Sem tempo ruim para os móveis sob medida de luxo
Móveis sob medida de luxo são beneficiados por uma clienta que valoriza e paga por produtos exclusivos
Publicado em 3 de outubro de 2018 | 08:00 |Por:
Móveis sob medida de luxo com peças únicas e exclusivas e feitas sob encomenda são segredos do sucesso do Ateliê de Móveis Américo Neves, localizado em São Paulo (SP). O proprietário, que dá nome à marcenaria, soma mais de quatro décadas de atuação no mercado e vem de uma família centenária no ofício. “Nossas peças seguem a marcenaria tradicional, com peças entalhadas a mão, com revestimento de folhas de radica natural, acabamento ou detalhes em folha de ouro ou prata, além do couro e do uso de madeira certificada”, conta Neves.
Ele atende famílias tradicionais da capital paulista, mas em todo o País existe espaço para a atuação com móveis sob medida de luxo: o segmento de móveis e decoração de luxo movimenta em média R$ 7 bilhões ao ano, de acordo com as informações do Boletim de Tendências sobre Móveis de Luxo do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). O documento aponta ainda os aspectos que caracterizam um móvel do segmento – e as marcenarias conseguem atender à maioria deles (confira o box no link ao final da reportagem).
Os clientes da Américo Neves, como ele mesmo define, vão em busca da verdadeira “Alfaiataria em Movelaria”, onde o “sonhar é infinito”. “Há tecidos assinados que chegam a custar US$ 12 mil/metro, mas as peças produzidas com a matéria-prima que utilizamos vai durar toda uma vida e os clientes sabem disso”, enfatiza. “E há infinitas possibilidades para agregar valor, incluindo pedras preciosas cravadas aos móveis”, completa.
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Sobre a dúvida se o mercado de móveis sob medida de luxo pode continuar a crescer no Brasil, o consultor especializado no segmento, Carlos Ferreirinha, acredita que sim. “Definitivamente o brasileiro sofisticou seus hábitos de consumo, tornou-se mais exigente e bem mais atento. Elevou seus padrões de expectativas e teve exposto no mercado doméstico no que chamamos de uma vasta ‘premiumnização’”, escreveu em um artigo em meados do ano passado. “Os brasileiros gostaram dessa aventura e não estarão dispostos a abrir mão dessas conquistas. Não somente consumimos, mas gostamos de consumir e principalmente, aprendemos a consumir.”
De fato, a busca por condomínios de luxo cresce a cada ano no Brasil, de acordo com informações da construtora A. Yoshii, o que abre espaço para a produção de móveis sob medida de luxo. Um estudo realizado por um portal especializado no segmento dá conta de que a demanda cresceu 32% em 2015, quando comparado ao ano de 2014.
Fortaleza (CE) foi a capital que apresentou o maior aumento de buscas por condomínios de luxo, com acréscimo de 92% pela procura por imóveis de alto padrão. Curitiba (PR), onde a construtora com origem no Norte do Paraná abriu mercado em 2015, vem na sequência, com 70% de aumento, seguida de Porto Alegre (RS), com 67%, e Florianópolis (SC), 62%.
Por isso, o marceneiro paulistano não deixa de acreditar em aquecimento maior do mercado nos próximos anos. Segundo ele, o móvel de luxo vem sendo explorado também por marcas internacionais famosas como Ralph Lauren, Armani e Versace, entre outras. “Mais brasileiros ainda devem começar a investir em seus lares e se preocupar com o design de interiores como já acontece na Europa. Já tivemos o aumento do consumo de automóveis, moda e a casa é o próximo passo”, avalia Neves.
É com esse futuro promissor em mente que o Atelier Américo Neves trabalha no projeto de uma ONG para formar jovens no ofício da marcenaria europeia. “Temos certeza de que, em breve, sentiremos a carência da mão de obra especializada na produção de moveis a mão, como havia à disposição antigamente, formada pelo Liceu de Artes e Oficio. Amamos o que fazemos e sabemos temos que passar adiante a marcenaria artística.”
De acordo com informações encontradas no site da Associação Brasileira das Empresas de Luxo (Abrael), o País gera um novo milionário a cada 24 horas e um novo bilionário por semana, em termos de moeda local. E há 165 mil cidadãos possuindo mais de R$ 1 milhão e 164 pessoas com bilhões em suas contas bancárias.
Reportagem originalmente publicada na edição 96 da Móbile Sob Medida