Entidades apontam ações para o crescimento do setor moveleiro
Entidades mostram medidas e ações que ajudariam no crescimento do setor moveleiro neste e nos próximos anos
Publicado em 15 de maio de 2023 | 08:00 |Por: Thiago Rodrigo
Para os próximos anos, as expectativas para o setor moveleiro não são tão positivas na parte econômica, embora o olhar do e para o consumidor e o posicionamento no mercado podem ajudar a manter os resultados de 2022, avaliam especialistas da cadeia do mobiliário.
O cenário econômico do Brasil, nos próximos dois ou três anos, com pressões inflacionárias e juros altos, não oferecerá grandes oportunidades de crescimento, em especial para os segmentos de móveis seriados e populares. Esta é a visão do diretor do Iemi – Inteligência de Mercado, Marcelo Prado. Segundo ele, para as empresas especializadas nesses nichos, é muito importante rever seu posicionamento nos diferentes canais de venda, linhas de produto, regiões de consumo e faixas de preço em que atuam, para identificar as melhores oportunidades de crescimento para as suas marcas.
“É preciso lembrar que o mercado de móveis no Brasil é amplo e segmentado, em que os diferentes nichos do mercado apresentam taxas de desempenho bem diferentes entre si. As marcas que mais irão crescer nesse e no próximo ano, terão de identificar os nichos que mais crescem e direcionar a eles os seus esforços de crescimento. Estar focado nos segmentos do mercado melhor irão performar nos próximos anos fará toda diferença para garantir à empresa, um crescimento sustentável e acima da média do mercado. E para tanto, terão que buscar informações detalhadas, planejar e se organizar para que suas ações sejam implementadas”, avalia e sugere Marcelo Prado.
A projeção da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel) é de que haja um crescimento mais significativo na indústria e no varejo de móveis a partir de 2024. Entretanto, isso dependerá da reorganização das cadeias de abastecimento globais e da pacificação de conflitos internacionais, segundo o presidente, Irineu Munhoz. Ele também inclui como relevante as políticas econômicas que serão implementadas pelo novo governo no Brasil e como elas impactarão o problema dos juros, do acesso ao crédito, da inflação, da geração de emprego, da carga tributária, entre outros pontos essenciais para a economia e a indústria nacional.
Para ajudar a indústria e o varejo de móveis tenham crescimento em 2023 e nos próximos anos, a Abimóvel seguirá com sua construção de uma agenda de negociação direta entre a Abimóvel e o governo, o que se mantém junto a nova equipe econômica. Um grande passo nessas articulações foi “Fremob”, a frente parlamentar em defesa do setor moveleiro, com o apoio de mais de 200 deputados e senadores no Congresso Nacional.
“Para que se inicie um ciclo de prosperidade na indústria, portanto, é preciso que haja uma melhora substancial no ambiente de negócios para que o setor produtivo se coloque cada vez mais em condições de competir com grandes economias do mundo. O que, ao nosso ver, começa pela redução do Custo Brasil, que, de acordo com estudo do Movimento Brasil Competitivo, subtrai cerca de R$ 1,5 trilhão por ano das empresas brasileiras”, também assinala Irineu Munhoz.
Nesse sentido, a Abimóvel luta pela reforma tributária, pela PEC 110 e pela manutenção de políticas fiscais, como da isenção de IPI, itens que colaboram para o desenvolvimento do Brasil. Segundo o presidente, elas resultariam não só no aumento da produção e das vendas nos mais variados setores da indústria e do comércio, mas, sobretudo, em mais emprego e renda para as famílias, impulsionando a melhoria da qualidade de vida em nosso País.
“Para tal, continuaremos trabalhando de perto com o Governo Federal para defender políticas e programas que apoiem o crescimento e a competitividade da indústria brasileira de móveis”, afirma. Munhoz pontua que a Abimóvel seguirá promovendo práticas sustentáveis entre seus membros e o estabelecimento de padrões de responsabilidade técnica, ambiental e social em toda a indústria. Bem como estratégias que ampliem a conscientização do mobiliário brasileiro, posicionando as marcas como líderes no fornecimento de produtos de alta qualidade e design integrado.
Crescimento do setor moveleiro nos estados
No âmbito estadual, a Euclides Longhi, presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), assinala que o crescimento do setor moveleiro, em primeiro lugar, ocorrerá com a indústria e o varejo entendendo quais são as necessidades e os valores para o consumidor, especialmente no que se refere ao compromisso das marcas com a redução de impactos ambientais, diante da tendência global de olhar com mais atenção para esse tema. “Não por acaso, o ESG vem ganhando grande relevância no meio empresarial”, frisa.
“No momento em que a indústria e o varejo de móveis traduzem essas preocupações nos seus produtos e serviços, incentivam que mais e mais pessoas entrem nesse movimento”, acrescenta. Outro ponto apontado por ele é o pensamento da economia circular, algo que aqui no Brasil vem sendo aplicado por alguns fabricantes de roupas e cosméticos. “É nítido que os consumidores estão conscientes sobre a escassez de recursos, por isso, indústrias, lojas físicas e e-commerce podem desenvolver estratégias tanto para reduzir o uso de materiais descartáveis nas embalagens quanto optar por opções recicláveis”, diz.
Seguindo com as oportunidades de mercado para as empresas moveleiras, o presidente da Movergs percebe que a amplitude de novos consumidores e a acessibilidade de modo geral não é amplamente explorada pela indústria moveleira. “Vale um olhar atento às necessidades de diferentes nichos, como pessoas idosas, por exemplo”, exemplifica.
No ponto de vista econômico, por sua vez, a Movergs espera que, em 2023, haja redução do desemprego, taxas de juros mais atrativas, incentivo ao crédito, simplificação e redução de impostos, dentre outras iniciativas do governo que possam estimular a economia como um todo. “Também, há a expectativa de que o mercado internacional se reacomode e passe a comprar nossos móveis em maior volume. Independentemente dos desdobramentos que virão a médio e longo prazo, a Movergs se mantém atenta aos movimentos do mercado, e ao lado das indústrias gaúchas de móveis para que elas possam se fortalecer sempre. Vamos focar nosso trabalho no associativismo como ferramenta de união e crescimento colaborativo”, afirma.