Medida pode aumentar o desemprego e obstruir processo de recuperação pós-crise do setor moveleiro
Publicado em 5 de junho de 2018 | 11:33 |Por:
Na última semana, em meio às negociações para o fim da greve dos caminhoneiros, o presidente Michel Temer sancionou a reoneração da folha de pagamento de 39 setores produtivos (de um total de 56). De acordo com o projeto de lei previamente proposto pela Câmara dos Deputados, ao menos 28 destes segmentos da economia seguiriam desonerados até 2020, mas a presidência vetou 11 deles, incluindo o setor moveleiro, que já este ano perde a isenção tributária concedida desde 2011. A medida começa a vigorar dentro de três meses.
Com efeito, a indústria de mobiliário deixará de contribuir para o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) a partir do faturamento das empresas (sob taxas de 2% a 4%) e volta a ser tributada sobre a folha de pagamento com alíquota de 20%. O governo federal justificou a decisão como modo de compensar o corte do PIS/Cofins sobre o diesel – uma das reivindicações dos caminhoneiros durante as paralisações.
– Abimaq se posiciona contra a reoneração da folha
A Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel) lamentou a decisão e já organizou uma comitiva para tentar reverter a sanção presidencial. O presidente da entidade, Daniel Lutz, junto com sua equipe, pretende nesta terça-feira articular reuniões com parlamentares e representantes do governo para rediscutir a reoneração da folha de pagamento sobre o setor moveleiro.
“O móvel brasileiro para exportação fica muito caro comparado com o preço mundial e a desoneração ajudava a manter a competitividade do produto. A decisão do governo pode ter consequências muito drásticas. Já estamos nos mobilizando quanto a isso”, disse Lutz.
No ramo de móveis, as empresas que mais empregam serão também as mais afetadas pelo fim da desoneração. De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (Sima) e também proprietário da Caemmun Movelaria, Irineu Munhoz, o setor de estofados pode ser severamente afetado pela decisão.
“A medida vai impactar quem mais emprega, que são geralmente indústrias de estofados. Isso obviamente vai determinar o custo da mercadoria produzida, acredito que algo em torno de 30%. O desemprego também tende a aumentar, pois a desoneração visava combater esse ponto. Outro problema é que o governo está taxando a exportação. O que foi concedido de benesse sobre diesel, agora está refletindo sobre o exportador”, afirma Munhoz.
O governo está taxando a exportação. O que foi concedido de benesse sobre diesel, agora está refletindo sobre o exportador
O fim da desoneração causa apreensão ao setor de móveis não apenas pelos impactos imediatos, mas porque também pode obstruir o processo de recuperação pós-crise econômica. A indústria de mobiliário foi fortemente impactada entre 2012 e 2017, com produção e vendas no varejo reduzidas. Para o presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do RS (Movergs), a reoneração é preocupante, visto que o setor está iniciando uma reação, com um leve crescimento nos primeiros meses de 2018.
“Sem dúvida, o corte do benefício pesará com sério prejuízos nas contratações das cerca de 2,7 mil empresas do setor no Rio Grande do Sul”, destaca o presidente da Movergs, Volnei Benini.
Atualizado diariamente por uma equipe de jornalistas profissionais, o Portal eMóbile agrega as notícias mais atuais e relevantes para os profissionais do setor moveleiro, sejam eles industriais, varejistas, marceneiros ou designers e arquitetos.