Exportações de móveis e colchões avançam no 1º semestre
Exportações de móveis e colchões para o Reino Unido, um dos maiores importadores no setor moveleiro, voltam a se estabilizar
Publicado em 30 de agosto de 2021 | 12:04 |Por: Thiago Rodrigo
Somando números expressivos neste ano, as exportações de móveis e colchões fecharam o primeiro semestre de 2021 com um avanço de 72,1% em relação ao mesmo período em 2020. É verdade que a ruptura sofrida na primeira metade do ano passado, quando houve queda de 17,4% nas exportações do setor, impulsionou o acumulado nesta comparação para cima. Os resultados consolidados a partir da explosão na venda global de móveis em junho de 2020, porém, confirmam a solidez nas exportações moveleiras nacionais, com um aumento de 41,3% na quantidade de peças exportadas nos últimos 12 meses.
Tal movimentação devolve o volume perdido às empresas exportadoras, aumentando a participação dos móveis e colchões brasileiros no mercado internacional, bem como demonstrando a evolução real da competitividade da indústria brasileira, confirmando-a como a sexta maior produtora e a 28ª maior exportadora de mobiliário em todo o mundo.
Os indicadores são do estudo “Monitoramento das Exportações de Móveis e Colchões”, desenvolvido pelo Iemi – Inteligência de Mercado para a Abimóvel – Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário e a Apex-Brasil – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos.
Exportações de móveis de aço
O destaque desta edição do estudo ficou para a exportação de estofados, que no sexto mês do ano cresceu 122% na comparação com o mês imediatamente anterior; 98,7% no acumulado de janeiro a junho em relação a igual período em 2020; e 38,6% nos últimos 12 meses. Crescimento considerável em todas as comparações.
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Chama a atenção, também, a estabilização das exportações na categoria “móveis de aço”, uma das mais abaladas pelas rupturas na cadeia produtiva moveleira geradas a partir do acirramento da pandemia no mundo. O segmento avança em ritmo positivo, com aumento de 103,2% no volume exportado em junho sobre maio deste ano. Estados Unidos, Panamá e Colômbia são, atualmente, os principais destinos internacionais dos móveis de metal produzidos no Brasil. A Abimóvel, aliás, continua monitorando a situação junto à indústria nacional do aço — saiba mais clicando aqui.
As exportações de móveis de madeira e de colchões fabricados no Brasil também seguem em evolução contínua, como podemos observar na tabela abaixo:
Principais destinos
Falando no destino das exportações moveleiras, aliás, os Estados Unidos continuam na liderança como o principal mercado importador de móveis brasileiros (veja números na tabela abaixo). Exceto na categoria colchões, em que os principais mercados-alvos atualmente são: o Uruguai, com crescimento de 42,2% no acumulado de janeiro a junho deste ano, apesar da queda de 3,5% em junho sobre maio; a Bolívia, com crescimento robusto de 114,4% no semestre e 131,8% na passagem de maio para junho; e Paraguai, aumento de 107,3% no consolidado semestral e 7,8% no mês.
Voltando ao panorama geral, incluindo as quatro principais categorias de mobiliário (madeira, metal, estofados e colchões), com as exportações moveleiras para o Chile crescendo a um ritmo acelerado, como destacamos em nossa análise sobre a última edição do “Monitoramento das Exportações” (leia aqui), o país sul-americano assumiu nos últimos meses a segunda posição entre os principais destinos dos móveis brasileiros no exterior, deixando o Reino Unido na terceira posição.
O mercado britânico, no entanto, voltou a demonstrar números promissores no final do primeiro semestre de 2021, apresentando avanço de 60% em junho sobre maio; 44,6% no acumulado até junho deste ano; e 17,4% nos últimos 12 meses. Apontando, assim, um possível processo de recuperação.
Exportações de móveis e colchões para o Reino Unido
Para se compreender um pouco mais sobre o mercado britânico, segundo o levantamento “Reino Unido – Móveis 2021”, publicado pela Apex-Brasil e desenvolvido junto à Euromonitor International, as vendas em valor no setor de móveis no Reino Unido (que inclui Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte) contabilizaram US$ 19,4 bilhões em 2020. Os móveis para quartos de dormir e as cadeiras, assentos, sofás e poltronas são os tipos de mobiliário mais consumidos por lá.
Devido, entre outras questões, às turbulências que atingiram o mercado imobiliário da região entre 2017 e 2020, no entanto, as vendas de móveis registraram queda de 0,6% nesse período. Com a demanda resultante sendo majoritariamente atendida pelos fabricantes locais (72%) e menores volumes de importação, que caíram para 28% em 2019.
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No entanto, conforme explicam os especialistas da Apex-Brasil e da Euromonitor, a produção local foi fortemente afetada em 2020, pelas medidas de confinamento e pelo fechamento de todas as atividades econômicas não essenciais no Reino Unido. Logo, a dependência em relação às importações aumentou para 40% em 2020, criando espaço para mais fornecedores internacionais preencherem a lacuna deixada pela produção local.
Oportunidades para a indústria brasileira
Apesar das difíceis condições de mercado e da queda em 3,3% das vendas gerais de móveis registradas no ano passado no Reino Unido, assim como vem ocorrendo nas principais economias ao redor do mundo, incluindo a brasileira, o novo olhar para a casa vem ampliando a relação dos consumidores britânicos com a compra de móveis.
Dessa forma, espera-se que o mercado moveleiro do Reino Unido se recupere neste ano, com crescimento médio anual previsto de 1,4% até 2024. As novas oportunidades derivadas dessa tendência positiva abrem espaço para empresas de outros mercados satisfazerem a maior demanda.
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Outra oportunidade para a indústria de móveis brasileira está nos quesitos qualidade e sustentabilidade. A cadeia moveleira britânica vem buscando a sustentabilidade ecológica de longo prazo do fornecimento à fabricação. Para reduzir o impacto ambiental, fabricantes e distribuidores de móveis vêm adotando soluções ecológicas, utilizando materiais naturais sustentáveis como madeira e materiais reciclados, amplamente disponíveis no Brasil. Estes fatores, além do quesito design integrado à indústria, deverão contribuir para o posicionamento dos exportadores brasileiros neste mercado-alvo.
Os especialistas da Euromonitor International e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos ainda ressaltam que após se retirarem da União Europeia (UE), o Reino Unido ratificou um acordo comercial com o bloco europeu em dezembro de 2020 e pretende assinar acordos também com países terceiros, incluindo o mercado sul-americano. Nesse sentido, o país firmou um acordo com países da Comunidade Andina (Colômbia, Peru e Equador) e no âmbito do “V Diálogo Estratégico Brasil-Reino Unido”, os países concordaram em acelerar os preparativos para um futuro acordo de livre-comércio.