Papel emocional das cores na arquitetura contemporânea
Encontro promovido pela Duratex e pela Impress, especialistas refletem como as cores refletem o comportamento e a cultura do nosso tempo— e antecipam o que está por vir no design de interiores
Publicado em 21 de outubro de 2025 | 08:00 |Por: Thiago Rodrigo

As cores deixaram de ser apenas uma escolha estética: elas traduzem comportamentos, percepções e estados de espírito, são uma linguagem que atravessa séculos e permanece em constante transformação. Essa foi a principal reflexão do “Cores que Transformam”, encontro realizado pela Duratex e Impress, no dia 16 de outubro, na Casa Dexco, em São Paulo.
O evento reuniu profissionais do setor para debater como as paletas atuais expressam o momento em que vivemos — entre o natural e o digital, o instintivo e o racional. A conversa foi conduzida pela pesquisadora e especialista em cores Ana Kreutzer, diretora de Inteligência Criativa em Cores no Estúdio Prisma, que apresentou uma leitura inédita sobre as novas relações entre cor, cultura e contemporaneidade.
“A cor é um fenômeno perceptivo — acontece quando o corpo reage à luz, ao ambiente, ao contexto. Por isso, falar sobre cor é falar sobre o que sentimos e sobre como nos conectamos ao mundo”, observou Ana.
Ao longo do encontro, Ana traçou uma linha do tempo sobre a trajetória das cores: das tintas feitas com pigmentos minerais, restritas a poucos, até a democratização trazida pela indústria moderna. Hoje, vivemos o cenário oposto: um momento de abundância cromática — nunca houve tantas opções disponíveis. Por isso, o desafio atual é a busca por significado, fazer escolhas com propósito e não apenas pela tendência.
“O desafio do nosso tempo é a escolha com intenção, que desperta pertencimento, conforto ou identidade”, explicou a especialista. Essa reflexão se conecta a uma mudança mais ampla de comportamento, que se manifesta na maneira como habitamos os espaços.
A cor deixa de ser apenas tendência visual e se torna um campo de expressão emocional. Tons terrosos, texturas naturais e nuances orgânicas convivem, agora, com tonalidades translúcidas e luminosas, inspiradas nas estéticas digitais e inteligência artificial. Entre o natural e o sintético, o palpável e o intangível, surge uma nova paleta possibilitada pela experimentação e que traduz o modo híbrido com que vivemos.
Essa relação entre o natural e o digital — revela o quanto o design contemporâneo reflete as ambiguidades do presente. O interesse crescente por materiais com textura, por superfícies que evocam o toque e por cores que transmitem calma indica uma busca coletiva por equilíbrio e reconexão. “A cor sempre contou histórias sobre quem somos. Hoje, ela fala sobre o desejo de desacelerar, de estar presente, mas também de experimentar o novo. O desafio é encontrar harmonia nesse contraste”, pontuou Ana.
Para Patrícia Cisternas, gerente de Marketing da Duratex, a iniciativa reforça o papel da marca como agente de conexão entre pesquisa, design e comportamento. “Quando debatemos o papel das cores, ampliamos o olhar sobre como projetamos, habitamos e compreendemos o design como uma resposta às mudanças do nosso tempo”, destaca Patrícia.
Com o “Cores que Transformam”, Duratex e Impress reforçam o compromisso de fomentar o pensamento sobre o morar contemporâneo e o impacto sensorial dos materiais. Mais do que antecipar tendências, o encontro propôs uma nova forma de olhar para a cor: como espelho de tempo, identidade e emoção. Um convite à escolha consciente — e ao entendimento de que, no design, o futuro das cores será sempre humano.