A importância de montar um planejamento estratégico para reduzir riscos
Profissionais do CGI, Sebrae/PR e Saad Branding+Design comentam sobre a importância do planejamento como auxílio no cálculo de riscos
Publicado em 29 de novembro de 2018 | 08:00 |Por: Luis Antonio Hangai
O controle é fundamental em qualquer atividade que priorize o desenvolvimento e a realização de objetivos e metas. Independente do tamanho da empresa, a dificuldade de sobrevivência em tempos de crise afeta desde o grande fabricante ao pequeno marceneiro, principalmente aqueles que não possuem uma cultura organizacional satisfatória e que não aderem a um planejamento estratégico.
É nessa hora, principalmente, que o destino de uma empresa não pode ser deixado ao acaso, pois, como afirma o coordenador geral do Centro Gestor de Inovação Moveleiro (CGI), Renato Hansen. “O mercado está à deriva neste momento, assim como o cenário político e econômico, mas as empresas não podem ficar na mesma situação. O futuro passa pelo planejamento estratégico, independente do que esteja acontecendo no mundo”.
O planejamento estratégico de um negócio não serve apenas para estabelecer metas de faturamento, mas para blindar a empresa de possíveis riscos, amplificar resultados e aproveitar oportunidades que possam surgir ao longo do caminho.
“O planejamento é essencial, pois faz com que o empresário olhe para o mercado e identifique as potenciais alternativas tanto para problemas como para oportunidades. A participação em feiras, o acesso a materiais específicos, revistas técnicas e grupos de trabalho, isso tudo é muito importante e no momento do planejamento todas essas informações são juntadas de modo a criar um cenário”, explica o consultor do Sebrae/PR, André Basso.
Segundo o diretor da consultoria Saad Branding+Design, Lucas Saad, o planejamento estratégico é uma disciplina essencial para que a empresa não perca o rumo e saiba exatamente qual o seu diferencial e como está se comunicando com seu público.
”A partir disso, são criadas uma série de ações que serão trabalhadas para reforçar esses diferenciais, tanto ações mais defensivas quanto ofensivas, que irão orientar as decisões nos diferentes departamentos para que toda a empresa trabalhe em consonância e consiga canalizar os esforços para uma mensagem única, forte e relevante para o público”, pontua.
Criando o planejamento estratégico
Antes de tudo, é importante separar um horário em sua agenda para montar a sua estratégia de ação. Mesmo que o empreendedor esteja com alta demanda, quanto antes realizar melhor será até mesmo para os projetos já iniciados. “O marceneiro tem que tirar um tempo da rotina diária para pensar o planejamento”, enfatiza Hansen
“Seja sábado, domingo, à noite depois do expediente, o marceneiro tem que encontrar um espaço na agenda, e deve ser feito já, não pode esperar janeiro ou fevereiro. O planejamento tem que ser mais importante do que tudo o que a gente faz na rotina, porque é isso que vai definir o melhor caminho por 2017. Então, é preciso que esteja estabelecido o mais rápido possível”, complementa.
Para Basso, do Sebrae, o planejamento estratégico deve ser feito sob medida para cada empresa. Segundo ele, não existe uma fórmula específica, mas alguns pontos comuns devem ser levados em consideração.
Primeiramente, é preciso olhar para o mercado e verificar os pontos que influenciam sobre o negócio, como comportamento do público, concorrentes, fornecedores, leis.
Em seguida, é necessário olhar para dentro da empresa com base nas informações coletadas anteriormente e verificar se a empresa está preparada para atender esse mercado, se a equipe está bem treinada, se os processos internos são adequados.
Por fim, o último passo é o empreendedor olhar para si mesmo, fazer uma autoavaliação do seu comportamento em relação à empresa e ao mercado. “Muitas vezes processos e oportunidades são perdidas mais por um comportamento do empresário do que de fato de uma deficiência da empresa ou do mercado”, destaca o consultor do Sebrae.
Lucas Saad destaca que os processos de sua consultoria são semelhantes, apenas em uma ordem diferente. “Os quatro principais pontos que nós trabalhamos são, primeiro, conhecer a empresa, saber de onde a empresa veio e para onde quer seguir e os pontos fortes e fracos.”
“Em seguida, entender muito bem o público, seus hábitos de consumo, forma como esse público se comunica, o que é importante para eles. Outro ponto é conhecer os concorrentes, saber quais os pontos fortes e fracos destes para poder tomar algumas decisões”, comenta.
O profissional complementa: “Por último, estar sempre observando o cenário do mercado de atuação e pendências referentes a esse cenário. Com isso se consegue antecipar algumas decisões e preparar a marca não apenas para o curto prazo, mas também em médio e longo prazo.”
Com esta coleta de informações, de acordo com Saad, o empreendedor deve cruzar os dados e definir claramente o seu diferencial se perguntando, por exemplo, “o que eu posso oferecer que é um desejo do meu público, que não é atendido de forma eficiente pelos meus concorrentes e é uma oportunidade de mercado?”. A partir de então é preciso planejar ações de comunicação no site da marcenaria, mídias sociais ou outros meios, que reforcem este diferencial para o público.
“Pelo que a gente conhece desse mercado, o atendimento, sem desvincular a qualidade do produto, é uma parte bem importante na fixação da marca. Mas o diferencial também pode ser um serviço específico oferecido pelo marceneiro. É preciso ser consistente no seu posicionamento. A sua principal promessa precisa ser coerente com aquilo que está sendo entregue. A partir disso, é criada uma percepção positiva sobre a sua marca, que não vai ser mais só uma logo, mas todo um conjunto de percepções que as pessoas têm em relação a sua empresa”, completa.
Coletando informações
Atualmente, a coleta de dados não precisa ser feita por um especialista. O comportamento do público na página do Facebook da empresa, por exemplo, pode dar um recorte de quem é este cliente. Do mesmo modo também pode ser verificado o comportamento e as estratégias dos concorrentes.
Outras fontes de informação são organizações e entidades de classe que podem oferecer um cenário mais amplo do mercado. A participação em feiras também é uma ótima forma de verificar tendências e entrar em contato direto com fornecedores. Segundo Basso, hoje em dia não existe carência de informação. “Na verdade, o problema que lidamos é o excesso, como identificar se tal informação é boa ou não”.
– Todoist: opção de ferramenta para organizar as tarefas da marcenaria
Por outro lado, essa atividade também pode ser uma carga pesada para o empreendedor. Para auxiliar nesta questão, o Sebrae tem projetos em todo o Brasil, com atuação setorial, que podem auxiliar o marceneiro a estruturar o planejamento estratégico. Outra dica, segundo Hansen, é o marceneiro formar um grupo com outros empreendedores do seu segmento e buscar um especialista no mercado para que juntos possam construir uma caminhada, olhando individualmente para suas empresas mas com esforço coletivo no planejamento, na visualização de mercado.
Reportagem originalmente publicada na edição 101 da Móbile Sob Medida