Pesquisa mostra os principais desafios dos empreendedores
88% dos empresários do País só deverão retornar ao ritmo normal no longo prazo, ou seja, os resultados deverão começar a aparecer ao final de 2021
Publicado em 12 de agosto de 2020 | 07:00 |Por: Cleide de Paula
Pesquisa da Boa Vista mostra os principais desafios dos empreendedores no cenário da pandemia. O estudo realizado em junho de 2020 com empresários, de todo o Brasil, demonstra que, pouco mais de três meses após o início da crise ocasionada pelo novo coronavírus, a fotografia do cenário atual é de cautela e pouco otimismo. 57% das empresas acreditam que vai demorar seis meses ou mais para a recuperação dos negócios. A forte retração das vendas (77%) reflete negativamente no faturamento de 78% das empresas e de 76% no fluxo de caixa. A pesquisa ouviu 1.260 empresários dos setores indústria, comércio e serviços.
No que se refere ao quadro de funcionários, mesmo com a crise, 59% das empresas informam que não demitiram. Por outro lado, apenas 3% delas contrataram e 38% diminuíram o quadro funcional, principalmente no setor da indústria e nas médias e grandes empresas. As principais ações para diminuição de quadro foram: demissão (50%), suspensão temporária de contrato (26%) e redução da jornada (24%).
O levantamento feito pela Boa Vista também constatou que honrar os pagamentos é um dos principais desafios dos empreendedores no momento. Em média, 45% das empresas estão pagando apenas parte de seus compromissos. Os micro e pequenos empresários são os que mais vêm sofrendo esse impacto, pois o fluxo de caixa dos mesmos é naturalmente menor.
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Busca por crédito
Outro desafio dos empreendedores é o crédito. Em média, 39% das empresas buscaram por apoio financeiro, inclusive, em mais de uma instituição. Os bancos privados foram os mais procurados (40%), seguidos de instituições públicas (21%) e procura por familiares e amigos (14%).
Perguntados sobre obtenção de crédito, 49% dos empresários já conseguiram ou estão em vias de receber o crédito solicitado. Mesmo assim, quase metade não obteve sucesso nesta busca (51%). Entre os fatores estão o desconhecimento dos programas do governo (24%) e as exigências impostas (23%), aquém das possibilidades principalmente das PMEs.
Para 38% das empresas que adquiriram empréstimo, os recursos serão destinados para alavancar o capital de giro e 37% disseram que o destino será o pagamento de dívidas. Mesmo conseguindo o crédito, para 78% das empresas, o valor concedido será insuficiente para “cobrir” todas os compromissos financeiros.
Vendas on-line e delivery
Os aplicativos e as redes sociais passaram a ter um papel crucial nos últimos três meses. No total, 83% das empresas consultadas afirmam que estão utilizando essas ferramentas para incremento nas vendas.
Desde o advento da crise, 45% das empresas procuraram se adaptar à nova realidade e 69% afirmam que as ações tomadas serão permanentes no futuro. Entre as iniciativas implantadas diante do atual cenário, incluem-se as vendas on-line e o delivery. No setor da indústria, bem como em empresas de médio e grande porte, destaca-se o home office como ação de “adaptação e sobrevivência”, e consequente redução de custos.
Outro dado importante é que 47% dos empresários procuraram por novas tecnologias que trouxessem mais clientes, mas ao mesmo tempo 62% continuam em busca de soluções para reduzir a inadimplência. Já no que se refere a oportunidades geradas durante a crise, apenas 16% das empresas afirmam ter obtido alguma vantagem para os negócios.
O levantamento feito pela Boa Vista também constatou que para 88% dos empresários do País só deverão retornar ao ritmo normal no longo prazo, ou seja, os resultados deverão começar a aparecer ao final de 2021. E 68% das empresas ainda requerem apoio para conseguir sobreviver e 85% anseiam por conseguir crédito com menos burocracia.
Metodologia
A Pesquisa ‘Fotografia atual dos negócios, acesso aos programas de apoio aos empresários e perspectivas de recuperação’ foi realizada pela Boa Vista em junho, com 1.260 empresários, representantes dos setores do comércio, indústria e serviços, de todas as regiões do Brasil. Para a leitura dos resultados considerar cerca de 2 p.p. (pontos percentuais) de margem de erro e 90% de grau de confiança.
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