Produção de móveis no 1º semestre tem queda de 19,8%
Ritmo quase 20% menor que em 2021, preocupa a indústria moveleira – em junho em comparação a maio, queda foi de 1,5%
Publicado em 8 de agosto de 2022 | 10:13 |Por: Thiago Rodrigo
A produção de móveis em junho comparado a maio de 2022, caiu 1,5%. O resultado breca o crescimento assinalado no mês de maio em comparação a abril. Com isso, a produção de móveis registra queda de 19,8% no primeiro semestre de 2022.
É esse o montante do acumulado do ano em relação ao mesmo período de 2021, a menor entre as atividades industriais e muito menor que os -2,2% da indústria geral.
Em relação a junho de 2021, o setor moveleiro teve maior queda que em maio – -9,3%, depois de -8,1% em maio -11,6% em abril, -22,7% em março, -28,3% em fevereiro e -33% em janeiro.
No acumulado dos últimos 12 meses, a produção de móveis tem recuo de 19,9%, novamente a menor entre as atividades industriais. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Indústria geral
Em junho de 2022, a produção industrial nacional variou – 0,4% frente a maio, na série com ajuste sazonal. Em relação a junho de 2021, na série sem ajuste, a indústria recuou 0,5%. No primeiro semestre do ano, a indústria acumula queda de 2,2% e em 12 meses, o acumulado foi -2,8%.
A produção industrial teve variação negativa de -0,4% em junho de 2022, interrompendo quatro meses seguidos de expansão, que acumularam alta de 1,8%. Em junho, três das quatro grandes categorias econômicas e quinze dos 26 ramos pesquisados mostraram redução na produção.
Com isso, o setor industrial ainda se encontra 1,5% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 18,0% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.
Análise da produção de móveis
“A indústria não havia recuperado a perda de janeiro (-1,9%) mesmo com os quatro meses de crescimento em sequência, período em que houve alta acumulada de 1,8%. Com o resultado de junho, há uma acentuação do saldo negativo no ano (-0,5%) quando comparado com o patamar de dezembro de 2021.
Isso reflete as dificuldades que o setor industrial permanece enfrentando, como o aumento nos custos de produção e a restrição de acesso a insumos e componentes para a produção de bem final. Nesse sentido, o comportamento da atividade industrial tem sido marcado por paralisações das plantas industriais, reduções de jornada de trabalho e concessão de férias coletivas”, explica o gerente da pesquisa, André Macedo.
– Alternativa lança componentes para móveis
O pesquisador também cita alguns fatores que têm impactado negativamente a indústria sob a ótica da demanda. “Há a taxa de juros elevada, a inflação que segue em patamares altos, a diminuição da renda das famílias e, ainda que a taxa de desocupação venha caindo nos últimos meses, há um contingente de aproximadamente 10 milhões de desempregados no país”, diz e acrescenta:
“A característica dos postos de trabalho que estão sendo criados aponta para uma precarização do mercado de trabalho e isso é refletido na massa de rendimento, que não está crescendo. Todos esses aspectos são fatos importantes na nossa análise e ajudam a explicar esse saldo negativo do setor industrial”, analisa.