Frisos nos móveis ajudam a valorizar peças e ambientes se utilizados corretamente
Especialistas comentam sobre a utilização de frisos, que por exemplo, podem ser aplicados em painéis fixados nas paredes e criam a sensação de definição da peça
Publicado em 26 de novembro de 2018 | 08:00 |Por: Luis Antonio Hangai
Diversas são as habilidades que compõem o repertório de um marceneiro. Usada para dar destaque e valorizar os projetos, entre elas está o friso que, segundo a professora doutora em design e arquitetura, Suzete Nancy Filipak Mengatto, suaviza a aparência do móvel e define suas formas. Além disso, os frisos nos móveis transmitem uma sensação de limpeza e permitem uma decoração sem a necessidade de incluir outros elementos, de acordo com a profissional.
Para o instrutor da Escola Senai Luiz Scavone, de Itatiba (SP), Ricardo da Silva Saraiva, esse recurso serve, também, como uma alternativa para aprimorar os projetos e garantir a satisfação do cliente. “São usados por diversos motivos mas, principalmente, para trazer maior sensação de profundidade e ajudar a ‘quebrar’ o aspecto de continuidade, o que torna o ambiente mais agradável e sofisticado”, comenta.
Menos é mais
Suzete explica que os frisos nos móveis tem a função de ser a decoração do mobiliário, sendo usado em substituição de outro elemento, por exemplo, no lugar dos puxadores em armários de cozinha, neste caso fazendo a função de cava. “O friso vai definir bastante o volume. Então é melhor que essa colocação seja feita junto com o design de interiores, porque ele saberá avaliar o peso de cada elemento e deixar os vazios necessários para não pesar a decoração”, aconselha.
O proprietário da AR Marcenaria e Design, de São Paulo (SP), André Luiz Gregorio, define o friso como a “cereja do bolo” dos seus projetos. Estratégia usada, inclusive, para surpreender seus clientes. “Na maioria das vezes, a pessoa nem pede para fazer um painel frisado, eu faço por minha conta e quando o cliente vê, se surpreende e gosta bastante do resultado, porque achava que seria todo liso, sem nenhum detalhe”, conta o profissional.
O sentido do traçado também é um importante fator a ser observado, pois impacta diretamente na percepção do ambiente. “Quando ele está na vertical dá a sensação de aumentar o pé direito. Na horizontal ele amplia o espaço longitudinal. E na combinação do horizontal com o vertical ele vai definir muito mais o móvel, então precisaria de mais espaço para ser percebido”, observa Suzete.
Como fazer
Os frisos nos móveis podem ser feitos de várias formas. “O friso é uma linha, tanto em reentrância quanto em saliência, esse efeito pode ser obtido no móvel por meio de usinagem, distanciamento de materiais, aplicação de perfis de alumínio, e também no ambiente, como nas pregas das cortinas e persianas”, elucida Suzete.
Independente da técnica, a professora destaca que por causa da sutileza das linhas e a simplicidade do efeito, ela exige uma precisão técnica na produção e na montagem do móvel. Para realizar frisos por meio de usinagem, os equipamentos mais usados são tupias e máquinas CNC.
“Após a confecção do friso, feita por meio de máquina, seu acabamento poderá ser realizado com pintura, lâmina de madeira, verniz ou encaixando um perfil de alumínio ou de plástico. Normalmente, o friso feito no móvel tem seu formato em U ou V, mas a proporção de largura e profundidade dependerá do tamanho do móvel e do ambiente onde ele será inserido. Ele sempre está associado ao tamanho da ferramenta (fresa) que será utilizada e normalmente necessitará de algum tipo de acabamento, pois ele é o resultado de uma usinagem da superfície do painel”, aponta o instrutor do Senai.
Facilidade
A sobreposição de peças também é outra maneira de obter frisos nos móveis, dispensando o uso de máquinas e usinagem. “Essa técnica é o resultado da sobreposição de painéis com painéis ou painéis com ripas de madeira. Este tipo abre maiores possibilidades de dimensionamento e combinação de padrões”, observa o instrutor.
Trabalhando como marceneiro há quase 20 anos, André Luiz Gregorio defende a sobreposição de peças como uma forma mais prática de obter o friso. “Eu já procurei fazer os frisos de diversos jeitos, mas essa é a forma mais fácil que achei. Normalmente, faço com um fundo de 6 mm e depois colo, intercalando, os painéis (já cortados em réguas), que podem ser de 15 mm ou 18 mm dependendo do tipo de móvel”, conta o profissional que ainda diz que usinar a peça demanda mais tempo, desgasta mais o maquinário e, por consequência, encarece o produto final.
– Mobiliário geek como aposta no setor moveleiro
Para garantir a eficiência do projeto, e saber se combina um friso ou não, é importante analisar bem o perfil do consumidor. Tanto Suzete quanto Gregorio salientam que o friso não é indicado para quem tem problemas com limpeza, pois é um recurso que acumula poeira e requer cuidados mais específicos. Contudo, quando for o caso, uma peça com frisos recebe uma atenção maior, destaca a identidade do móvel e valoriza o ambiente como um todo.
Reportagem originalmente publicada na edição 100 da Móbile Sob Medida