Setor de árvores cultivadas gera 2,8 milhões de oportunidades no Brasil
Levantamento inédito de Emprego e Renda no Brasil, desenvolvido em parceria com a Ibá e a FGV, destaca impactos sociais positivos da atividade de base florestal
Publicado em 3 de agosto de 2022 | 08:00 |Por: Thiago Rodrigo
Levantamento inédito da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), em parceria com a FGV-IBRE, indica que o setor de base florestal gera 2,8 milhões de oportunidades no país. O relatório Emprego e Renda no Setor de Árvores Cultivadas 2022, que está disponível no site da Ibá, mapeia o valor gerado para a cadeia produtiva e comunidades onde as companhias estão inseridas.
Das 2,8 milhões de oportunidades no Brasil, 536,4 mil são entre empregos diretos, 1,5 milhão indiretos e 805,4 mil de oportunidades e rendas induzidos. Para estes trabalhadores, presentes nos mais de 1.000 municípios em que o setor atua, é gerada uma renda que somou R$ 122,7 bilhões.
Toda esta força de homens e mulheres do país inteiro multiplica e compartilha valores. A receita do setor de árvores cultivadas totaliza R$ 116,8 bilhões, número recorde. Quando as produções indireta e induzida são somadas, o valor gerado por toda a cadeia florestal atinge R$ 388,8 bilhões.
O Emprego e Renda da Ibá é um verdadeiro mapa, com uma leitura bastante clara da força social e econômica desta indústria. “O trabalho com os dois pés fincados na bioeconomia vai além dos benefícios ambientais e os dados do estudo comprovam isso. Para cada R$ 1 milhão produzido pelo setor de árvores cultivadas brasileiro, é gerado R$1 milhão em renda indireta ou induzida. Ou seja, as companhias também impulsionam os serviços de terceiros e as economias das localidades onde estão inseridas, estimulando o desenvolvimento em regiões afastadas dos grandes centros. Isto tem um enorme valor, especialmente em conjunturas econômicas desafiadoras”, afirmou o Embaixador José Carlos da Fonseca Jr., diretor executivo da Ibá.
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O setor de árvores cultivadas apresenta uma carteira de R$ 60,4 bilhões de investimentos em curso até 2028, em florestas, novas fábricas, expansões, ciência e tecnologia. Os avanços em novas aplicações para as fibras vegetais são constantes. A partir dessa importante cadeia, são feitos mais de 5.000 bioprodutos essenciais, como embalagens de papel, livros, cadernos, papel higiênico máscaras cirúrgicas, pisos laminados, painéis de madeira, carvão vegetal para produção de aço verde, entre tantos outros. Itens que são fundamentais em nosso cotidiano, têm origem renovável, são recicláveis e biodegradáveis.
Este é um setor que não para de investir em inovação, produtos e pessoas, impulsionando riqueza compartilhada que é verdadeiramente com a sociedade. Tudo isso está relacionado à nova consciência do consumidor, que busca produtos desenvolvidos em cadeias produtivas que sejam sustentáveis.
Para trazer casos reais, o Caderno traz 9 casos de pessoas que tiveram oportunidades a partir da influência do setor de árvores cultivadas em suas respectivas regiões. Cases de qualificação profissional, desenvolvimento socioeconômico nas comunidades, geração de trabalho e renda na agricultura familiar, ações de reflorestamento, entre outros projetos, ganham luz e mostram caminhos voltados à sustentabilidade. Associadas da Ibá que participam do relatório com seus cases são Cenibra, Eldorado Brasil, Ibema, Melhoramentos, Norflor, Suzano, Sylvamo e WestRock.
Cenibra destacou a história de Roberto Carlos Alves, apicultor e professor com formação em Letras, tem mestrado e doutorando em temas relacionados ao mundo do campo e trabalha com abelhas há 35 anos. Ele afirma que a parceria com a Cenibra tem possibilitado melhorar a vida, ter a mesa farta, uma ocupação digna e muitas outras conquistas que “o dinheiro não compra”, como os estudos dele, da esposa e dos filhos.
Setor de árvores
Adriana Oliveira entrou no projeto Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS), da Eldorado Brasil. Aos 51 anos, atua na agricultura orgânica que é a principal renda da família.
Na Ibema, Gerson Nestor de Souza é gerente industrial da unidade de Embu das Artes. Sua história com a empresa começou quando ainda era criança e via seus pais irem para o trabalho na fábrica, no interior do Paraná. Em Turvo, por meio de um programa de pequeno aprendiz realizado pela empresa, começou a trabalhar na área administrativa – e não saiu mais.
No case da Melhoramentos, com o projeto Cata do Pinhão, Maria Vanda Maciel, 67 anos, conta que a parceria tem ajudado a gerar renda extra, auxiliando na construção da casa própria e garantindo o alimento para a família. Além de ampliar as possibilidades de geração de renda aos catadores de pinhão da zona rural, o projeto ganha ainda mais relevância por estar associado à segurança alimentar.
O Projeto Aflorar, da Norflor, atende mais de 100 famílias no Vale do Jequitinhonha (MG), orienta os participantes no plantio de hortas orgânicas e sistema agroflorestal, para a melhoria da qualidade de vida das famílias, segurança alimentar, incremento de renda e proteção do meio ambiente. José Aparecido Franco destaca “Eu agradeço muito. Se a empresa não ajudasse a gente, nós não estaríamos com essa plantação e não teríamos tirado esse tanto de verduras”.
No case da Suzano, Claudio Olímpio, de Caravelas (BA), se define orgulhosamente como agricultor, mas também é agente de saúde. “O projeto funciona com granjas agroflorestais, tem como pioneiro o café, que já está estabilizado, mas também temos banana, laranja, mandioca, abacate, hortaliças, uma diversidade de produtos que nos garantem a permanência na área rural e nossa segurança alimentar, diferentemente das pessoas que vive, na Zona urbana, que devem pagar aluguel e comprar seus alimentos.” Ele é uma das mais de 18 mil pessoas beneficiadas pelo Programa de Desenvolvimento Rural Territorial (PDRT) da companhia.
Na Sylvamo, a história é de Mariana Mota e Paulo de Araújo, que integram o projeto Raízes do Mogi Guaçu, em Monte Sião/SP. Juntos, produzem café especial em sistema agroflorestal e a iniciativa foi vencedora do Prêmio Novo Agro promovido pelo Banco Santander e Esalq/USP. O sítio é também campo de pesquisa do Instituto Federal do Sul de Minas e tem o princípio da regeneração como pilar de atuação. Mariana e Paulo vislumbraram no projeto a oportunidade de ampliar sua biodiversidade e fortalecer sua atuação local, pautada em educação ambiental, pesquisa e comércio justo.
A economia circular foi destaque no caso da WestRock, com um ciclo que se inicia na reutilização e compostagem de resíduos industriais, que se transformam em um rico composto orgânico que é doado a produtores rurais da região de Santa Catarina, como o Antônio, e que, por sua vez, comercializam parte dessa produção de hortifruti de volta à organização. Iniciativa que gera renda às comunidades locais e uma alimentação saudável e orgânica aos funcionários da empresa.
O documento ainda traz um detalhamento dos números por segmento e avanços sociais. Os dados do Relatório de Emprego e Renda do setor florestal são relativos ao ano de 2020.