Trabalho conjunto como diferencial competitivo para marcenarias
Integração de arquitetos e designers vira diferencial na atuação da marcenaria no mercado, de acordo com especialistas e profissionais
Publicado em 30 de outubro de 2018 | 08:00 |Por: Luis Antonio Hangai
Arquitetos são profissionais responsáveis por planejar cidades e projetar moradas, as artes e design estão sob seus olhares. Já os marceneiros são considerados um dos mais antigos ofícios, o profissional sob medida se atualizou com o passar dos anos e hoje utiliza os mais diversos materiais para a realização de seu serviço. Com esse pensamento, especialistas comentam sobre a sinergia destes dois campos do saber, que podem ser um diferencial competitivo para marcenarias no mercado.
Em resumo, o trabalho realizado pelo arquiteto e marceneiro são complementares, frisa a analista de negócios do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Paraná (Senai-PR), Claudia Lens. “É capaz de oferecer excelentes resultados ao cliente. Isso devido à competência do arquiteto em planejar o ambiente de acordo com a necessidade, considerando questões estéticas, ergonômicas, elétricas e hidráulicas. O marceneiro, por sua vez, tem a habilidade de executar, transformar o desenho, o sonho em realidade exatamente como foi pensado”, assinala.
A profissional pontua que existem vários meios para se buscar a parceria. Entre elas, ações por parte do Senai que compreendem palestras e workshops que oportunizam as empresas e os profissionais visualizar esse trabalho em conjunto, o que pode ocasionar o chamado diferencial competitivo para marcenarias.
A Heck Móveis, por exemplo, escolheu um caminho audacioso e que está dando certo. Seu diferencial é manter um showroom dentro da fábrica e conquistar arquitetos e designers pela qualidade dos produtos. “Quando solicitei um orçamento, ele se recusou a mandar por e-mail e insistiu que eu tinha que conhecer a marcenaria para então me passar o valor. Foi uma estratégia muito interessante porque lá vi a tecnologia e capricho dos móveis montados. Isso me conquistou”, revela a designer de interiores, Melissa Dallegrave.
De fato, o vendedor da Heck, André Oscar Heck, afirma fazer questão que o profissional vá conhecer o showroom em primeiro lugar. “Não concordo com a cotação só de valores e não de qualidade. Móvel se difere um do outro, além do acabamento, pelo tipo de material utilizado. Por isso só o orçamento é muito pouco para apresentar a empresa. Ele vindo aqui, consegue ver exatamente o que a fazemos”, explica.
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A parceria dos profissionais dá tão certa que a Heck Móveis foi responsável por toda parte de marcenaria dos ambientes assinados por Melissa na Casa Cor Paraná: Sala de Banho do Casal e Espaço Circulação. O feito, segundo Heck, está abrindo muitas portas. Mas sua dica para alcançar um diferencial competitivo para marcenarias é que, para trabalhar em conjunto, é necessário procurar parceiros que estejam dentro dos padrões de cada um.
“Não só de custo, como na mesma linha de pensamento. Com entrosamento. Desta forma, perdura por muito tempo e quem ganha é o cliente final. Nós estamos sempre aprendendo. Se eu estiver propondo algo que ele tenha uma solução melhor, eu estou aberta a ele me dizer, desde que não modifique o projeto sem avisar. Deve-se estar alinhado no pensamento e execução”, observa.
Alternativas em busca de um diferencial
Outra alternativa é a indicada pela designer de interiores, Daniela Colnaghi. Segundo ela, muitos profissionais acabam se fechando com alguns marceneiros que já trabalham e não querem receber outros. “Por meio da Associação de Decoração do Estado de São Paulo (Adesp) acabo tendo contato com muitos fornecedores que querem apresentar os trabalhos deles em São Paulo. A Associação, por estar levando sempre muita novidade, acaba conseguindo abrir portas”, afirma.
A indicação, entretanto, sai à frente quando os especificadores pensam em novos fornecedores. “Estes são selecionados por mim por meio de recomendações de colegas ou de clientes. Sempre procuro ver vários trabalhos realizados quando contrato um fornecedor novo, especialmente na área de marcenaria”, revela o arquiteto, José Claudio Falchi.
Visão compartilhada pela arquiteta Cinthia Liberatori. “A escolha é sempre feita por indicação de alguém que já conhece o trabalho do fornecedor. Não adianta uma marcenaria ter um folder maravilhoso ou visitar o escritório para apresentar a empresa, sem o endosso e feedback positivo de quem já trabalhou com eles”, considera.
As arquitetas da EFTM Arquitetura, Erika Fukunishi e Thalita Miyawaki, sublinham que quando há empatia entre profissional de arquitetura e o fornecedor a obra flui com mais facilidade de entrega e de qualidade. Para isso, consideram necessário manter uma comunicação efetiva. “O que é justo e o que cobramos do fornecedor é somente a confiança nos pontos: qualidade, prazo e preço justo. O que é combinado não sai caro. E isso se aplica a ambas as partes, ou seja, tudo que puder deixar documentado seja em digital seja em analógico é melhor”, comentam.
Equilíbrio entre as relações profissionais
Em suma, para um trabalho em harmonia e que se mostre como um diferencial competitivo para marcenarias é necessário que, desde o início aconteça integração entre os lados. “Isso direciona as viabilidades e inviabilidades reduzindo o nível de estresse e retrabalho entre ambas as partes”, avalia Claudia, do Senai.
A boa relação é exatamente o que mantém a parceria das arquitetas Luciana Olesko e Maria Fernanda Lorusso com o marceneiro da Bruleo Móveis Sob Medida, José Alves Cardoso. “Nós trabalhamos com o José há mais de 11 anos e não tivemos problemas com ele, que é uma pessoa muito honesta, correta, e não fala prazos que não consegue cumprir. Por conta disso a nossa experiência com marcenaria é excelente”, revela Maria Fernanda.
Luciana frisa que também é importante ter resposta na assistência técnica. “Existem muitos marceneiros que não dão esse retorno e isso faz a má fama dos mesmos. Entre nós arquitetos, se escuta bastante sobre marceneiros que fazem o trabalho, há algum defeito e mesmo assim o profissional não vai arrumar.”
Comunicação
Para a arquiteta Carolina Bonetti, estar sempre em contato é fundamental, e se encaixa como um diferencial competitivo para marcenarias. “Faço diversas reuniões antes mesmo da execução com o marceneiro e em outras vezes estamos juntos ao cliente. Debatemos os projetos no local, assim conseguimos executar de forma mais precisa e extrair os melhores resultados finais. Hoje as marcenarias contam com equipes bem preparadas e muita tecnologia. Estão atualizados às tendências e essa linguagem se tornou mais comum”, considera.
Há aproximadamente quatro anos Carolina trabalha com a marcenaria 3D Mobile e, segundo o proprietário, Dirlei Ambrozio, hoje cerca de 80% dos trabalhos se dão junto aos arquitetos. O diferencial competitivo para marcenarias, para ele, é a segurança de um cliente com boa procedência, além da qualidade dos projetos e os desafios em termos de complexidade.
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“Creio que, hoje em dia, arquitetos e designers não procuram apenas uma marcenaria que possa executar os móveis que projetaram, mas sim profissionais que possam ajudá-los com conhecimentos técnicos mais aprofundados e que também se preocupe com o resultado final do projeto, se envolvendo e buscando sempre dar as melhores soluções. A forma para você buscar estes profissionais é oferecer algo de diferente que agrega em seus projetos e ser um verdadeiro parceiro”, aconselha.
Claudia, do Senai, aconselha que além da construção dos padrões relacionados à materiais e processos, é muito importante considerar que o trabalho em parceria exige um nível de documentação e organização para que possa resultar em sucesso. “Quando a tarefa depende de exercício de ambas as partes, é importante que se tenha definido o papel de cada um desde o início. Esse diferencial colabora para agregar valor ao produto e para o fortalecimento tanto da marcenaria quanto do profissional de arquitetura”, sinaliza.