Madeiras alternativas para o móvel de madeira maciça

Confira diferentes tipos de madeiras que podem ser utilizadas para a fabricação do mobiliário de madeira maciça

Publicado em 7 de maio de 2025 | 08:00 |Por: Thiago Rodrigo

Reportagem originalmente publicada na Móbile Sob Medida 107 em 2017
Pessoas e cargos desta matéria consideram os profissionais da época da publicação

Em um mercado no qual os painéis de madeira em MDF e MDP são dominantes na construção dos móveis, sendo usados crescentemente neste século devido à facilidade de corte e montagem, as madeiras maciças ainda sobrevivem para a elaboração de um mobiliário mais fino e trabalhado. Utilizadas para peças de um público seleto de consumidores, elas permitem itens em curvas e recortes que, fixadas com cola e encaixes, resultam em peças de alta durabilidade.

E são muitas as variedades de madeiras que podem ser empregadas para a fabricação de móveis, todas com suas vantagens e desvantagens, que também consideram o preço e a disponibilidade no mercado como motivos de escolha. O valor final do móvel, o design e a estética, são outros fatores que se deve considerar para escolher a melhor madeira.

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Para o mobiliário de madeira maciça, as madeiras de reflorestamento são as mais utilizadas. “As madeiras certificadas são as de origem nativa ou cultivadas, cujas extrações possuem manejo com sustentabilidade, as quais recebem o selo de certificação. As principais provenientes do manejo florestal são de pinus, eucalipto e teca”, explica o sócio-proprietário do Ateliê da Madeira, Oscar Shigueyuki Myazaki.

Essas madeiras de reflorestamento são cultivadas em larga escala, pois tem rápido ciclo de desenvolvimento. São do gênero Pinus, como Araucária, Pinus elliottii, Pinus oocarpa, Pinus taeda, entre outros, e as espécies de eucalipto como eucalyptus grandis e eucalyptus cloeziana. “Como exemplo das nativas, há o ipê e o cedro”, destaca o marceneiro. Além dessas, outras mais conhecidas e utilizadas são a Cerejeira, Carvalho, Nogueira, Bétula, Mogno, Abeto, Bordo, Álamo, Castanho, Plátano e Azevinho.

Madeiras alternativas

“As madeiras maciças vem sendo substituídas pelas madeiras alternativas, algumas nobres, obtidas decorrentes da extração de madeiras maciças extraídas durante a derrubada numa área da floresta nativa, as quais não eram conhecidas e/ou aproveitadas”, explica Myazaki.

Entre as madeiras alternativas, as mais utilizadas segundo o professor são as madeiras ditas nobres como Cedro Rosa, Freijó, Imbuia, Cerejeira, Marfim. “São madeiras de média e baixa densidade que facilitam o seu processamento”, explica. Andiroba, Louro-faia, Louro-vermelho, Macacaúba, Muiracatiara-rajada, Muirapiranga, Pau-amarelo, Roxinho, Tatajuba e Tauari são outras opções de madeiras que são produzidas a partir de experimentos com o objetivo de diminuir o acúmulo de demanda e a exaustão das reservas de madeiras maciças e nobres.

Myazaki explica que a substituição e utilização de novas espécies requerem cuidados no processo de seleção da madeira mais adequada para cada tipo de uso, começando por sua identificação. “Atualmente a Faculdade de Ciências Agrônomas da Unesp e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), mantém vários estudos, artigos e outros materiais para consulta sobre o assunto, inclusive avaliação das características tecnológicas, como densidade, resistência a inseto, etc. Caso não seja possível esses passos, a produção corre o risco de incidentes como rachaduras ou empenamento durante ou após a conclusão do processo de construção”, afirma.

Madeira de demolição

O aproveitamento de madeiras de demolição é sustentável e permite a reutilização de madeiras já extintas ou com a exploração, proibidas. “São matérias-primas de alta qualidade e alto valor comercial que permitem a construção de móveis finos. No entanto, requerem todo tratamento da madeira demolida para reconstruir a sua situação natural, eliminando resinas e impurezas”, diz Myazaki.

Entre as madeiras de demolição encontradas estão Peroba, Canela, Jatobá e até Ipê. “Encontramos essas madeiras no sul do Brasil em casas e construções antigas como igrejas, galpões e casarões”, conta o diretor da Madeira de Demolição, Vinicius Zanuto. A empresa realiza a coleta do material e faz a comercialização tanto no produto bruto após o tratamento quanto com uma própria loja de móveis fabricados pela marca. “Isso colabora para a sustentabilidade porque não usa recursos novos e algo que seria jogado fora é aproveitado”, destaca Zanuto. Segundo ele, o marceneiro pode utilizar esse recurso também para apresentar algo mais personalizado. “Pode aplicar de diversas formas em móveis, paredes, pisos e fachadas”, assinala.

Madeira plástica e líquida

A madeira plástica é um produto ecológico produzido a partir da reciclagem de vários tipos de resíduos plásticos e de madeira, garantindo vantagens ao meio ambiente. “Sua utilização é o mesmo que o da madeira, tanto no tocante a ferramentas como na aparência. É imune a pragas, não cria fungos, pois tem baixa absorção de água, não racha, quando aplicada corretamente não empena, não tem farpas, é resistente a corrosão natural, tem vida longa, é 100% reciclável e reciclada e sua aparência é muito similar a da madeira”, explica Myazaki.

Já a madeira líquida é à base de lignina, sendo um subproduto da indústria do papel. “Pode ser misturada a fibras naturais como linho ou cânhamo e o produto final é muito parecido com o plástico, porém é atóxico, podendo ser utilizado inclusive na produção de brinquedos”, explica o professor marceneiro. Segundo ele, a madeira líquida pode ser aquecida ou colocada sob alta pressão para o processamento e moldagem. “É um substituto do plástico e já vem ganhando espaço na indústria moveleira, que pretende oferecer um móvel sustentável com alta tecnologia”, destaca.

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