. Com isso, até 2025, o Brasil precisará qualificar 9,6 milhões de pessoas em ocupações industriais, sendo 2 milhões em formação inicial – para repor inativos e preencher novas vagas – e 7,6 milhões em formação continuada, para trabalhadores que precisam se atualizar. Isso significa que 79% da necessidade de formação nos próximos quatro anos será em aperfeiçoamento.

Esse desafio da requalificação e do aperfeiçoamento da força de trabalho é mundial. De acordo com o relatório “O futuro do trabalho”, do Fórum Econômico Mundial, 50% dos trabalhadores do mundo deverão desenvolver novas competências digitais até 2025. O mesmo estudo aponta que, no Brasil, 61,9% dos profissionais precisarão de cursos de até 6 meses para adquirir as novas competências requeridas.

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O cenário, portanto, é o mesmo para todos os países: novas tecnologias sendo incorporadas e impactando a rotina do setor produtivo. “A diferença para alguns países é que, no Brasil, nós temos desafios extras, como o baixo nível de escolaridade, com uma parcela considerável da população economicamente ativa sem o ensino médio completo ou mesmo a alfabetização. Além do déficit de aprendizagem, que são aquelas pessoas que concluíram a formação básica, mas sem os níveis adequados de aprendizagem”, avalia Felipe Morgado, superintendente de Educação Profissional e Superior do Senai Nacional.

O Brasil tem 98,3 milhões de pessoas ocupadas, sendo que 40% estavam em vagas de trabalho informal em junho de 2022. Esses números fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Dos quase 100 milhões de trabalhadores, 7,2 milhões compõem o montante de pessoal ocupado na indústria da transformação. Na indústria moveleira e colchoeira, foram 275,4 mil pessoas em 2021, segundo o Iemi – Inteligência de Mercado, com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Desse modo, os empregos gerados pela indústria de móveis e colchões foram equivalentes a 3,8% do total de trabalhadores alocados na produção industrial.

Segundo o sociólogo e professor José Pastore, professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP) e presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo (Fecomercio), a partir de cálculos realizados em 2019, um trabalhador brasileiro gasta uma hora para realizar o que um americano faz em 15 minutos, um alemão em 20 minutos e um coreano também em 20 minutos.

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