12 Door Marcenaria: leia a história completa

Marcenaria 12 Door virou reportagem de quatro páginas na Móbile Fornecedores Sob Medida; leia história completa a seguir

Publicado em 3 de maio de 2023 | 08:00 |Por: Thiago Rodrigo

Fabiano Quintal é um homem obstinado. Fundador da 12 Door, com sua marcenaria ele atende grandes projetos no e a partir do Rio de Janeiro e busca conquistar outros mercados, fora do Brasil. Quando adolescente, caiu no mundo da marcenaria por meio de seu avô, passando o tempo e o ajudando em sua carpintaria – o ancestral era o braço direito e realizava serviços para o arquiteto Oscar Niemeyer.

Foi para o mercado de trabalho, mas a paixão pela marcenaria já havia surgido. Desde então, são 25 anos no ofício. Começou em uma empresa que prestava serviço para a Rede Globo de Televisão, que tinha o Roberto Stein (designer gráfico da Globo) como proprietário e o Hans Donner como parceiro de negócios. “Eu fui contratado para ser ajudante de marcenaria, porque eu queria me envolver com marcenaria. Ao longo de quatro ou cinco meses fui promovido para gerente porque tinha um domínio em gestão de outros trabalhos”, conta Fabiano.

Com isso o Roberto Stein, o viu como uma pessoa a se investir tecnicamente. Nessa marcenaria, passou a fazer toda a parte técnica dos cenários de jornalismo da Rede Globo, como “Bom Dia Brasil”, “RJTV”, “Fantástico”, “Esporte Espetacular”, “Jornal das Dez” e “Globo News” na Globo São Paulo. Na empresa, Fabiano tinha um teto, mas com seu próprio negócio isso não seria preciso e o céu poderia ser o limite.12 Door Marcenaria

“Em 2010, minha esposa começou a fazer design de interiores e percebemos que tínhamos ‘batido com a cabeça no teto da fábrica’ e não tínhamos mais para onde crescer. Foi nesse momento que decidi montar nossa primeira empresa, que seria uma marcenaria só de portas”, diz o empresário. Com o número 12 como um número de sorte em sua minha vida, o nome da empresa virou 12 Door.

Iniciou produzindo apenas portas. Com dois meses, surgiu a oportunidade de executar a marcenaria completa de uma casa. “O cliente era o Celso de Barros, na época presidente da Unimed e do Fluminense. Sua esposa era muito amiga da minha esposa e nos apaixonamos pelo resultado. A partir disso a Tatiana, minha esposa, focou na área comercial e decoração de interiores”, compartilha. Assim, além de portas a 12 Door faz projetos de marcenaria desde 2010, completando em fevereiro 13 anos de história.

Crescimento comercial

Ao longo do tempo, a 12Door teve um crescimento gradativo e passando por vários setores do ramo moveleiro. Começou com decoração de interiores, atendendo residências de arquitetos renomados. “Eu sempre tive uma a boa relação e um network muito forte por ter trabalhado na Globo. Por ter um conhecimento muito grande em marcenaria, fomos devagar ganhando a confiança de alguns escritórios de arquitetura como Oficina Par e o Cadas, assim como alguns outros nomes de arquitetos menos renomados que nos acompanharam no mercado de decoração de interiores”.

Depois, trabalhou com decoração comercial e passou a atender o Grupo Severiano Ribeiro, do Kinoplex Cinemas. “Essa parceria durou em torno de quatro a cinco anos, fazendo toda a revitalização dos cinemas da rede Kinoplex e da Galeria São Luiz, que possui um dos cinemas tradicionais da rede. Fizemos também a revitalização do Cinema Rox, outro ícone do mercado, assim como modernizamos outros cinemas pelo Rio de Janeiro”, enaltece Fabiano.

A empresa também projetou a sede da Effect Sports, realizadora de eventos esportivo. “Nós fizemos a sede deles, com um design supermoderno, voltado para um clima residencial de trabalho. Era uma proposta superbacana. No meio dessa obra, o dono da empresa, que era filho de uma pessoa muito importante do ramo hospitalar, tinha acabado de construir um hospital, o Hospital Pediátrico Jutta Batista, financiado pelo Eike Batista na época, e tinha como proposta ser um hospital infantil focado apenas no coração. Pegamos o desafio de construir as alas do hospital e com isso tivemos mais um pouco de know how na área hospitalar também”, assinala.

No meio dessa transição de cinemas para hospitais, a 12 Door foi descoberta por uma empresa de engenharia chamada Construtora Souza Camargo, que era muito famosa no Rio de Janeiro. Esse contato se deu por meio de um amigo de Fabiano, João Luiz Niemeyer, neto do Oscar Niemeyer para quem seu avô tinha trabalhado. O João os convidou para produzir a marcenaria de um teatro.

Era o Teatro XP, no Jockey Club do Rio de Janeiro. “Ajudamos a construir o teatro, fizemos a parte moveleira, camarins, parte acústica e diversos outros itens de marcenaria. Nessa ocasião eu conheci a Souza Camargo, empresa que viria a fazer o primeiro Restaurante Gurumê, do Grupo Trigo”, compartilha.

Assim, no fim de 2016, topou o desafio de construir a loja premium deles, desenhada pela Bernardes Arquitetura, um dos maiores do País. “Temos exclusividade na construção das cadeiras, que são assinadas pela nossa empresa, dos bancos, forrações, mesas e demais demandas de mobília que as lojas tenham. Assim a 12 Door evoluiu no mercado e fez seu nome”, destaca.

Crescimento fabril

O crescimento comercial ajudou no crescimento fabril, evidentemente. Para projetos de grande porte como esses, era necessário a expansão do espaço produtivo, o que não era possível no local em que se encontrava. Com isso, dividiu o processo de construção na ordem crescente, ou seja, da matéria-prima e primeira parte da construção até o acabamento para o cliente.

Em um dos galpões são preparadas as madeiras, envolvendo algumas vezes a combinação com estruturas de ferro e corian dependendo do projeto. Elas são encaminhadas para o segundo galpão, onde é feita a montagem dos módulos, bancos, cadeiras e demais móveis. Depois de tudo ajustado e revisado, é enviado para um terceiro galpão para realizar o acabamento das peças que serão entregues ao cliente final.

“Esse foi o método mais interessante que encontramos para escoar nossa produção e tem funcionado de forma perfeita. Conseguimos reduzir em mais ou menos 40% as dificuldades do processo de construção de uma loja para outra usando esse método e estamos ativamente trabalhando para melhorar mais a cada dia”, afirma o empresário.

Projetos e arquitetos

Um projeto de destaque da marcenaria é o Restaurante Gurumê. “Trata-se de um projeto muito voltado para marcenaria maciça, painéis ripados, bancos ripados e diversos móveis em acabamento de madeira nativa brasileira, que é a característica do Thiago Bernardes e nosso foco nos painéis ripados e forrações em geral”, afirma.

O papel da 12 Door com esse cliente é de execução de marcenaria, também como execução técnica. “Eu cuido de toda a parte moveleira dos Restaurantes Gurumê. Eu detalho e executo toda a parte de marcenaria dos projetos porque, hoje, os escritórios de arquitetura dependem muito de uma pessoa técnica nessa área para executar os projetos”, conta.

12 Door Marcenaria

 

Em um ambiente residencial, um projeto que Fabiano se orgulha são os que já saíram em Casa Cor e na Casa Vogue. Mas um que ele tem um carinho muito grande é o da Paula Aribani. “Temos também a casa de um dos proprietários do próprio Grupo Trigo, feito pela Lia Siqueira, uma arquiteta renomadíssima do Rio de Janeiro. Temos diversos projetos residenciais que nos marcaram que fizeram parte da história da 12 Door”, observa.

Atualmente, a empresa trabalha com apenas um escritório de arquitetura grande no Brasil, que é o escritório do Thiago Bernardes, fazendo especificamente o Restaurante Gurumê. Todavia, tem, em sua lista de clientes, diversos escritórios renomados do Rio de Janeiro, como MPG Arquitetura, Erick Figueira, Cadas Abrantes, BC Arquitetura.

Todos eles chegaram até a 12 Door por indicações de um escritório ou de um arquiteto para outro, além de trabalhos vistos, como por exemplo na Casa Cor, do qual a empresa participou duas vezes. “Nós nunca tivemos um trabalho de divulgação de mídia, redes sociais ou coisa do tipo, sempre obtivemos alcance através do próprio cliente nos indicando”.12 Door Marcenaria

Painéis ripados

Nos últimos anos, a 12 Door se especializou em atender a tendência de painéis ripados. Com isso, chegou aos Estados Unidos. “É um produto muito em alta, mas com muita concorrência. O grande segredo é ser diferente!”, enaltece. No Brasil, a empresa fornece o produto com pronta-entrega, auto instalável, que é comprado sob medida, mas como se fosse industrializado, sem usar produtos sintéticos, materiais falsos e afins.

“Nossos produtos são todos de MDF com lâmina natural aplicada à mão. Apenas o corte é feito por máquinas, mas da montagem a finalização tudo é feito manualmente”, diz. Com isso, a marcenaria consegue entregar um produto artesanal e sob medida, mas com um custo-benefício de industrializado, sendo esse o diferencial.

A presença no mercado externo começou com sua esposa e sócia, Tatiana, querendo morar na Flórida por questões de segurança e educação dos filhos. Todavia, isso durou pouco e pouco depois, em 2019, já estavam realizando projetos. “A gente ia fazer um sob medida nos Estados Unidos, devido à alta procura no mercado estadunidense. A marcenaria fez uma residência de seis quartos nos Estados Unidos. “Ficou incrível, mas não passou disso”, resume.12 Door Marcenaria painéis ripados

Eles observaram que o processo de mão de obra nos Estados Unidos era muito complicado e que o mercado demandava um produto que o próprio consumidor pudesse instalar. Assim, sua esposa teve a ideia de criar uma linha de produtos DIY (faça você mesmo) que resultou na linha de painéis ripados chamada Slatted Wood Panels.

Ideia discutida e produto construído, a pandemia atrapalhou, mas ainda assim encontraram o importador e exportador Manoel Loureiro, da US Graphics CO para alavancar o produto em uma parceria comercial. Com isso, no ano passado a 12 Door enviou o primeiro contêiner com 1,5 mil m² do produto.

Dicas para exportar
“A melhor dica que podemos dar para grandes empresas brasileiras que desejam internacionalizar seus produtos é escolher bem o que você vai comercializar, fugindo da concorrência chinesa que copia tudo, e tentar ao máximo deixar o seu produto o mais artesanal possível”, sugere Fabiano. Grande consumidor mundial de móveis, o mercado estadunidense quer foco, na visão dele. Assim, ele indica escolher um produto e atacar de forma objetiva, em vez de entrar com um leque de opções tentando acertar com dois ou três produtos. “O mercado estadunidense é muito objetivo e exclusivo. Quando alguém monta uma empresa de chapéus ele se especializa em chapéus, quando monta uma loja de calçado ele se especializa em calçados masculinos ou femininos ou em tênis, mas nunca em tudo. Meu conselho é buscar uma boa parceria, fazer muita pesquisa e entrar em um mercado seguro com um produto bem definido e objetivo, não como uma aventura”, assinala.

A marcenaria tinha como objetivo usar esse produto no primeiro ano para divulgação e expansão, resultando na entrada em mercados não conhecidos até então como Miami, Nova Iorque e Texas. “Na verdade, a gente não tinha nenhum interesse inicial de vender em uma pegada só, sabe? A ideia era usar isso como uma grande amostra”, conta.

“Queríamos ter o produto vendido em diferentes Estados, mas visando ter uma estimativa da procura e do consumo dos painéis, criando um termômetro de vendas e distribuição. Com isso hoje temos uma solicitação muito grande de forrações de madeiras naturais. Boa parte dos pedidos são de madeiras ainda não enviadas, mas o mercado tende a acolher muito bem a madeira natural brasileira, não tão bem a laca, como a gente imaginava anteriormente”, acrescenta.

O produto é ofertado nas versões Slatted Easy (placas de 2750 mm) e Slatted Luxury (placas de 450 mm quadrado). A demanda dos painéis ripados no mercado brasileiro está em expansão, mas nos Estados Unidos está com uma grande demanda. Lá, a empresa realiza uma divulgação em eventos, parceiros comerciais, uma rede de lojas de colchões que veio de Portugal e agora está nos Estados Unidos e abraçou o produto de painéis ripados como parte do produto deles, na forma de cabeceiras de cama.

“Agora eles divulgam nosso produto na Flórida por meio de mala direta e eventos. Estamos também inseridos em uma grande rede de distribuição de pisos americanos que distribui os painéis ripados em Nova York e Miami. Eu gosto de dizer que nos Estados Unidos nós procuramos e fazemos nosso mercado e no Brasil é o mercado que nos procura”, compartilha Fabiano.12 Door Marcenaria painéis ripados

Unique Wood Tile

Além dos painéis ripados, a 12 Door tem um novo produto, desenvolvido durante a pandemia. “Fizemos a contratação de um renomado arquiteto do Rio, para dar suporte a parte técnica e aliando com toda estrutura da 12 Door obtivemos a concepção do Unique, com uma exclusividade absoluta, não encontrando nada igual no mercado, apenas vimos alguma coisa parecida na Itália”, diz. A linha Unique está com o lançamento previsto para este ano nos Estados Unidos e, posteriormente, no mercado brasileiro.

Perfil
Atualmente, a 12 Door tem 40 funcionários. Alguns deles são por meio de empresas subcontratadas para atender a demanda de alguns serviços extras da área têxtil e serralheria. A empresa possui maquinário completo para atender todo tipo de marcenaria necessário, desde tupias de bancada até uma Router CNC, passando por coladeiras de borda, seccionadora, lixadeiras de cinta, desengrosso e desempeno, além de uma cabine de pintura para fazer diversos tipos de acabamento de alto padrão. A empresa atende mensalmente em torno de nove lojas do Grupo Trigo, para o Restaurante Gurumê, com a construção, no momento, de três novas unidades, fazendo também a manutenção de eventuais reposições do mobiliário. Isso sem contar a fabricação de produtos de forração para o mercado nacional e internacional. Assim, a empresa tem o objetivo de manter o atendimento de alto padrão ao Grupo Trigo, com a expansão do Restaurante Gurumê pelo Brasil com pelo menos 23 novas lojas até 2026, e, gradativamente, expandir para o mercado norte-americano.

Trata-se de azulejos de madeira com 20 mm x 20 mm. “Identificamos ele como um produto que pudesse atender todas as classes sociais estadunidenses, da menor a maior classe social americana, dependendo do tipo de azulejo executado. Nós podemos comercializar em grandes comércios de rede tanto quanto em lojas de forrações de alto padrão, dependendo do modelo que vai ser inserido em cada ambiente de venda”, explica Fabiano. O produto tem várias possibilidades de montagem, considerado por ele como um novo Lego da decoração de interiores.

“Ele é um produto que vai atingir da criança ao adulto, da classe D a classe A estadunidense. Então, o pai vai poder fazer o quarto do filho com o nosso azulejo colorido e montar isso em um final de semana com o filho”, diz. Cada instalação tem um formato, desse modo, uma mesma pessoa não consegue instalar sem seguir uma planta em duas paredes simultâneas.

“É como se a gente criasse uma digital para o cliente. A parede dele é uma digital e traz uma identidade única, é feita por ele e ninguém vai copiar a não ser que fotografe, compre o mesmo produto e monte idêntico. É como se tirasse um molde do dedo da pessoa, ou seja, é um produto único e que aplicado vira uma obra de arte com forte apelo visual”, enfatiza.

Internacionalização

Com os painéis ripados, chamados Slatted Wood Panels nos Estados Unidos, a 12 Door está focando em um trabalho comercial de redistribuição pelo mercado, em função da dificuldade de deslocamento interno. “Vamos precisar ter esses produtos concentrados em alguns centros americanos como Nova York, Texas, Miami, Orlando e Kansas para facilitar o escoamento do produto”, esclarece.

A marcenaria está em uma parceria de estudos com a ApexBrasil em Miami para mapear os melhores acessos. Hoje, o produto é distribuído da Florida para diversos estados, mas Fabiano quer, em médio a curto prazo, facilitar essas rotas e criar os centros de distribuição citados. As vendas estão crescentes por meio da empresa US Graphic. “O produto hoje ainda é comercializado por eles, que faz parte do nosso primeiro passo de mercado”, diz Fabiano, que acrescenta:

“Temos uma aceitação enorme do mercado e os clientes, quando veem o produto, ficam encantados tanto com os azulejos quanto com os nossos ripados. A gente acredita muito no mercado norte-americano, mesmo tendo o mercado brasileiro hoje como um grande parceiro da 12 Door”, relata. Os Estados Unidos são o único país que a empresa exporta, mas já há uma parceria em andamento para estender para o mercado europeu, a começar por Portugal, onde a empresa parceira nos EUA (Sleep House) atua.12 Door Marcenaria painéis ripados

Mercado brasileiro

Para Fabiano, o mercado de móveis sob medida brasileiro está muito saturado, motivo também para investir na exportação. “Ter uma marcenaria hoje virou uma espécie de receita de bolo. Você precisa ter dinheiro, maquinário pesado, um bom projetista, um operador de Router CNC e um operador de coladeira de borda”, pontua e acrescenta: “Nós não queremos só isso”. Ele frisa que a 12Door é referência no Rio de Janeiro e os poucos concorrentes de alto padrão são do Espírito Santo.12 Door Marcenaria produção de móveis

“Sempre fugimos do mercado da mesmice, do modulado, da lâmina que imita a lâmina natural e resolvemos mostrar para o mercado norte-americano o que temos de mais interessante. Mesmo eles amando esse luxo e glamour, o mercado norte-americano é muito atrasado em relação ao nosso nesse quesito”, diz. Hoje os ripados de PVC que imitam madeira é um mercado quente, segundo ele, e quando a 12Door entrou com seus ripados nos Estados Unidos, mexeu com ele.

“Nós não temos concorrentes a não ser as marcenarias sob medida que não tem o poder da lâmina natural brasileira que nós levamos para lá. Nisso, começamos a ser copiados em alguns produtos, mas não nos abala pois hoje estamos no mercado High End de painéis ripados dos Estados Unidos. Queremos atingir o mercado nacional estadunidense com um produto novo, com linhas Standard, High End e Premium”, destaca Fabiano.

12 Door Marcenaria

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