Abimóvel promove 2º Mulheres e Conexões

Mulheres já lideram metade dos lares brasileiros e Abimóvel discute reflexos e impactos dessa nova dinâmica na economia, na sociedade e na indústria

Publicado em 11 de novembro de 2024 | 09:45 |Por: Thiago Rodrigo

A ascensão das mulheres como chefes de família no Brasil – uma mudança histórica retratada pelo Censo Demográfico 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) – sinaliza não apenas maior independência econômica, mas também uma transformação no empreendedorismo, no mercado de trabalho e no consumo no país, já com implicações profundas na economia e na sociedade. Hoje, praticamente metade — 49% — dos lares brasileiros são liderados por mulheres, um salto considerável em relação aos 38,7% de 2010.

Neste contexto, o evento “Mulheres e Conexões”, organizado pela Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário) em parceria com a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) e o Conselheiras, chega no dia 11 de março de 2025 à Curitiba (PR) como um espaço de debate e fortalecimento do papel feminino na indústria e nos negócios.

Com uma programação que envolve lideranças em diversas áreas, o evento visa catalisar mudanças e dar voz às questões de equidade e acesso relativas à participação feminina na economia, reconhecendo a necessidade de fortalecer a autonomia e o espaço das mulheres no mercado.

Produção de móveis cresce em setembro

Afinal, vale ressaltar que apesar de avanços positivos, tal dinâmica revela também desafios significativos, com muitas das mulheres assumindo a liderança das famílias devido a circunstâncias adversas, como a ausência de parceiros, divórcios ou a morte de cônjuges (maior entre homens), frequentemente encontrando-se em uma “feminização da pobreza”.

Esse cenário é agravado por disparidades salariais, colocando a população feminina em maior vulnerabilidade econômica. Além disso, a maior responsabilidade no lar não vem acompanhada de uma redistribuição de obrigações domésticas, limitando por vezes a capacidade de engajamento pleno no mercado de trabalho e progresso em suas carreiras, conforme também destacado pelo relatório do IBGE. Em média, as mulheres dedicam quase o dobro de horas semanais a essas tarefas em comparação aos homens.

Além disso, as mulheres tendem a liderar uma maior proporção de unidades domésticas estendidas, com 18,8%, em comparação com 12,1% para os homens. Indicativo de que elas frequentemente gerenciam lares maiores que incluem mais membros da família além do núcleo imediato, contrastando com a predominância de lares nucleares entre a população masculina (67,6%). Essa configuração sugere uma dinâmica doméstica complexa e extensa.

2º Mulheres e Conexões

O panorama reforça, portanto, a importância de iniciativas como o “Mulheres e Conexões”, que visam tanto a valorização do protagonismo feminino quanto a discussão de políticas públicas e empresariais que promovam maior equidade de gênero. “O Mulheres e Conexões é pensado para ser mais do que um fórum de debates; queremos que ele seja um ponto de virada para empresas e profissionais que reconhecem o valor da diversidade como pilar de crescimento. A programação inclui palestras, talks e networking, oferecendo um espaço para que as participantes compartilhem experiências, estabeleçam conexões e fortaleçam suas habilidades”, fala a diretora-executiva da Abimóvel, Cândida Cervieri.

Em um contexto em que o empreendedorismo feminino no Brasil atinge níveis recordes — o Monitor Global de Empreendedorismo mostra que 54,6% das potenciais empreendedoras no país são mulheres —, eventos como este se tornam essenciais para impulsionar ainda mais essa evolução.

“Integrar mulheres plenamente em todas as esferas econômicas é fundamental não apenas para o crescimento do país, mas também para fortalecer a capacidade de inovação no Brasil. Afinal, a diversidade não só de gênero como também de idades, etnias, entre outros pontos, contribui para uma maior riqueza de ideias e ações”, complementa Cândida.

Tomada de decisão de compra

Um estudo realizado pelo Instituto Mulheres do Imobiliário aponta que 21,1% das mulheres decidem sobre a aquisição de imóveis sem a influência de seus parceiros, em comparação a 12,4% dos homens. Elas também são responsáveis pela imensa maioria das decisões de compra relacionadas à casa, incluindo os móveis.

Apesar disso, quando falamos na indústria, as mulheres respondem ainda por apenas 25% da força de trabalho no setor produtivo no Brasil. É fato, contudo, que nos últimos anos a participação de profissionais do gênero feminino em cargos de gestão e liderança tem crescido.

A cada dez indústrias aqui no Brasil, seis alcançam algum nível de igualdade por intermédio de políticas de promoção de igualdade de gênero. Os dados são do Observatório Nacional da Indústria da CNI (Confederação Nacional da Indústria). Entre os instrumentos mais usados pelas empresas estão a política de paridade salarial (77%), a proibição de discriminação em função de gênero (70%), os programas de qualificação das mulheres (56%) e o estímulo à ocupação de cargos de chefia (42%).

Irineu Munhoz é reeleito presidente

As empresas que adotam tais práticas relatam benefícios que vão desde uma cultura organizacional mais saudável até uma maior eficiência nas negociações. Em seu artigo para o Estadão Imóveis, Elisa Rosenthal, presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário, reforça que no ambiente de trabalho, mulheres em cargos de liderança estão moldando novas perspectivas no setor: “Elas tendem a ser mais detalhistas, empáticas e eficazes na comunicação e negociação, fatores que ajudam a fechar negócios de forma mais eficaz e a criar um relacionamento de confiança com os clientes”.

No setor moveleiro, onde as mulheres já lideram a maior parte das decisões de compra para o lar, essa representatividade feminina também na indústria, em posições de gestão e decisão, é vista como uma oportunidade estratégica para o crescimento da área.

Para a Abimóvel e seus parceiros, embora o caminho pela equidade ainda enfrente obstáculos, o crescente poder de decisão das mulheres aponta para a possibilidade de um futuro mais equilibrado e dinâmico, moldando um mercado de trabalho e um setor industrial que realmente reflitam o potencial feminino para transformar não só lares, mas também a economia e a sociedade como um todo.

Receba nossa Newsletter

    Matérias Relacionadas

    Mais Lidas