Orchestra Brasil ajuda fornecedor ser exportador
Projeto Orchestra Brasil auxilia empresas fornecedoras do setor moveleiro a internacionalizar sua marca e produtos
Publicado em 17 de outubro de 2023 | 08:00 |Por: Thiago Rodrigo
Assim como o nome da revista, os fornecedores da indústria moveleira são parte essencial da cadeia do mobiliário. São as empresas a quem as empresas que manufaturam móveis recorrem para obter seus produtos, tecnologias e inovações. Assim, são os grandes indutores de inovação ao setor moveleiro após pesquisa e desenvolvimento para ofertar o melhor para os fabricantes de móveis. Seja o fornecedor de matérias-primas, insumos, acessórios, acabamentos, máquinas e outras tecnologias.
No que tange à indústria fornecedora brasileira de componentes e insumos para móveis, de acordo com estudo da Unisinos com base em dados do IBGE (2020), ela é composta por 402 empresas (acima de 20 funcionários e de R$ 1 milhão de faturamento por ano). Desse universo, estima-se que 20% ou aproximadamente 80 empresas são exportadoras iniciantes, esporádicas ou contínuas.
Ainda que o foco de atuação esteja, claro, no setor moveleiro brasileiro, a internacionalização de suas marcas e produtos é imprescindível para o crescimento. Desse modo, muitas dessas marcas podem encontrar no Projeto Orchestra Brasil um caminho para exportar seus produtos. Promovido pelo Sindmóveis Bento Gonçalves e pela ApexBrasil, é o único projeto do tipo para os fornecedores do setor moveleiro brasileiro.
– Brazilian Furniture gera negócios
O Orchestra Brasil atualmente conta com 52 empresas participantes, que em 2020 (última pesquisa direta aplicada) perfizeram 7,72% do total em relação às exportações da cesta de NCM em 2020. O total de emprego formal estimado do total das empresas foi 75.642. O setor de tintas, vernizes e lacas tem emprego estimado de 397 postos de trabalho, seguido por ferragens, hardware, ferramentas e serras com 5.968 empregos, componentes de madeira com 10.091, revestimentos, com 22.293 empregos e chapas, com 36.893 empregos estimados.
Tendo em perspectiva o setor brasileiro, existe um grande potencial inexplorado e há ainda muito espaço para expansão internacional dos fornecedores brasileiros da indústria moveleira. O tamanho do mercado doméstico é fator que exige escala dos fornecedores nacionais e esta escala dá a estes fornecedores condições competitivas globais, sem que venha a prejudicar o abastecimento em seu mercado.
“Nesse sentido, a credibilidade do Sindmóveis expressa a confiança de seus associados nos resultados que ele gera para todos do setor moveleiro e sua cadeia produtiva, fortalecendo profissionais, indústria e mercado, por meio de ferramentas de competitividade, inovação e sustentabilidade”, assinala Ana Cristina Sant’Anna Schneider, gestora do projeto Orchestra Brasil.
Apoio e práticas do projeto de exportação
A colaboração do Orchestra Brasil para com os fornecedores da indústria moveleira vai desde o apoio técnico e financeiro na promoção internacional, apoio na definição de países-alvo e de estratégias de acesso, prospecção de importadores, desenvolvimento de estudos de inteligência de mercado.
“Isso além do fato de posicionar o coletivo brasileiro, ou seja, coloca o Brasil como forte fornecedor da indústria moveleira global ao comunicar e ofertar uma soma de produtos, máquinas e ferramentas, acabamentos, matérias-primas, software, componentes. Temos tudo e com excelente custo-benefício, além de tecnologia de ponta”, explica Ana Cristina.
O Orchestra Brasil também enxerga como um de seus grandes ativos colocar seu associado neste coletivo para trocas de experiências e aprendizagem permanente, uma vez que há baixo nível de concorrência entre as empresas e isto propicia alto nível de cooperação e trocas. “Nós temos uma intranet, temos um grupo de WhatsApp e promovemos reuniões sistemáticas que proporcionem esta aproximação”, pontua a gestora.
Dentro do projeto, as práticas sustentáveis não são uma escolha das empresas e organizações envolvidas, mas uma condição necessária para sua atuação. O respeito e a preservação do meio ambiente, aliados à atuação visando a prosperidade das comunidades onde estão inseridas são essenciais para qualquer tipo de negócio. “Pode-se afirmar que são consideradas condições básicas para a sobrevivência dos negócios”, frisa.
É possível ressaltar algumas práticas recorrentes, como certificações de madeiras e tratamento de resíduos. Dentre as diversas iniciativas do Sindmóveis dentro dessa pauta, o projeto conta com a parceria da Apex para exercer papel direto na qualificação dos fornecedores, obtida pela sua inserção internacional, que exige atendimento aos padrões globais de produtos e serviços, inovação constante, melhorias de custos, de recursos humanos, dentre outros benefícios que impactam diretamente no aumento da competitividade do setor moveleiro.
Resultados do Projeto Orchestra Brasil
Ano a ano o projeto Orchestra Brasil vem apoiando a promoção internacional e, com isso, tem repercutido positivamente nos negócios. Em 2020, as empresas exportaram US$ 239,5 milhões sendo que, em 2021, cresceram para US$ 255,8 milhões.
Para ter uma ideia dos resultados em 2022, já se percebe um bom crescimento: de janeiro a agosto de 2021 exportaram US$ 70,6 milhões, enquanto de janeiro a agosto de 2022 foram vendidos US$ 96,1 milhões. “Se nos mantivermos com essa média de crescimento, isso representa mais de 20% em relação a 2021”, aponta Ana Cristina.
A participação do projeto nas feiras internacionais deste ano gerou US$ 12,8 milhões de negócios prospectados, fruto da presença em quatro eventos. Argentina, Colômbia, México e Estados Unidos foram os países com participação do projeto neste ano, mas também há presença na alemã Interzum.
Outras ações realizadas pelo Orchestra Brasil são palestras, estudos de mercado, prospecções internacionais, projetos compradores, além de ser fonte de informações diversas sobre o ecossistema de internacionalização. Os atuais mercados-alvo do projeto são no período 2021/2023 são Argentina, Colômbia, Estados Unidos, México e Peru. Nos secundários, há África do Sul, Alemanha, Angola, Bolívia, Canadá, Guatemala, Reino Unido e República Dominicana.
A seleção dos mercados-alvo é realizada a partir de metodologia para seleção de países mais atrativos. Todos os escolhidos caracterizaram resultados de notas quantitativas e qualitativas. As quantitativas são dadas em função de variáveis objetivas mensuradas a partir de fontes de dados e comparadas entre os possíveis países. As qualitativas são dadas pelas empresas participantes a partir de seus interesses e experiências nos mercados.
“Isto é, ou se definiu o mercado por um interesse das empresas ou um mercado com oportunidades ainda não exploradas. Ademais, no processo de discussão dos mercados-alvos foi possível comparar o quanto as empresas estavam interessadas (nota interesse) nos mercados sugeridos e o grau de posicionamento dessas empresas (nota posicionamento) nesses mercados”, explica a gestora do projeto.
Foram 46 variáveis selecionadas como determinantes para a definição quantitativa dos mercados, que englobam aspectos de alta renda e atividade econômica; baixa disparidade de renda; aumento e tamanho do setor de construção e habitação; facilidade de negócios; população pertencente às classes AB; alto consumo de móveis; varejo organizado (internet); alta produção de móveis; país exportador de móveis, etc.
Ana Cristina destaca que as expectativas de negócios para os próximos 12 meses, considerando os mercados-alvo para os fornecedores da cadeia moveleira, é de chegar à cifra de US$ 290 milhões. Para 2023, os eventos confirmados para o projeto estar presente são a feira Interzum na Alemanha, a feira Tecnomueble no México e o Projeto Comprador na Fimma Brasil. Atualmente, o projeto conta com 52 fornecedoras do setor moveleiro e interessadas podem participar entrando em contato com anacristina@sindmoveis.com.br ou rodolfo@sindmoveis.com.br.
Reportagem publicada originalmente na Móbile Fornecedores 322.