1º Fórum Movergs detalha desafios e oportunidades para a indústria moveleira
Mais de 150 empresários, profissionais e estudantes ligados ao setor participaram do evento que debateu temas atuais e relevantes
Publicado em 20 de julho de 2018 | 17:27 |Por:
Compreender a demanda do consumidor, explorar a brasilidade, fortalecer a marca e interpretar tendências foram alguns temas colocados em pauta, na última quinta-feira (19/07), durante o 1º Fórum Movergs de Design. O evento realizado pela Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), em parceria com o Stúdio Marta Manente, tem a intenção de democratizar o design como forma de alavancar os negócios da indústria moveleira gaúcha.
O presidente da Movergs, Volnei Benini, ressaltou que foi importante levar o tema para dentro das empresas da indústria moveleira, independentemente do porte, como forma de agregar maior valor ao produto. O evento contou com o patrocínio da Eucatex e o apoio do Sindmóveis, Projeto Raiz e Prêmio Salão Design.
O primeiro painel, intitulado ‘Milão 2018 – Interpretação e aplicação das tendências na indústria moveleira’, foi mediado pela jornalista Eleone Prestes. Ele reuniu um quarteto composto pelas designers Marta Manente e Mila Rodrigues, a arquitetura Selma de Sá e o diretor do Grupo Unicasa, Edson Busin. Conexão com a natureza, aplicação de pedras, cores aconchegantes, tons terrosos, transparência nas portas de vidro e cortes em 45 graus foram algumas propostas apontadas pelos profissionais como referências na Semana de Design de Milão, que ocorreu em abril.
Eleone Prestes ressaltou que cada vez mais o design é uma experiência e quem trabalha nesse segmento precisa proporcionar isso aos consumidores. Expondo na capital mundial do design pela terceira vez por meio do Projeto Raiz, do Sindmóveis, Marta Manente enfatizou que o Brasil tem ganhado cada vez mais espaço no evento.
Já o diretor do Grupo Unicasa ressaltou que Milão é uma oportunidade de estudar e interpretar tendências, porém, alertou que é preciso saber filtrar, visto os consumidores da indústria moveleira brasileira possuem características e comportamentos diferenciados. A designer Mila Rodrigues, enfatizou que Milão é uma experiência maravilhosa e engrandecedora e Selma de Sá complementou que é preciso explorar as ideias em prol da brasilidade, do colorido, do clima do Brasil.
Multidisciplinaridade na indústria moveleira
O segundo painel do fórum tratou do tema ‘Design, além da forma: ferramenta estratégica para a indústria gerar valor’ com a mediação de Ana Brum, do Centro Brasil Design. Participaram desse painel a designer Andrea Krause, da Eucatex, o designer Eduardo Núncio, da Móveis Carraro, e Renato Bernardi, do Instituto Senai de Tecnologia em Madeira e Mobiliário.
Ana Brum destacou que o design precisa ser lapidado e compreendido por todos os setores das empresas da indústria moveleira e o empresário precisa abraçar essa causa. Andrea Krause apontou que o design tem a função de inovar, criar, e refletir uma experiência que as pessoas ainda não tiveram. Também enfatizando que o design é uma atividade multidisciplinar, Núncio afirma que hoje trata-se muito mais de um produto final que o consumidor leva para casa. “A função do designer deixou de ser estético-cultural, mas muito mais social e econômica”.
– Coleção Origens foi destaque da Berneck na ForMóbile 2018
A importância de estruturar equipes multidisciplinares é importante para a indústria moveleira, segundo Bernardi, já que isso proporcionará projetos conceituais, com menos riscos de erros e consequentemente, custos menores. “É importante que a empresa trabalhe para desenvolver produtos de qualidade que não retornem por algum tipo de defeito”, afirma.
Design Experience
O design como experiência voltado à forma, à textura, à função e à expressão, foi abordado pela responsável da área de desenvolvimento de produção e colourmatching dos decors da Interprint do Brasil, Carolina Vitolla. Quatro conceitos-chaves concebidos pela Interprint nortearam as reflexões de Carolina.
O Non-Conform ou a estética do imperfeito, o Smart Material por meio de materiais inteligentes, o Up/Cycling ou proporcionar segunda vida a uma matéria-prima, e o Co-Everything representa a força do nós como ferramenta para gerar mais valor, foram abordados no fórum.
Internacionalização
A consultora para o mercado internacional do Sindmóveis, Ana Cristina Schneider, mediou o painel ‘Internacionalização: o design brasileiro no mundo’ e que contou com a participação de Wilson Schuster, da Móveis Schuster, o designer Ronald Scliar Sasson, do Estúdio Ronald Sasson, e Tiago Buffon, da Promob Softwares Solution.
Sasson aconselhou os profissionais a desenvolverem um design bem feito e inovador, fugindo das cópias. “É preciso contar uma história, integrar o produto/coleção ao meio, a uma proposta estética, fica muito mais fácil vender o produto isolado e isso transcende cada vez mais o trabalho do designer”. Já Schuster lembrou que começou a trabalhar com móveis com valor agregado mais elevado para serem vendidos nas lojas em 1999. “Não posso aceitar que um produto seja concebido sem um designer. Isso é respeitar o consumidor e construir uma imagem correta lá fora”, apontou.
– Leitor portátil de cores foi lançamento da Montana na ForMóbile 2018
Como conselho, Schuster sugeriu que os designers sigam suas raízes, mesmo que esses produtos tenham tendências internacionais. A experiência da Promob na América Latina e como maior desafio da internacionalização foi debatida por Buffon. O profissional apontou que o trabalho das empresas brasileiras ainda gera dúvida no mercado externo. “É fundamental persistência, pois os resultados são conquistados a médio e longo prazo”.
Marketing digital
Comunicar a proposta de valor de forma eficaz e focar no porquê de uma empresa existir foi o objetivo da palestra do fundador e CEO do Viva Decor, Diego Simon, com o tema ‘O ‘Marketing digital na indústria moveleira: técnicas para atrair público e potencializar a sua marca’.
De acordo com Simon, a marca precisa ser conhecida, ter seus produtos admirados e passar confiança. De acordo com o CEO, 81% dos consumidores fecham negócios depois do quinto contato com a marca e 93% das compras começam com uma busca online. “A comunicação de forma especializada faz muita diferença para você se comunicar com o público desejado”, pontua.
Agente de transformação
De forma descontraída, o designer da Fetiche Design, Paulo Biacchi, encerrou o 1º Fórum Movergs de Design abordando ‘O novo consumidor de design’. Para Biacchi, o design é um agente de transformação e pode ser fundamental para os mais diversos propósitos. Exemplificou em imagens o poder social do design com uma criança transportando 50 litros de água, de forma segura, graças ao desenvolvimento de um produto inteligente.
– Fusão de opostos foi o destaque da Lamigraf durante a ForMóbile 2018
Bacchi acredita que é preciso achar soluções para consumidores exigentes, como móveis mais inteligentes, soluções para pequenos espaços como móveis ajustáveis, dobráveis e multifuncionais. “O consumidor está mais exigente e mais informado, devido ao acesso a ferramentas como as mídias sociais. É preciso entender o consumidor, levar para dentro de casa a bossa brasileira, a exploração da luz, a tropicalização, mais cores, acabamentos tipicamente brasileiros como portas com tramas. O design não é estilo, não é adjetivo, é propósito”, finaliza.
(com informações de assessoria)