Exportações de móveis e colchões avançam 3,8% em 2024

Importações de móveis e colchões cresceram 27,2% no ano passado, com larga predominância de produtos chineses; balança comercial é mais apertada no ano

Publicado em 13 de fevereiro de 2025 | 08:00 |Por: Thiago Rodrigo

O ano de 2024 apresentou desafios e oportunidades quando se trata das operações de comércio exterior na cadeia moveleira, que devem ser monitoradas com atenção ao longo de 2025. Contudo, as exportações de móveis e colchões prontos chegaram a US$ 763,02 milhões em 2024, representando crescimento de 3,8% frente a 2023.

De acordo com os levantamentos, realizados pelo Iemi junto a fontes oficiais de pesquisa, quando se incluem partes para fabricação de móveis, o montante atinge US$ 870,20 milhões. Apesar do crescimento moderado, este é o terceiro maior volume exportado na última década.

Os Estados Unidos mantiveram-se como o maior país consumidor de mobiliário brasileiro no exterior, recebendo 29,6% das exportações totais do período, um montante de US$ 225,89 milhões. Tal participação, no entanto, é relativamente inferior à média dos últimos anos.

Em contrapartida, países como Uruguai (10,9%) e Chile (6,9%) vêm despontando no ranking de destinos, validando a importância estratégica da indústria brasileira de mobiliário – a maior da América Latina – no abastecimento da região.

Mercados europeus, como Reino Unido (5,9%) e França (2,5%), também figuraram entre os principais destinos dos móveis e colchões brasileiros no ano passado, além de outros mercados na América Latina e Oriente Médio que ganham cada vez mais proeminência.

No ranking mundial, o Brasil ocupa a 6ª posição entre os maiores produtores de móveis e a 26ª na lista dos principais países exportadores do setor.

Importações em expansão

Se as exportações brasileiras de móveis e colchões cresceram, as importações também avançaram – e de modo ainda mais expressivo em 2024, totalizando US$ 298,16 milhões, um salto de 27,2% em relação a 2023.

A China se mantém como principal fornecedora, respondendo por 73,8% deste volume: mais de US$ 220,01 milhões em produtos chineses importados pelo Brasil no setor moveleiro. Na segunda colocação aparece a Áustria, representando apenas 6,6% do total importado no ano; seguida pela Itália (6,0%).

A predominância chinesa pode ser explicada, entre outros fatores, por uma produção em larga escala, regulação e custo trabalhista reduzidos, além de incentivos tributários que tornam seus produtos mais competitivos.

A concentração em um único fornecedor – seja de produtos prontos, componentes ou outros itens da cadeia de fornecimento –, no entanto, pode tornar o mercado nacional vulnerável e dependente.

Irineu Munhoz, presidente da Abimóvel, reforça que não se trata de apenas inibir as importações, mas de fortalecer a competitividade interna e garantir a qualidade do produto disponível no mercado brasileiro: “Precisamos equilibrar essa equação. Não é sobre limitar a atividade, mas sobre se criar um ambiente de práticas leais de comércio e de proteção da produção nacional – incentivando uma indústria mais inovadora e eficiente, capaz de gerar emprego e renda”.

Móbile Fornecedores 344 está no ar

Medidas tributárias mais justas, incentivos fiscais voltados à inovação e sustentabilidade, redução da burocracia e de custos, além de investimentos em infraestrutura logística também acentuariam esses esforços.

“É fato que essa expansão nas importações indica uma pressão crescente e competitiva do mercado externo. Por outro lado, é importante destacar que o Brasil possui uma forte e diversificada indústria moveleira, que com incentivos e mecanismos tributários e não tributários, podem não só competir em preço, mas também em qualidade, gestão sustentável, no uso de materiais certificados, inovação e design”, fala Cândida Cervieri, diretora-executiva da Abimóvel.

Visão histórica e ajustes pós-pandemia

Nos últimos três anos, o comércio exterior no setor moveleiro nacional oscilou. Entre as razões, destaca-se a recuperação econômica pós-pandemia, variações cambiais e mudanças nos hábitos de consumo:

– 2022: exportações de US$ 830.709 milhões; importações de US$ 191.889 milhões.
– 2023: exportações recuam para US$ 735.376 milhões; importações sobem para US$ 234.423 milhões (-21,5% sobre 2022).
– 2024: exportações voltam a subir para US$ 763.023 milhões; importações saltam para US$ 98.164 milhões (-7,2% sobre 2023).

Esse movimento demonstra uma concorrência internacional mais acirrada. O superávit comercial, que já foi superior a US$ 600 milhões em 2022, diminuiu ao longo dos dois anos seguintes (US$ 464,92 milhões em 2024).

Por outro lado, com quedas consecutivas em novembro (-13,0%) e em dezembro (-13,8%), a participação dos importados no consumo doméstico estabilizou-se em 4,6% ao final do ano. Indicando que, embora haja pressão de concorrentes internacionais, a indústria brasileira tem atendido ao mercado interno (com o consumo aparente no país crescendo 11,4% entre janeiro e novembro de 2024 frente a igual período em 2023).

Segundo a Abimóvel, alguns dos pontos de atenção a indústria moveleira deve ter:
– Normalização e Competitividade
– Sustentabilidade e Inovação
– Inteligência Comercial
– Inovação e Design
– Participação em feiras internacionais e missões comerciais

Dois estudos-chave da Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), a Conjuntura de Móveis, que traz o panorama geral da indústria brasileira de móveis e colchões, e o Termômetro das Exportações, desenvolvido exclusivamente para as empresas associadas ao Projeto Setorial Brazilian Furniture, ajudam a compreender melhor o cenário das exportações de móveis e colchões.

A conclusão é que houve crescimento tanto nas exportações quanto nas importações de móveis e colchões no Brasil. Embora a balança comercial permaneça positiva, o avanço das importações, em especial de origem chinesa, demanda medidas que mantenham a isonomia competitiva e a atratividade do produto brasileiro no mercado interno e externo.

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